Pois é. Percebia-se no Rio de Janeiro ontem, um dia após a eleição municipal, um clima de ressaca amarga – pelo menos para os 49% de eleitores que votaram no Gabeira e viram a derrota ser decidida por míseros 55 mil votos. Considerando que mais de 900 mil elitores deixaram de votar, há muito o que lamentar. E haveria muito o que aprender e repensar, mas tenho dúvidas profundas sobre a capacidade dos políticos cariocas, em especial os de esquerda – seja lá o que isso signifique atualmente – de reciclagem e humildade, tão necessárias para o exercício da (boa) política.
Resta-me agora acompanhar, com algum interesse e grande curiosidade, as eleições americanas. Entendo nada da política daquele país – disso sabe o mestre Idelber – e não tenho grandes ilusões a respeito do Obama. Visto daqui, ao sul do Equador, ele é, antes de tudo, um americano.
Mas para o imenso contingente de afrodescendentes daqui e de lá, ver um negro na presidência dos Estados Unidos possui um espetacular e inegável apelo simbólico. Como se vê nessa fotografia precisa de Callie Shell complementada pelas informações da legenda:

© Callie Shell / Aurora for Time: These two boys waited as a long line of adults greeted Senator Obama before a rally on Martin Luther King Day in Columbia, S.C. They never took their eyes off of him. Their grandmother told me, "Our young men have waited a long time to have someone to look up to, to make them believe Dr. King's words can be true for them." Jan. 21, 2008.
A fotógrafa acompanhou o senador Obama em campanha nos últimos meses. Tendo trabalhado por alguns anos na Casa Branca, procurou nesse trabalho fugir das poses estudadas e dos sorrisos burocráticos, privilegiando flagrantes (tanto quanto isso é possível com um político) e bastidores. O resultado reúne fotos belas e inusitadas.
Veja mais em Travels with Barack e em Portrait of a candidate .
Helê
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