Fevereiro 22, 2007
Sou uma espécie de foliã aleatória: alguns anos eu curto muito carnaval, em outros quero distância. Curioso é que, nas duas circunstâncias, a mesma emoção me fascina: a alegria infundada que move os foliões. A mesma que eu senti pulando à passagem do Cordão do Bola Preta, carregando minha filha no colo, um calor miserável e mais gente em volta do que eu precisava. Essa mesma alegria, que à distância me parece inexplicável, foi genuína e intensa no sábado pela manhã, no Centro do Rio de Janeiro.
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Alegria infundada sim, porque tudo continua rigorosamente como antes da folia, problemas inclusive; as dores particulares e as coletivas. Há, claro, a delícia de encontrar amigos, viver fantasias, beber todas e beijar muito, mas falo de outra espécie de alegria, que vem do Reino do Insondável, surge repentina e esfuziante, some mansa e misteriosa.
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Cena mais repetida: alguém berrando no celular: ”Cê tá aonde??!!”
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O carnaval mais animado dos Carvalho Costa nos últimos anos: Bola Preta, Banda do Largo da Segunda-feira; Volta, Alice; Bagunça o Meu Coreto e Bloco da Ansiedade. Com direito à praia no domingo o dia inteiro. E a tradicional Feijoada da Cristina na segunda. E terminar a terça-feira jantando no Lamas – tudo com filhote a tiracolo. Tá bom pra você? Nós adoramos.
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Aliás, Juju foi um capítulo à parte neste carnaval. Com sua fantasia três-em-um – princesa, bailarina e fada – foi guerreira, esteve conosco em todos os programas e no último dia saiu conosco ao meio-dia e voltou à meia-noite. Claro que teve uma manha aqui outra aqui, mas, no geral, foi exemplar. Descobrimos que ela é recarregável feito pilha. Às vezes falha, mas aí toma um sorvete, joga um confete e pronto, tá inteira de novo, sambando no meio do bloco.
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Talvez por tudo isso eu não tenha dado muito atenção ao desfile. Vi a Mangueira, uma coisa ou outra e nada mais. Rua 10 X tevê 0.
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Chistes carnavalescos:
– Numa camisa: Vou beber até cair. Depois continuo bebendo deitado.
– Outra camisa: Fuderj
– No Cordão do Boitatá alguém pregava: ”Amar ao outro sobre todas as coisas. Sobre a mesa, sobre o chão, sobre o carro, sobre o sofá…”
– Nomes de bloco: ”Grêmio Recreativo Comunitário Se me der, eu como”; ”Largo do Machado mas não largo do copo”.
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No domingo fui à praia do Grumari. Lotada. Mas a praia em si permanece quase igual à da minha infância: selvagem, sem edificações, mar de um lado, mata atlântica de outro, um pa-ra-í-so.
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Aliás, cariocas, lembram daquele papo: Bom no carnaval é ficar no Rio, porque todo mundo viaja e a cidade fica vazia? Cabô, gente.
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Aconteceu repetidas vezes: bloco, tumulto, gentes muitas, alguém pára pra brincar com a Ju. Depois se despede, desculpando a brincadeira e desejando, de coração, ”Bom carnaval”. Ou brinca com alguém do grupo e despede-se de todos, desejando bom carnaval. Eu não vi uma única briga ou confusão e só encontrei gente a fim de brincar. Só pra registrar.
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Não, eu não saí de japonesa. No primeiro de estola, lá no Bola Preta, a biba olha pra mim solta: Noooosa, arrrrasô no boá vermelho!!!. Era tudo que eu precisava, reconhecimento público. Então encarnei de vez minha fantasia de Chacrete do INSS – aposentada, mas com glamour. No último dia, pra variar, fiz uma escova progressista. Procurem na Caras ou no Dufas.
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Pra tudo se acabar na quarta-feira, no Maraca, assistindo a vitória do Mengão com os amigos rubro-negros. Maravilha.
Helê
23/02, 00:16 Atualização: Agora com fotas. Comenta, vai!
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