Mães e filhos

Você, cara leitora, que é mãe, provavelmente já se perguntou como é que nossas mães e avós, sendo donas de casa em tempo integral, cuidavam das crianças. E já se comparou com elas, ou melhor, com a fantasia que você tem do que elas teriam sido.

Bem, querida leitora, é com prazer que informamos que, por incrível que pareça, provavelmente elas passavam com seus filhos tanto tempo quanto nós, se não menos.
Na maior parte das famílias, as crianças passavam o dia na rua brincando com outras crianças. A mãe olhava, apartava briga, botava pra comer e pra banhar, mas essa coisa de ficar junto, interagindo, não era o padrão. É muito recente essa obrigação parental de providenciar lazer para os filhos. Até pouco tempo atrás, pai e mãe eram responsáveis por prover e educar, brincar não.
Nós não pretendemos eleger um padrão de normalidade (pelo contrário!), apenas atentar para o fato de que às vezes cobram das mulheres-modernas-que-trabalham-fora um modelo de comportamento que nunca existiu. Talvez seja mais uma das armadilhas para nos culpar por tentar ser mais que mãe e esposa. Ou não.

Las Dos Fridas

PS – Em breve, escreveremos sobre a o mito do instinto de ser mãe. Aguardem.

2:56 PM

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“Não julgueis e não sereis julgados.”
(Sermão da Montanha)

-Monix-

Última fornada

No Empadalheia, azeitonas para todos os gostos: Cristo nos abençoando; nuvens ilusórias (ou não) e um texto belíssimo sobre os pretéritos – além de uma frase maravilhosa sobre a fé.

Provem – cuidado apenas com o farelo. :-)

Eu devo ficar unplugged nos próximos dias.

Helê

Mudança

“Diria que não estamos vivendo uma época de mudanças. Estamos vivendo, hoje, uma mudança de época.” Frei Betto, em momento particularmente iluminado. Tem mais aqui.

-Monix-

Ainda o verão

Uma mulher foi presa por ter roubado um ar condicionado de uma loja. Gente, é legítima defesa!
posted by Marina W.

Hahhahahahahahahaha!

Helê

As Fridas Vão ao Cinema

As Fridas Vão ao Cinema

Pela primeira vez, fomos juntas ver um filme. Escolhemos “Vinícius de Moraes: quem pagará o enterro e as flores se eu me morrer de amores?”
Adorei ver um documentário falado em português. Me reapaixonei pela minha língua. Ando muito colonizada, vendo filmes e séries em inglês em excesso. Uma das coisas mais lindas é ouvir as vozes maravilhosas de Chico Buarque, Edu Lobo, Francis Hime, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tônia Carrero e Suzana Moraes, usando as palavras mais lindas do mundo, e contando as melhores histórias sobre o Poetinha.
As imagens do Rio de Janeiro são um bônus. Vi o quarteirão onde me criei, no Jardim Botânico, na década de 10, quando nem minha avó era nascida. A praia de Ipanema, um grande areal. E por aí vai.
A riqueza da música popular brasileira é assustadora. Precisamos ensinar aos nossos filhos. Não podemos deixar que esse tesouro se perca, seja esquecido, ou mesmo que não seja reverenciado como se deve. Somos contemporâneos de grandes gênios, e isso deve ter algum valor.

 

-Monix-

Ou: Duas Fridas e um Diego

 

Parece inacreditável que tenhamos ido ao cinema pela primeira vez, nós que já nos conhecemos há tanto tempo. Talvez tenhamos esperado um filme adequado, que de algum modo se relacionasse com a nossa utopia mais querida e desejada, que é unir a zona norte à zona sul (como cantou Lulu) para além do túneis, linhas e vias, mas na inteireza do mosaico de ritmos, tons e gentes que compõem essa maravilha de cidade.
E na tela nos deparamos com Vinícius de Morais, plural do nome aos afetos, um pretobranco,
diploeta, sambistadoutor, personificando a mistura justa de popular e erudito que a carioquice recomenda sem moderação, várias vezes ao dia, em doses generosas. Tantas e tão generosas quantos as doses que o próprio Vinícius sorvia: de uísque, de amizade, de música e de amor.
Eu faria um ou outro reparo ao filme sob o aspecto técnico, cinematográfico… Mas diante de um protagonista como esse, com coadjuvantes como Pixinguinha, Francis Hime, Edu Lobo, Tom Jobim e outros de mesma cepa; e um cenário como o Rio, só posso recomendar que assistam – sabendo que correm sérios riscos, tais como: sair do cinema sorridentes, meio apaixonados pelo poeta, orgulhosos da nossa música e doidos por uma dose de uísque.
(Dom Diego também aprovou o filme, embora tenha sofrido um pouco com a profunda suspiração das Fridas sempre que Chico Buarque aparecia na tela com aqueles olhos, aquela boca… aiai… >supiro< )

Helê

Nós preparamos uma antologia no site oficial do Vinícius, mas não conseguimos pegar o link. Quem quiser pode procurar por lá, o nome da antologia é Duas Fridas.

Verão

Meu cunhado favorito vive reclamando do calor – segundo ele, desumano – desta cidade. Apesar de carioca, nascido no bairro que registra as temperaturas máximas da cidade – ou por isso mesmo – ele sofre horrores nesses dias de inferno (como se sabe, o Rio só tem duas estações, inverno e inferno).

Por isso, quando deparei-me com esta gif num blogue , enviei pra ele imediatamente:


E ele, com o bom humor tipicamente carioca, respondeu que topa o referendo e ainda lança a campanha:
Frescura já!
Helê

Das coisas que eu gosto

Um travesseirinho pequeno em cima do meu travesseiro fino
Cheiro de cebola refogada
O céu azul do Rio de Janeiro
A Lagoa Rodrigo de Freitas, vista da saída do túnel Rebouças
Lençóis novos
Um bom chuveiro
Comédias inteligentes
Mistérios inteligentes
Conversas inteligentes
Ócio
Bolsas
A risada do meu filho (a mais gostosa do mundo, podem acreditar)
Varanda
As letras do Chico
As melodias do Gil
Os Titãs, antes de virarem Titias
Coisinhas meio cafoninhas
Fazer planos de viagem
Lembrar dos meus sonhos
Pipoca
Flores
Histórias legais de mulheres bacanas

-Monix-

Sinais

Primeiro dia do ano. Acordamos sentindo aquela mistura de ressaca feliz e com fome monumental. Rapidamente rumamos pra casa da irmãcunhadatiamadrinha, em busca de mais alegria e café da manhã, que seria seguido do tradicional ”enterro dos ossos” (na verdade, demos prosseguimento à celebração do ano novo, interrompida brevemente apenas para a inadiável tarefa de dormir).
Numa esquina, nós, urbanóides neuróticos, gatescaldados que somos, ficamos apreensivos: um ônibus parado no meio da rua, impedia o tráfego. Mentalmente folheio o catálogo de infortúnios possíveis: assalto, atropelamento, alguém passando mal… Até que meu marido percebe o que estava acontecendo: o motorista do ônibus parou pra colher mangas maduras caídas no chão. Isso mesmo, parou o ônibus no meio da rua – pouco movimentada num feriado, é verdade – catou um lote de mangas e depois seguiu seu caminho.

Eu não sei vocês, mas eu tomei isso como um excelente presságio.

Helê

Li recentemente


Li recentemente
o livro Em busca da alma de meu pai – e recomendo. Como promete o título, o livro descreve a trajetória edipiana de um filho em busca do pai – mítico, mitificado, herói, como qualquer pai o é (em algum momento, pelo menos).
Acontece que o pai em questão foi um dos primeiros homens a atingir o cume do monte Everest – o que fez dele muito mais que um herói familiar, e adiciona à busca do filho características bastante singulares. Desafortunadamente, Jamiling, o filho, escalou o Everest numa temporada que ficou famosa espantoso número de mortes. Não bastassem cenário e personagens como esses, o autor ocupa um espaço ambíguo, ambivalente e equidistante entre oriente e ocidente. Nasceu sherpa na Índia, em família budista, e foi educado em colégio interno inglês, graduando-se nos Estados Unidos. A vivência com essas diferentes culturas marcou profundamente Tenzing e permeia sua jornada e seu relato.

Mas não se engane, que tudo isso enriquece e adorna a história, mas o principal mesmo é a comovente busca espiritual e existencial de um filho que segue as pegadas do pai, tentando encontrá-lo e compreendê-lo. E como cantou Gil numa canção absolutamente adequada nesse caso, o final deu em nada, nada, nada,nada… do ele pensava encontrar. Vale acompanhar essa busca.

Helena Costa
Na Empadalheia, a letra de Se eu quiser falar com deus

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