Conselho

Hipoteticamente, você, querida leitora, está acima do peso. Não importa quanto nem porquê; imaginemos apenas que este indesejado excesso acumule-se em seu abdômen de tal modo que, dependendo da roupa, da cor usada, do ângulo de visão ou da imperícia de quem olha, você possa parecer grávida (ainda que de pouco tempo, claro). Se isto desafortunadamente acontecer e alguma alma gentil lhe oferecer lugar no metrô ou no ônibus, não vacile! Sente-se. Isso, sente-se. Não se sinta derrotada, não fulmine o vivente com o olhar e nunca, jamais, recuse. Eu sei, eu sei que sua mãe ensinou você a não mentir. E também a não se aproveitar da bondade alheia. Sim, eu sei que é feio. Mas vai por mim: aceitar é melhor pra todos, ou é o mal menor. Porque se você recusa, segue-se uma cascata de eventos desagradáveis:

1) a alma caridosa insiste (porque almas dessa espécie sempre insistem);
2) você recusa;
3) a criatura percebe que você não está grávida, mas gorda, e fica passada;
4) você constata que está gorda, e fica passada;
5) pelo menos mais uma pessoa vê tudo e percebe que você está gorda e que o outro, querendo ser gentil, deu o maior fora;
6) vocês três ( se forem só 3 os envolvidos, a melhor das hipóteses) passam o restante do trajeto evitando se olhar, com aquela cara de culpado de quem solta pum silencioso;
7) você continua em pé.

É só uma hipótese, mas vai por mim: senta. Sorri, senta e enfia a cara no jornal, ou faz que tá cochilando – pra não ter que desenvolver a mentira (vai que é daquelas donas ”simpáticas” que resolve saber detalhes da gravidez?) Eu sei o que a sua mãe falou, a minha também disse o mesmo. Mas nesse caso, a sinceridade só faz deixar todo mundo vexado, com a melhor das intenções e a pior das conclusões. Senta. Dos males, o mais discreto.

Helena Costa

2:04 AM

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Conservadores e trabalhistas

Ninguém se importa de ver um conservador gastando seu dinheiro e se divertindo, porque os contribuintes logo pensam que o dinheiro é dele mesmo! – mas, quando o sujeito é trabalhista, acham que é o dinheiro deles que ele está gastando!

Agatha Christie(!!!), mais atual que nunca.

-Monix-

Praga

Brinde é a praga da década. Lanchonete tem que ter brinde, festa tem que ter brinde, até sucrilhos tem que ter brinde, senão, não serve.
Sábias palavras da minha amiga Renata.

– Monix –

Para Helena

Camões, delivered by Renato Russo, explicou que amar “é ter com quem nos mata, lealdade”. É isso.

-Monix-

Refrescando a memória


Por que é mesmo que os filhos não devem dormir na nossa cama, heim?

Eu perguntei isso aqui neste blogue, num post entitulado Amnésia temporária, há quase um ano. Naquela época eu já tinha algumas respostas, mas quis ficar só com a parte boa, como quem come chocolate sem pensar nas calorias.
Estava criado um gancho para um post resposta, imprescindível. Era preciso, para ser honesta comigo mesma e com os leitores, e fiel a um precioso preceito mothern, segundo o qual ser mãe é lindo, mas também é foda. Portanto, aí vão algumas repostas à minha própria pergunta:

– Porque uma vez na sua cama, seu filho dorme como um polvo relaxado (e não como aquele embriãozinho enroscado em concha);

– Porque ao dormir, as crianças estranhamente adquirem o dobro do seu peso e altura, ocupando um espaço inacreditável e elevando a incidência de chutes, braçadas, puxões de cabelo e quetais – e você não pode revidar, claro. Nem reclamar. Afinal, é seu filho – e ainda por cima está dormindo.

– Mesmo que ele seja um pequeno fofo de meses, que dorme quietinho num perímetro limitado, você trava instintivamente seus movimentos – e o medo de esticar a perna e quebrar o braço do inocente, esmagar um dedinho?

– Porque sua vida sexual sofre abalos suficientes depois do nascimento de um filho. Colocar o próprio entre os dois, literalmente, não ajuda.

– Porque crianças não compreendem ‘olhos fechados = pessoa dormindo’. Eles precisam se certificar, e para tanto, freqüentemente te acordam pra perguntar se você está dormindo. A Júlia já desenvolveu uma técnica mais cínica: faz todos os barulhos, movimentos e pedidos possíveis. Quando você finalmente desiste e abre o olho, ela pergunta, entre surpresa e contente: “Mamãe, você cordô?!” Como se não tivesse nada a ver com isso, a ré. Às vezes eu respondo :”E eu tenho escolha?”

– Porque às vezes a gente acorda de mau humor, tem insônia, chega a TPM, é segunda-feira, já desperta pensando no trabalho e simplesmente não consegue ver poesia no fato de ter alguém ao teu lado te solicitando atenção quando você ainda nem fez xixi. Aí você responde mal, resmunga qualquer coisa, ou até briga. Aí cai em si e adiciona culpa à lista de mazelas descritas no início do parágrafo.

– Porque às vezes, como nós, por razões desconhecidas, crianças acordam mau-humoradas, manhosas e, horror dos horrores, chorosas. Acordar com um choro injustificado de criança deveria nos dar um bônus qualquer durante o dia (duas horas de répiauer, almoço com as amigas, uma roupa nova…).

– Porque crianças recarregam em 220v durante o sono e vão de 0 a 150 em 15 segundos; pais em geral precisam de tempo para esquentar o motor – isso quando a bateria não está arriada. O choque é inevitável.

Ah, e tem as razões psicológicas, que eu suspeito que tem a ver com independência, individualização, mas confesso que não domino. E outras tantas que você lembrar, sugerir ou inventar ali embaixo, nos “Comments”. Fique à vontade.

Helena Costa

Tempos (Pós?) Modernos

Na internet nada se cria, tudo se reenvia.

Reenviado do LV do Mothern, no qual a Meg deixou essa pérola .

|-|- Monix-|-|

Presença de espírito

Pergunta de uma criança para o escritor Luis Fernando Verissimo, na tenda infantil, a Flipinha:(Coluna do Ancelmo Gois n’ O Globo, 11/07/05)

– Você gosta de suco de uva?

– Só quando ele já fermentou um pouco mais – respondeu Verissimo, o queridinho absoluto do público em Paraty.

É por estas e outras que eu só me refiro a ele como “meu rei”, este maravilhoso vocativo baiano que mistura com precisão reverência e carinho.

Helena Costa

Com a palavra, Marina W:

Chama o ladrão, chama o ladrão Ontem eu fui ao centro da cidade e assim que cheguei na Primeiro de Março vi um cara correndo, fugindo de um assalto que tinha acabado de cometer. Ele corria em S e pulava os obstáculos que haviam pela frente. Era um homem mulato, um pobre coitado, que roubou um celular. Dois policiais conseguiram pegá-lo e uma multidão ficou em volta, gritando: mata, bate, espanca, tem mais é que matar, dá uma surra, acaba com ele, chuta, lincha, mata, mata esse cara. Eu tb entrei na roda e vi o homem acuado, sentado no chão. E comecei a gritar tb, “Não bate nele! Não bate nele!”. Fui mal recebida, um sujeito do meu lado falou “Se fosse seu celular eu queria ver”. Um outro disse: “Se tivesse roubado o meu, de mil reais, eu mesmo fazia questão de matar”.

Se fosse um assassino, um desses caras cruéis que andam por aí, eu ficaria na minha. Eu não gritaria mata, mas no fundo ia querer que ele morresse. Mas dava pra notar que era um cara, apenas um cara, e nem era jovem. Por que ele roubou aquele celular? Pra comer? Pra alimentar sua família? Pra comprar drogas? Não sei. Se fosse o meu telefone com certeza eu ficaria furiosa sim. Mas eu não gostaria que espancassem o ladrão. Eu gostaria que ele fosse levado à delegacia e fosse preso e ficasse na cadeia o tempo previsto pra quem pratica um crime que, se comparado com tantos que acontecem diariamente, não é dos mais terríveis.

É certo que existem pessoas que torcem pela desgraça alheia, mas acredito que, mesmo inconscientemente, aquela gente não estava querendo matar aquele homem. Me parece bem óbvio que ele era apenas a representação de uma coisa que ninguém suporta mais: nossa insegurança diária; o descaso do governo com a nossa nossa cidade.

Marina W

Matemática da corrupção


Chegou por e-mail, de fonte anônima, obviamente, e é claro que é uma bobagem. Mas achei engraçado:

FAÇAM AS CONTAS…(sic) Então, vamos imaginar que os deputados aceitassem receber em dias
diferentes. Quão generoso deve ser o que ficou com a última remessa. Mas, vamos em frente.
Seriam dez visitas ao Palácio por mês, sempre se encontrando com os dirigentes do PL e do PP. Tudo isso, no maior sigilo.
A semana tem cinco dias úteis, o que obrigaria Delúbio a ir diariamente ao Planalto por duas semanas consecutivas, todos os meses do ano, sem levantar suspeitas. Mas, como se sabe que a semana de Brasília tem apenas três dias, isso se estenderia por mais uma semana. Três semanas no mês, o tesoureiro do PT, que não tinha cargo no Governo, entrando com uma mala e encontrando-se com dirigentes de partidos da base aliada, que também deviam portar malas. Claro! Se o cara entra na sala
delubiana sem mala e sai com uma, é um mico de proporções assustadoras.
Além do que, esta operação implicaria na compra de dez malas iguais por mês, a um custo de aproximadamente mil reais cada uma. Um terço de mensalão, só em malas.
E de onde viria tanto dinheiro?
Segundo Karina Sommagio das empresas de Marcos Valério, um corruptor tão ingênuo que deixa seu Office-boy, que deve ganhar menos de quinhentas pratas ao mês, sacar em dinheiro das contas da empresa um milhão de reais e vir tranqüilão, com três valises, ou uma grande mala pelas ruas de Belo Horizonte, uma cidade sem nenhuma violência e com os Office-boys mais honestos do mundo, pois, embora trabalhem para corruptores de deputados, jamais pensaram em sacanear seus patrões e fugir com a grana direto pro Aeroporto da Pampulha, morrendo de rir do babaca do patrão que não pode nem dar queixa à polícia…!!!
Senhores, essa história tem mais furos do que queijo suíço e só há uma explicação para a imprensa não ter parado para fazer essa conta: jornalistas não sabem matemática.
Por isso, prestaram vestibular para Comunicação Social.
Viva a Engenharia!

Estudantes de Engenharia estão divulgando esse texto, que além de bem-humorado, faz algum sentido.
Use seu senso detetivesco e acompanhe com eles as investigações sobre “O CRIME DA MALA”.
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O CRIME DA MALA

Segundo Roberto Jefferson, o mensalão do PT era transportado em malas. Primeira questão: você transportaria uma alta quantia de dinheiro em uma mala enorme, com todo o ar de coisa suspeita?
Numa discreta valise de executivo, talvez. Uma destas valises mede 40cm de largura por 35cm de comprimento, tendo em
torno de 5cm de profundidade. Uma nota de 50 ou 100 reais em 12cm X 6cm, logo, uma valise comportaria com segurança quatorze maços de quinhentas notas o que equivale a sete mil notas.
Ainda, segundo Roberto Jefferson, o mensalão era de trinta mil reais, o que em notas de cem daria um pacote de trezentas notas.
Levando-se em conta que esse dinheiro não poderia ser depositado em conta corrente, o jeito era levar pra casa e ir gastando.
Você já tentou trocar uma nota de cem?
Bem, trocar trezentas notas de cem não deve ser fácil , mesmo para um deputado. Então vamos supor que o mensalão fosse pago em notas de cinqüenta.
Jefferson disse que a bancada do PP, que é composta de 53 deputados, e a do PL, com 55, recebiam o mensalão de 30 mil reais. O que dá um total de 108 mensalistas, recebendo a quantia de três milhões, duzentos e quarenta mil reais por mês, o que em notas de 50 equivale a 64.800 notas, que seriam então transportadas em nove malas, já que cada mala carrega sete mil notas.
As malas iriam então com trezentos e cinqüenta mil reais, ou seja dez deputados e 1/6 de um. Como não existe alguém 1/6 corrupto, vamos assumir dez malas, para juntar numa mais vazia os pedaços de corruptos que sobram.
Ainda segundo Jefferson, o pagamento aos dirigentes de partidos era feito numa sala ao lado da sala do Chefe da Casa Civil, em pleno Palácio de Governo, por Delúbio Soares, que não ocupava cargo nenhum no mesmo Governo.
Delúbio levaria todos os meses dez malas para dentro do Palácio, para entregar a dirigentes de partidos. Tudo isso discretamente, sem chamar a atenção de ninguém.
Delúbio só tem duas mãos. Também não seria muito simples entrar no Palácio com alguns carregadores ou com um daqueles carrinhos de aeroporto, logo, ele poderia transportar – no máximo- duas malas, o que já seria muito suspeito. Alguém anda por aí com uma mala de executivo em cada uma das mãos, sem que ninguém repare?
Delúbio teria de entrar então, discretamente. Com uma mala de cada vez. O que daria dez viagens num mesmo dia. Impossível passar desapercebido.

-Monix-

Rascunhos de pensamentos (ou: o cérebro ainda está de férias)

1) Eu sei que nada, nada, nada, justifica o mar de lama. E que há algumas provas irrefutáveis de corrupção, ou, no mínimo, grave quebra de ética. Mas que por trás de tudo isso tem um leve fedor de complô… ah, tem.
2) O mais triste é constatar que, sim, a direita tinha razão e o PT não estava preparado para governar o Brasil, mas no seguinte sentido: para governar esse país é preciso ter proficiência na roubalheira. E isso, está evidente, o grupo que nos governa não tinha. São amadores.

-Monix-

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