História

Semana passada, mais precisamente na sexta, 5 de junho,  essa foto completou 20 anos. Lembro bem Não, vou ser sincera: eu pensava que lembrava fielmente dessa cena, sob todos os aspectos inesquecível. Mas pesquisando para postar a imagem percebi que a Dona Memória* –  sempre ela! -,  fez  das suas e eu havia perdido alguns detalhes (ainda bem que a Dona Internet é bem mais organizada…).  Não lembrava, por exemplo da fileira de tanques ser tão longa, nem que a certa altura o Tank Man subia em cima do primeiro, tentando falar com o piloto. A imagem é icônica e está para minha geração assim como está a da menina vietmanita pra geração anterior.

O aniversário da foto e dos protestos na Praça da Paz Celestial foram cuidadosa e previamente reprimidos na China, como era de se esperar. Sobre o tal manifestante mantém-se o mistério, acabamento perfeito para os heróis e as lendas – até hoje não se sabe quem é, se está vivo ou morto, se foi preso ou fugiu. Mas o gesto está gravado no álbum coletivo da humanidade. O vídeo está disponível a um clique, e vale a pena ser revisto. Mesmo eu, que achei já tê-lo visto o suficiente nesta encadernação, voltei a me emocionar com aquele homem enfrentando canhões com duas sacolas nas mãos e invertendo os papéis: confrontado, o tanque tenta contornar, mas agora é o homem a ameaça. O piloto vai pra esquerda e o homem vai também; a máquina torna pra direita e ele a acompanha, e por um instante a gente acredita que ele vai vencer.

Ou, talvez, por alguns instantes, ele tenha mesmo vencido.

Helê

*Minha amiga Maria João Amado ensinou, eu já disse aqui, mas não custa lembrar:  “A memória é uma senhora velha e louca que joga comida fora e guarda trapos coloridos”.
Há uma foto, bem menos impactante, feita por um fotógrafo que estava na rua, a alguns metros da cena. Veja nesse blog do New York Times.

5 Respostas

  1. Essa cena é uma das coisas que mais me comove. Até hoje.

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  2. Sem sombra de dúvida, este foi o ato mais corajoso ao qual eu me recordo de ter assistido.
    Pena que o mundo inteiro tenha mudado pouco, mas a nossa coragem não pode mudar jamais.
    bjs.

    Valeu, André :-)
    Helê

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  3. Eu tinha 20 anos. Muitas vezes parece ter sido há muito tempo, outas antes de ontem. Mas ao rever fiz as contas e vi que o tempo esse sim é um mago. E que o mundo não mudou muito, se não é no Brasil, na China, pode ser EUA, Coréia ou Russia… Tanto faz a questão é continuar lutando.

    É, Gisele, stay strong, struggle on!
    Beijo,
    H.

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  4. Como desconhecemos nossa força, não?

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  5. Eu acho essa foto tão emblemática. Eu tinha… bem, não interessa quantos anos eu tinha na ocasião, mas eu chorei com o episódio, pra mim é, desde sempre, o paradigma da resistência pacífica.
    E por falar em resistência x truculência, que absurda, desproporcional e violenta a ocupação da USP pela polícia essa semana, hein?

    Poizé, minina, seria esse o tar do eterno retorno?

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