Como tenho feito nos últimos anos, preparei um apanhado dos melhores momentos afetivo-gastronômico-culturais do último ano. Como as próximas semanas serão de pasmaceira total na blogosfera – pelo menos é o que tradicionalmente acontece -, fica aí um farto material para vocês se divertirem, indo lendo aos poucos, pegando dicas, clicando nos links e relembrando também seus bons momentos de 2009. Sobre os quais, aliás, podem e devem ficar à vontade para falar nos comentários. Dividam com a gente, vamos adorar saber.
-Monix-
Janeiro
Queime Depois de Ler – Um filme dos Irmãos Cohen divertido como há muito tempo não se via. Brad Pitt no seu primeiro bom momento do ano; voltaremos a ele.
Aconchego Carioca – Um cantinho na Praça da Bandeira (agora elas se mudaram para uma casa maior, do outro lado da rua, e abriram uma filial no Cinematheque de Botafogo), comandado por duas magas da gastronomia, que inventaram uma coisa horrorosa chamada bolinho de feijoada, que eu não gosto, não recomendo e não quero mais falar nesse assunto, por favor. Nhé.
Colônia de férias Gato Mia – No mês em que as mães quase enlouquecem com a velha pergunta “o que fazer com as crianças”, a super Dedeia tira da cartola mil e uma brincadeiras e atividades super criativas e todos vivem felizes para sempre.
Fados, de Saura – Tive a oportunidade de assistir em DVD antes do lançamento em cinema no Brasil. É lindo, como um filme de Carlos Saura costuma ser.
Exposição Corpo Humano Real e Fascinante – Já tinha referências de pessoas que viram em Nova York (sorry, periferia) e aproveitei os momentos finais da exposição montada aqui no Rio para conferir. Muito interessante.
Titãs – A Vida Até Parece Uma Festa – Eu sou muito fã de Titãs, desde os primórdios até hoje em dia. Me desinteressei um pouco durante a fase “titias”, mas o documentário é uma pura sessão nostalgia, com toda a verve rock’n roll retratada na tela do cinema. Difícil foi me manter sentada durante as duas horas de filme.
Fevereiro
Balaco – Fui às compras com Helê e descobri essa joia rara que é a Balaco, com roupas lindas de inspiração afro-brasileira.
Zach and Miri Make a Porno – Me desculpem, mas me recuso a chamar este último filme do Kevin Smith pelo nome que ele levou aqui no Brasil. Podem me chamar de besta, eu aguento. Bom, Kevin Smith é sempre Kevin Smith, o filme é divertido como sempre, com seu humor inteligente e policitamente incorreto na medida certa, sem ofender nem insultar ninguém (especialmente o bom gosto do espectador).
Restaurante Intihuasi – A culinária peruana, veja você, é considerada uma das melhores do mundo. Fui conferir e não me decepcionei. Recomendo especialmente o circuito de ceviches.
O Lutador, Milk e O Leitor – Na esteira das indicações do Oscar, três ótimos filmes, cada um com suas características e qualidades próprias.
Março
Watchmen – Já é difícil adaptar quadrinhos para o cinema, especialmente a saga consagrada de Alan Moore. A versão de Zach Snyder era aguardada pelos fãs com um misto de ansiedade e desconfiança. O resultado é um filme tão bem cuidado quanto empolgante, e até a mudança no final original serviu para ‘arredondar’ melhor a história.
O Amor é Fogo – Nora Ephron com seu estilo delicioso conta a tragicomédia que foi o fim de seu segundo casamento. Não sei o motivo de tanta demora para a publicação no Brasil (o livro inspirou o filme ‘A Difícil Arte de Amar’, que passou no cinema em mil novecentos e telefone de disco). Mas não reclamo: com isso, tivemos oportunidade de testemunhar o encontro de dois talentos, pois ler Nora Ephron traduzida pela Fal é simplesmente um privilégio.
Frost/Nixon – Um filme que mostra um tempo em que o compromisso com a verdade era tão parte da premissa em uma entrevista que até um entertainer não resistia à tentação de imprensar seu entrevistado.
Amir – O melhor pão árabe do Rio de Janeiro vem fofo e quentinho para a mesa. Simplesmente imperdível.
Gran Torino – Clint Eastwood mais uma vez encarna o papel de os-durões-também-têm-coração, que ele desempenha excepcionalmente, tanto como ator quanto como diretor, desta vez para retratar os conflitos entre um WASP típico e a vizinhança, cada vez mais ocupada por imigrantes do Sudeste Asiático.
Abril
Che, de Soderbergh (Parte 1) – É Che Guevara. Interpretado por Benício Del Toro. Eu resto meu caso.
Ebisu – Este restaurante japonês em Botafogo é tão pequeno que não tem nem site, mas a comida é muito bem preparada, o rodízio tem um preço razoável, os garçons e garçonetes são atenciosos, o ambiente é agradável e não costuma ter fila na porta. Boa pedida para depois de assistir um filme no Arteplex (fica na Visconde de Ouro Preto, bem pertinho do cinema).
Divã – Já falei antes sobre este filme delicado, engraçado e intenso, mas não podia deixar de marcar sua presença nesta lista de melhores do ano. Vale conferir.
Iron Maiden Flight 666 – Vocês provavelmente irão se surpreender, mas eu sou fã do Iron Maiden desde minha fase metaleira (!) lá pelos idos de 1984. Mas acho que o filme é bacana mesmo para quem não é tão fã, porque mostra os bastidores de uma mega turnê internacional de uma das maiores bandas de rock do mundo, com um charme a mais: o vocalista da banda – o icônico Bruce Dickinson – pilota o avião; daí o nome do documentário.
Maio
Bazar do Troca-Troca – A ideia surgiu há uns anos atrás, a partir de uma dica da charmosíssima Petita, que contou que costumava reunir as amigas para um “bazar de escambo”. A brincadeira consiste em cada uma levar aquelas peças de roupa, acessórios e sapatos que já prestaram ótimos serviços à causa mas que no momento apenas ocupam espaço no armário. Ou seja, aquelas coisas que a gente simplesmente enjoou, mas ainda estão ótimas e podem ser usadas por outra dona, especialmente se ela é nossa amiga. Já fiz algumas edições em minha casa, e é sempre muito gostoso ver como a coisa dá super certo. Às vezes rolam impasses – duas mulheres apaixonadas por uma bota preta pode ser um prenúncio de crise internacional – mas a verdade é que a gente sempre consegue administrá-los e todas saem com a sensação de “me dei bem”. O mais legal é tempos depois encontrar uma das amigas com aquela blusinha que você já não via graça nenhuma, e perceber que ela ganhou nova vida. Vale pelo conjunto da obra: é uma confraternização, é econômico, é ecológico (reutilizar também é reciclar, non?) e é muito, muito divertido.
Junho
O Casamento do Sr. K – Um evento que mobilizou assuntos e esforços nos meses que o antecederam, e que fez jus a cada minuto empregado em sua produção, o casamento comemorado na Confeitaria Colombo foi mesmo inesquecível. Interessante também foi ter estado presente em um momento que reuniu uma parte da blogosfera que é quase um universo paralelo para mim. ;-)
As Crônicas de Gelo e Fogo – Considerado o “novo Tolkien”, George R. R. Martin criou uma saga de fantasia realmente inovadora, com personagens extremamente verossímeis, por serem tão absurdamente humanos. Estou lendo – em exemplares emprestados – uma tradução portuguesa, pois infelizmente a série ainda não foi lançada no Brasil. De qualquer forma, fica a dica.
Dona Irene – Também já escrevi sobre essa experiência gastronômica, mas as delícias russas não podiam ficar fora dessa retrospectiva pessoal.
Julho
A Bela e a Fera – Fui a São Paulo com as crianças (filho e sobrinho) e minha mãe sugeriu que os levássemos para assistir ao musical. Os meninos gostaram a posteriori, se é que vocês me entendem, mas nós adultas adoramos! É incrível ver um musical padrão Broadway montado no Brasil. Acho que já não está mais em cartaz, uma pena.
Pavilhão de São Cristóvão – A festa junina da escola do meu filho foi no Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, o famoso Pavilhão de São Cristóvão. Pode ter comemoração melhor? Acabou tudo em forró, com pais, filhos e professores numa grande roda. Muito bacana.
Apenas o Fim, Harry Potter e o Enigma do Príncipe e O Grupo Baader-Meinhof – O que têm em comum um filme independente sobre um casal de universitários que termina o relacionamento tendo como pano de fundo uma série de referências pop; um blockbuster sobre o menino-bruxo mais famoso do mundo enfrentando seu nêmesis; e um filme ficcional em tom de documentário sobre um grupo terrorista de esquerda, que bateu todos os recordes de bilheteria na Alemanha? Na verdade, nada. Apenas o fato de que assisti aos três na mesma semana, e, acredite se quiser, minha cabeça nem deu nó. ;-)
Agosto
Mercado Cultural Novo Rio Antigo – Era uma tarde linda de inverno, daquelas que só o Rio de Janeiro oferece: tempo seco, céu sem nuvens, azul lindo, temperatura agradável. A ideia era levar a prima lusobrasileira para um almoço no centro do Rio, e de lambuja ganhamos esta grata surpresa. O mercado acontece sempre no segundo sábado do mês, na Praça XV, com música ao vivo, artesanato, exposições ao ar livre, enfim, tudo de bom e o melhor da cidade a custo zero ou muito barato. Para arrematar, nada como um almoço caprichado na Brasserie Rosário, de preferência nas mesinhas da calçada para apreciar o casario histórico da região.
Um Filme É Para Sempre – Quem gosta de cinema, de astros de cinema, de cinema de antigamente e do glamour da Hollywood pré-anos 60 não pode deixar de ler esta pérola de Ruy Castro. Simplesmente de-lovely.
Mas Será o Benedito? – Nos últimos anos a Lapa vem crescendo tanto e recebendo tantos barzinhos simpáticos que às vezes é difícil escolher. O Benedito tem uma decoração super bacana, umas mesas de sinuca não tão disputadas quanto as de outras casas mais concorridas, um cardápio gostoso e com precinho camarada, e até um espaço para música independente dos demais ambientes – que não cheguei a conhecer, mas tenho certeza de que está afinado com o espírito da coisa.
Museu do Futebol – A Boleira aqui é La Otra, mas em estando em São Paulo e tendo a oportunidade… a visita ao Museu do Futebol é imperdível. O museu do Pacaembu tem padrão internacional e apela para a emoção provocada pelo esporte, que quase todo mundo que cresceu no Brasil reconhece como legítima. (Aliás, só a visita ao estádio do Pacamebu já valeria a pena, pois trata-se talvez do estádio mais bonito do Brasil, em estilo art-nouveau-déco ou algo do gênero.)
Brüno – O humor de Sacha Baron Cohen é talvez uma das coisas mais modernas que se viu nesta primeira década dos anos 2000. É escrachado, grosseiro, completamente sem limites, mas impossível não rir às gargalhadas.
Setembro
O Equilibrista – Não consegui assistir no cinema, então tive que me contentar em assistir no DVD. O filme equilibra (com o perdão do trocadilho inevitável) poesia e aventura ao contar a história do homem que se apaixonou pela ideia de cruzar as Torres Gêmeas sobre um cabo de aço, e como ele conseguiu convencer um grupo de amigos a ajudá-lo na empreitada. As torres não existem mais, aquele espírito de aventura ligeiramente ingênuo também não existe mais. Mas o registro, belíssimo, está aí para ser apreciado.
Koni – A onda dos temakis já veio com toda a força e está até passando. Mas os cones da Koni Store (cujo maior pecado é o nome de péssimo gosto) são sempre tão fresquinhos e saborosos que eu não resisto e não enjoo. Recentemente foi incorporado ao cardápio (desenvolvido pelo chef Nao Hara, que já é uma grife no que diz respeito a comida japonesa no Brasil) um peixe novo, a truta-da-patagônia. Delícia.
Up – Altas Aventuras – Muito já se falou sobre este filme de animação que nasceu clássico. A famosa cena inicial, que condensa a história de uma vida em 15 minutos, é mesmo de arrepiar.
A Arte de Viajar – Minha amiga Flávia já tinha dado a dica, mas confesso que não prestei atenção. Até que ela resolveu me presentear com o livro, que me deixou encantada. Tirar filosofia de coisas tão simples e tão contemporâneas quanto as placas de sinalização dos aeroportos internacionais é realmente para poucos. Obrigada, Alain de Botton.
Mulher de Um Homem Só – Como já disse antes, o Alex escreve de um jeito que considero realmente único, o que, é claro, deve ser considerado um elogio.
The Tudors – 1ª temporada – A série é cheia de, digamos assim, licenças poéticas. Personagens que não existiram, fatos que não foram bem assim, enfim, crianças, não repitam nada disso nas provas da escola. Mas como ficção é bárbaro, e convenhamos que as aventuras amorosas de Henrique VIII e as tramoias políticas da Inglaterra renascentista são ingredientes mais que suficientes para um sucesso televisivo. Assisti em DVD, que é o jeito mais racional de se ver uma série de TV.
Outubro
Búzios – Um fim de semana prolongado na charmosa Taka House é o melhor começo de férias que eu poderia desejar.
Maraú, Bahia – O paraíso existe, e nem é tão longe assim. As fotos falam por si, nem vale a pena tentar explicar. Para quem quer experimentar um turismo “selvagem” – e de bônus conhecer o incrível João Brasileiro – recomendo a Pousada Tembwa, encravada entre o mar e a lagoa do Kaçange, um lugar indescritível e cheio de axé.
Novembro
Procissão de Todos os Santos – A descoberta deste surpreendente evento anual a gente já contou aqui. O alto astral certamente será incorporado ao nosso calendário, nem que seja apenas o calendário afetivo de boas intenções.
Exposição 35 Anos de Playmobil – Os bonequinhos de plástico, de cabeça redonda e cabelo destacável, marcaram gerações de crianças. A exposição reuniu brinquedos com os temas mais incríveis, de bichos a militares, de princesas a heróis bíblicos. Impossível não se emocionar com as memórias da nossa própria infância e com a alegria das crianças do século XXI.
Moleque Mateiro – Pela primeira vez levei meu filho a um dos passeios promovidos por este grupo de ‘aventureiros’. Uma ideia tão bacana que com certeza será repetida em breve, assim que as chuvas deem trégua.
Bastardos Inglórios e Julie&Julia – Um filme de guerra e um filme de culinária. Mais uma vez, meu ecletismo cinematográfico desafia meus neurônios, e quem sai vencendo sou eu mesma, é claro. Tarantino fez o filme que possivelmente será sua obra-prima (e ele sabe disso); Nora Ephron (ela de novo!) nos entrega um filme lindo sobre comidas e bloguices, nem preciso dizer mais. E não nos esqueçamos de Brad Pitt, como o líder dos Bastardos, em mais uma atuação marcante em 2009.
Dezembro
O Caderno de Cinema de Marina W. – Chamem-me de retardatária, eu mereço. Comprei o livro da Marina na Primavera dos Livros e li de uma vez só – como sempre acontece quando leio qualquer coisa escrita por ela, não consigo parar. Item obrigatório na prateleira de qualquer amante do cinema.
Gostar disto:
Gostar Carregando...
Filed under: Favoritos das Fridas, Memes & Listas | 8 Comments »