Interferência
Agora é tarde, Inez é morta, provavelmente a tiros, mas o debate vai continuar depois do referendo. E como muita gente se queixou que o referendo foi confuso, sugiro que da próxima vez que consultarem a população sobre o assunto simplifiquem a pergunta, colocando-a em termos corriqueiros, de experiências pessoais como as que estão todos os dias nos jornais, e que qualquer um entenderá. Por exemplo: se você fosse a mãe de um rapaz morto com um tiro numa briga de torcidas, preferiria que fosse mais difícil alguém ter acesso a armas como a que matou seu filho ou que seu filho também tivesse acesso a uma arma para poder se defender? Não é uma pergunta sentimental ou injustamente armada para favorecer um lado, eu até tenho dúvidas sobre como as ”mães” hipotéticas responderiam. Mas a questão é, ou era, simplificada, exatamente esta.
Luis Fernando Veríssimo, n’ O Globo de 23/10/05
# Referendo: “sim” vence nos bairros mais violentos de São Paulo
(…) Apesar de ter vencido em 44 das 47 zonas eleitorais da cidade de São Paulo, o “não” à proibição do comércio de armas de fogo no país perdeu nas três áreas mais violentas da capital paulista. Esses bairros também apresentam os menores índices sociais do município.
No Grajaú, zona sul da cidade, por exemplo, 51,22% dos moradores votaram pelo fim da comercialização. Lá, ocorrem mais de 85 mortes para cada cem mil habitantes.
Segundo levantamento do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo, o “não” chegou a conquistar, no Jardim Paulista (uma das regiões mais ricas da cidade), 68,34% dos votos válidos. Dados da Fundação Seade do ano de 2000 revelaram que esse bairro abriga a grande maioria dos domicílios que recebem acima de 10 salários mínimos, ou seja R$ 3 mil.
De Brasília, da Agência Notícias do Planalto, Sofia Prestes, 24/10/05
Helê
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