Mães e filhas
Envelhecer, para a mulher, é ir paulatinamente amoldando-se à imagem da própria mãe. A rainha que você idolatrava (e invejava) na infância. A criatura desengonçada/gorda/desatualizada de quem você morria de vergonha na adolescência – ou a deusa que você odiava na juventude, por não conseguir equiparar-se a ela. A matrona cujas dificuldades e inseguranças você desprezou quando adulta jovem. A velhinha de quem você tem pena hoje em dia. Voilá. Ela é você amanhã.
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Existe algum relacionamento mais cheio de ódio e de amor do que o das mulheres com suas mães e filhas?
Mme Mean, of claro.
Tesão
“Pele é uma coisa misteriosa. A pessoa é educada, inteligente, doce, tem um papo legal, mas não tem, digamos, “aquela coisa”. É a pele, o cheiro, sabe-se lá o quê, mas que fascina, que só de chegar perto a gente fica agitada, só de sentir o cheiro o corpo fica pedindo, só de encostar… Essa história de que se aprende a amar pode até ser… Mas jamais conheci ninguém que aprendeu a sentir tesão. O ar fica tomado. O corpo fica pedindo o toque, as mãos.
Gosto também é misterioso. Gosto de beijo é inconfundível. Você beija e o mais gostoso é a língua? Bobagem. O mais gostoso é o gosto. Aquele gosto que você conhece. Aquele gosto de quem sabe que o tesão está tomando o ar. Às vezes a gente precisa mesmo de pele. Noutras, é só a alma que precisa de cuidados. Mas o bacana mesmo, “o amor que vinga”, como dizia minha avó, é o que consegue exigir que a alma precise sempre da pele. Sempre.” Raquel Lemos, no Livro da Tribo, citada no Meio Bossa Nova
Inferno:definição
O inferno, nada mais é do que o guichê de uma repartição pública, com uma fila eterna, onde uma gordinha com cara de poucos amigos lixa as unhas, enquanto atende o próximo da fila, dizendo: “Você preencheu o formulário errado”.
Perfeito. Do Update or die.
Helê
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