Hai cai quase que cai

Pela graça alcançada
Valeu,
(São Judas) Tadeu!

Helê, devota debochada

Est arrivé!

Ó, vou ali ler meu Harry Potter, quando terminar eu volto, valeu?
Fui!

Helê

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Jabás – alheio e pessoal

Carinho – é quando a gente bota o coração na mão e passa na cara da mãe.
Rapidez – é uma coisa que eu tenho. Quando minha mãe grita ”não faz”, eu já fiz.

Um dos livros mais engraçados, bacanas e inspiradores que li últimos tempos chama-se ”Dicionário do Humor Infantil”, do Pedro Bloch (Ediouro). Reúne pérolas de inteligência, sacação, ingenuidade e poesia perpetradas por crianças. Algumas pessoas conseguem eventualmente entrar nessa freqüência infantil de ver e entender o mundo – como o Arnaldo Antunes, a Adriana Falcão e recentemente a Adriana Calcanhoto. Outras, como o Bloch, têm a sabedoria de recolher e registrar suas falas, que são imbatíveis, insuperáveis e inimitáveis. Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir, e já reparou nesses mini-super-poderes infantis utilizados para lidar com a vida vai perceber que, embora o autor não cite nomes ou idades e não tenha tido nenhum rigor científico no recolhimento e na adaptação das falas, só crianças poderiam ter dito aquilo, daquela maneira. Eu me diverti e me comovi sinceramente, intensamente. Recomendo dicumforça.

Ah, e de quebra me convenceu, finalmente, a colocar no ar um blogue da Júlia – é, eu também sucumbi ao gênero blogue-exaltação. Além de satisfazer minha imensa corujice, atende alguns apelos por uma versão digital do Notícias da Júlia – famoso e incerto hebdomadário sobre a vida da pessoa minha filha. (Embora, em princípio, não estejam previstas fotos, que eu não acho internet um lugar seguro para crianças). Em Julices e outras estórias haverá sobretudo as tiradas da Júlia e de outras crianças, com o mínimo possível de intervenção minha, para registrar esse maneira tão desconcertante, filosófica e engraçada dos filhotes estarem no mundo. Espero que vocês se divirtam tanto quanto eu.

Helena Costa

Pottermania

A pottermania é a beatlemania dessa geração. Um fenômeno mundial, adolescente, mas que mobiliza também os adultos e movimenta milhões de dólares. Trata-se, logicamente, de um acontecimento da cultura pop. Pura indústria cultural. Mas é inegável que, marketing à parte, o menino bruxo provoca sentimentos e emoções muito intensas.
Eu fui numa das seções da estréia, na sexta-feira, com um grupinho bacana de pré-adolescentes. E, sabem de uma coisa? Lamentei muito que nos meus 12 anos não houvesse nenhum ídolo capaz de gerar tamanha comoção. Adorei me sentir tão viva.
-Monix-

Três desejos para o Gênio da Lâmpada

– Voar
– Fazer um gol no Maracanã lotado, jogando pelo Flamengo.
– Viajar pelo espaço sideral.

E os seus, quais são*?

Helê

*Não vale ganhar na loteria, que é dificílimo, mas não impossível. Tem que ser inexeqüível (ui!) .

Falando nisso…

Há pouco tempo publicamos aqui listas de livros marcantes. Na minha constava ‘Solte os cachoros’, da Adélia, que foi o primeiro dela que li e que de fato provocou abalos sísmicos na minha cabeça. Mas o que me levou a soltar os cães foi o poema que transcrevo abaixo. Apresentado nas “oficinas-experimentais-feministas” chamadas “Espírito da Coisa”, às quais eu tive a sorte de participar, foi ele que detonou em mim uma série de questionamentos e inaugurou o interesse e atenção para as questões de gênero. Foi tão marcante que ainda hoje, passados vários anos, muitas leituras e referências depois, permacence intacto como gênese. Espero que você também gostem.

Com licença poética
Adélia Prado

 

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade da alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Helena Costa

Violência contra a mulher

Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. É hoje. É todo e qualquer dia. Está rolando uma blogagem coletiva, muita gente boa escreveu citando fontes, números, estatísticas alarmantes.
Eu queria falar de outra coisa.
É que mesmo tendo lido e ouvido mil vezes que a violência doméstica é um fato concreto em todas as classes sociais, que está mais perto do que a gente imagina, que blablabla, eu sempre tive a sensação íntima de que na verdade isso era coisa que só acontecia com “os outros”.
Até que um dia eu conheci uma mulher que foi vítima de agressões físicas pelo marido. E outra. E mais outra. (Isso sem falar nas vítimas de agressões verbais e morais, que essas a gente ainda nem está contabilizando.)
É que ainda existe uma relação de poder entre homens e mulheres. Por acaso ou serendipity, estava buscando uma informação no Google e achei outra: vocês sabiam que até 1962 o Código Civil brasileiro impedia as mulheres de abrir uma conta em banco sem autorização do homem responsável (marido ou pai)? Gente, 1962 foi anteontem, foi poucos anos antes de eu nascer, minha avó tinha 40 anos (quase a minha idade atual), minha mãe estava no colegial. Não faz taaanto tempo assim!
A gente fica pensando que o feminismo está ultrapassado, que as barreiras já foram superadas, que a desigualdade se resume a uma pequena diferença no salário médio entre homens e mulheres. Mas o buraco é mais embaixo.
A violência doméstica é a face mais cruel dessa história de dominação. E fica ainda pior quando pensamos em quantas mulheres sofrem em silêncio, por motivos que me doem só de pensar: medo, humilhação, insegurança; por acharem que é isso que elas merecem, por não acreditarem que existe outra forma de serem amadas.
Não é fácil falar. Mas pelo menos não estamos mais em silêncio. Juntas, de mãos dadas, talvez sejamos ouvidas.
-Monix-

Às vezes eu penso em criar outro blogue. Manter esse, mas iniciar uma carreira solo. Um blogue anônimo – o que seria um contrasenso, não fossem a internet (em geral) e a blogosfera (em particular) a Terra do Mostra-Esconde.

Daí pensei que posso escrever aqui sem me identificar. Sim, claro, ou sou eu ou é ela, mas de qualquer modo, não assino embaixo. Nem ela.

Não sacia meu desejo – que eu nem sei realmente qual é. Mas inaugura uma nova maneira de postar, pelo menos.

Se ela topar, claro.

Frida, propondo a série ‘Post-atentados’ – aqueles pelos quais ninguém assume a autoria.
PS: Isto não é um teste.

Racismo e propaganda

O racismo e o mundo da propaganda. Dica excelente da Surya.
-Monix-

Gula

Nasci numa família de cozinheiras de mão cheia. Até hoje me lembro do gosto dos sequilhos da minha bisavó, que morreu quando eu tinha 16 anos. E da gemada que ela me ensinou a fazer e até hoje eu sei. E da ambrosia, leve, nunca comi outra igual.
Aliás, minha memória gastronômica é bem antiga, lembro de quando viajei para a casa do meu avô em Brasília (com uns cinco anos de idade) e ele nos dava leite condensado pra “mamar na lata” e queijinho para “abrir o apetite” antes do almoço. Minha avó ficava louca da vida.
Minha avó é outra quituteira de mão cheia. Quando eu era criança, ela ocupava dois apartamentos do mesmo andar, ligados pelas cozinhas. Era uma mega-cozinha cercada de apartamento por todos os lados. As lembranças da minha infância são cheias de lanchinhos na copa, comidinhas gostosas, bolos (amor em pedaços, cuca de banana), docinhos, pãezinhos com queijo, sanduíches em camadas, tipo canapé, nas festas e nos domingos. Pasta de ricota com cenoura, que delícia. No meu aniversário, eu tinha direito a pedir o Bolo Campeão, uma receita que só a minha avó tinha, um chocolate cremoso com uma cobertura macia, nossa, uma coisa divina, de só parar de comer por decreto.
Minha mãe é a rainha do improviso na cozinha. Era uma cena comum vê-la remexendo a geladeira, misturando um restinho disso com um pouquinho daquilo, temperando, batendo com ovos e, voilà – uma comidinha nova. Fora isso, eram livros e mais livros de receitas, fichários, coisas recortadas de revistas e embalagens de maizena, anotações, dicas. Não existe nada que minha mãe ponha a mão que não fique simplesmente divino. Até para fazer um sanduíche ela inventa uma coisinha diferente, um toque criativo, um charme – pode ser um molho, uma combinação diferente, o jeito de cortar o pão…
Ou seja, Carol: eu não aprendi a cozinhar, eu cresci sabendo.

-Monix-

Update necessário – Minha família tem uma certa quedinha pelo matriarcado, e eu sem querer repito o padrão, às vezes ignorando solenemente os homens (aaaanos de análise e certas coisas não mudam!), mas é importante esclarecer que além dessa mulherada toda, também temos nossos mestres-cuca super talentosos. Um tio-avô era dono de um restaurante que marcou época na região serrana fluminense; um tio é especialista em chili com carne; meu irmão (que lê este blog) faz um estrogonofe delicioso e os melhores sanduíches do mundo, sempre um igual pra mim. :-)

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