No último dia 6 de setembro completei 10 anos sem fumar. Uma marca que me deixa muito feliz, cheguei até a fazer um trofeuzinho virtual pra mim. Mas minha alegria é discreta porque sei que estou celebrando 10 anos de resistência. Não é pouco, mas não pode ser considerada uma vitória clássica, de algo efetivamente conquistado. Cuido para não ceder à vontade, mas ai de mim se não o fizer: ela ainda existe, mesmo tanto tempo depois. Afinal, trata-se de um vício, e no meu caso, um trago pode botar tudo a perder.
O que digo pode não ser animador para quem quer parar, eu sei, mas é honesto. Eu temia exatamente isso quando fumava, e perguntava aos ex-fumantes: “Mas vem cá, você ainda sente vontade?”. A maioria dizia que sim, e eu achava impossível resistir a uma vontade pelo resto da vida. Mas olha, você aí que pensa parecido: dá sim, viu? A vontade persiste, mas ela muda, você também – a vida então, nem se fala!… E as vantagens compensam. É necessário saber quais são elas, porque cada um tem seu próprio caminho e terá seus ganhos e dificuldades. Não lembro, por exemplo, de descobrir uma infinita miríade de sabores e cheiros antes inacessíveis por causa do cigarro, uma das promessas da propaganda antitabagista. Mas ganhei, por exemplo, a liberdade imensa de poder sair de casa com absolutamente NADA nas mãos – incomodava-me profundamente poder deixar até a chave de casa na portaria, mas ter que sair com um maço de cigarros, como uma inseparável algema.
Bom, então isso posto, deixa eu dar um vivaeu pra mim que eu mereço, ora bolas. Com direito a troféu. Viva!
Helê
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