Ontem desabou um mundo de água sobre nossas cabeças no Rio de Janeiro. Choveu feito gente grande.
Como sói acontecer em dias de tempestade, a cidade entrou em colapso, e como eu tinha cometido a tontería de esgotar os créditos do cartão do metrô, ficou impossível enfrentar a fila da bilheteria (era papo pra mais de hora), mas dei sorte e consegui entrar num ônibus relativamente vazio e com ar condicionado – talvez estivesse vazio por causa da passagem 30 centavos mais cara, talvez tenha sido meu anjo da guarda me ajudando a chegar em casa cedo, não sei. Enfim, a história é que por causa dessa série de imprevistos, acabei fazendo o trajeto Centro-Zona Sul ao lado de uma estrangeira que estava horrorizada com as ruas semi-alagadas (e olha que já vi enchentes beeeeem piores). “São lagos!”, ela dizia. “Como chove neste país!”
Contrariei todos os meus instintos antipáticos e puxei conversa. A moça disse que chegou em setembro e que está completamente frustrada: esperava encontrar calor, sol e dias lindos o ano inteiro e praticamente só pegou chuva na cabeça desde então. Eu respondi lamentando sua falta de sorte, porque normalmente setembro e outubro são meses mais secos, mas depois tentei explicar que esse verão carioca ensolarado realmente é um mito – é muito comum termos verões chuvosos. Disse a ela para ter paciência, que lá para abril ou maio a coisa melhora. Não sei se ela levou fé, coitada, a desilusão era grande: “vocês fazem muito boa propaganda de seu país, mas é tudo marketing.”
A verdade é que quem é de fora não sabe, mas o verão não é uma boa época para se estar nesta cidade. Ou torramos e derretemos sob sol escaldante e umidade inclemente, ou escorremos debaixo de tempestades torrenciais. Cheguei em casa enlameada até os joelhos, os sapatos imprestáveis. E ainda tive sorte por conseguir manter o guarda-chuva.
Mal posso esperar pelo céu azul e a espantosa luminosidade do outono.
* Letra de Fernando Lobo, gravada por Caetano Veloso
-Monix-
Filed under: O Rio de Janeiro continua lindo, Umbiguices |
[…] mais que em inúmeras outras enchentes. Porque desta vez foi pior, muito pior; mas o fato é que o Rio de Janeiro já deveria estar acostumado a isso. Meus pais se conheceram no rescaldo da enchente de 1967 – a de 1966 está famosa nas […]
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Não tá assinado o post. É da Monix?
É meu mesmo, Ju, obrigada por avisar! Beijocas
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Eu acho que todo marketing turistico é bobo. So’ serve pra criar expectativas e preconceito nas pessoas. Se elas fizezzem mais anti-turismo conheceriam muito mais os lugares, aproveitariam muito mais as viagens. Eu moro na Italia. Esse ano, fomos pro Brasil nesse periodo e so’ pegamos chuva em BH. Nos divertimos como loucos com os “produtos” locais: botequinhos, moda singular, cinema, mostras, cachaça, casa de amigos, familia… Faltou poder ir às nossas amadas cachoeiras, mas isso é o minimo e guardamos pra agosto. Um luxo de viagem debaixo de chuva! Abraços pras Fridas.
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