M.P.B.

A previsão era de que a semana de comemorações do meu niver (ainda essa assunto, lôca?!) seria encerrada no sábado, na Feijoada da Velha Guarda da Portela. Um tempo zangado e instável desmobilizou o programa, mas não a derradeira celebração.

No sábado à noite estive no Estrela da Lapa (que eu cismo de chamar de Dama da Noite) para o show da luminosa Paula Lima. Uma diva paulistana com uma voz bonita até dizendo ‘puta merda’ (que ela não disse, claro). Que ela tem um vozeirão e um excelente repertório eu já sabia – e que era linda, também. Mas isso basta aos olhos e ouvidos, para um show é preciso mais: presença de palco, carisma, interação/sedução com a platéia – além do auxílio luxuoso de uma banda competente. Pois Paula Lima esbanjou tudo isso e, como se não bastasse, ainda rolou assim, de bônus, uma canja de ninguém menos que Sandra de Sá. Resultado: todo mundo se acabando de dançar e o que era um show virou um bailão (e eu, como boa suburbana, adoro um baile). Um luxo só.

E ali, dançando horrores e cantando muito ”Sarará crioulo’, dei-me conta de que, afinal, terminei a semana como o previsto: com MPB da melhor qualidade – Música Preta Brasileira.

Helê, com o Cabôclo Postadô

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Entreouvido

Pessoa otimista: – Ah, eu, no fundo, no fundo, tô magra…
Pessoa na dúvida: – No fundo onde, exatamente?
Pessoa compreensiva: – No fundo do coração…

Helê

Uma mulher sem um homem é como um peixe sem bicicleta.

Vi a frase num imã e apaixonei na hora. Entre outras coisas porque me fez rir e eu, como reza a canção, respeito muito minhas risadas. Pensei em dar pra um casal de amigas, muito queridas, mas logo percebi que não era o caso, não exatamente. Não havia ali uma defesa da homossexualidade, mas um brevíssimo libelo contra o paternalismo e a dependência (uma via de mão dupla, inclusive, porque a frase continua verdadeira se trocarmos os substantivos de posição). O fato é que o lado feminista falou mais forte, eu comprei o imã e o colei, feliz e faceira, na geladeira lá de casa. Na manhã seguinte, ao entrar na cozinha eu encontro meu marido ao lado da geladeira, quase pregado como um outro imã. Só que a frase era: ”Quer dizer que eu não tenho utilidade nenhuma?” Tentei argumentar, apelando pros princípios liberais e libertários dele – que não são poucos – mas não houve jeito. Ele tomou a questão como pessoal e, para o bem do casamento, eu retirei o artefato da geladeira.
Mas não me dei por vencida e decidi testar se a atenção do meu cônjuge era igualmente dirigida para afagos tanto quanto para supostas provocações. E na semana seguinte a geladeira passou a ostentar um verso de Caetano: “Seu corpo combina com meu jeito“. Esperei dias, e diante do silêncio, tive que mostrar:
– Você não viu o imã que comprei pra você?
E ele, sorrindo surpreso: – Não, era pra mim?
E eu, sorrindo possessa: – Não, claro que não, evidente que era pra empregada, oras!


Helena Costa

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