Bafana Brasil

  • Dunga X Globo?  Contra o monopólio sempre, mas a favor da grosseria e do destempero… Sei não, pra mim é o caso típico de ter que escolher o lado bom de uma briga podre. Não me apetece.
  • Gamei no jogador da Costa do Marfim, ou melhor, no nome dele: Yaya Touré. Parece assim um cantor de pagodê. Coisa mais fófis.

  • O mimimi contra as vuvuzelas me irritou mais que as próprias, na boa.
  • Olha, com o crilouro eu já me acostumei há tempos, graças ao Ivo Meireles. Mas japa louro eu ainda acho muito esquisito, cara.
  • Vamocombiná que patolada é mais antigo que o futebol. O que me surpreendeu na imagem foi maleta do Messi –  quem diria, hein? E eu que não dava nada pelo menino!

  • Alguém me diz por favor porque o Grobonline criou uma coluna com o inacreditável nome de ‘grama na calcinha’? Por que falou em mulher automaticamente falou em calcinha, sutiã, corpo, sexo? Canseira, viu? Coisa mais atrasada isso, sô.
  • Destaque da primeira fase da Copa: times africanos e suas camisas justíssimas. Delícias, nham, nham!
A seleção de Gana de branco, e jogadores de diferentes países africanos com o uniforme continental feito pelo patrocinador.

Jogadores de diferentes países africanos com o uniforme continental feito pelo patrocinador, e abaixo, a seleção de Gana.

  • Eu que, como se sabe, adooogo uma bobagi, tô me divertindo com  o Barbeiarobinho e rolei de rir com a musa da baixaria Katylene. A resenha que ela fez da Cuópa tá imperdível.
  • Agora são os gajos, ó pá. Será que a gente almoça vacalhau com binho, Sócia ;-) ?!

Helê

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Haiti – Um post perdido

Como vocês verão, perdi completamente o táimin do post abaixo, que foi escrito após do terremoto no Haiti, em janeiro deste ano. Ao encontrá-lo hoje, achei que está bem-feitinho e seria uma pena não publicá-lo. Além do mais, o vídeo é realmente marcante, sério candidato a figurar entre as imagens do ano. E esse post  fora de hora talvez nos faça pensar em como estão as coisas por lá, agora que as manchetes dos jornais ocupam-se de outros dramas e desventuras.

Haiti

Eu devo confessar para vocês, como já fiz para outros amigos próximos, meio envergonhada, que procurei me manter à margem das notícias sobre o terremoto no Haiti. Para me preservar. Olhava assim por cima, lia as primeiras páginas de jornal na banca, ouvia as chamadas do telejornal mas não queria saber detalhes. Porque é o tipo de coisa tristíssima demais, o coração pesa, a garganta dá um nó e a gente se sente impotente demais da conta. E a partir de um certo momento na vida a gente aprende a se preservar, grazadeus, principalmente daquilo que não podemos mudar.

Mas nos tempos atuais, em que a informação chega sem que precise ser requisitada, ficar alheio torna-se um desafio e tem suas limitações. Acabei por ler sobre a tragédia e, claro, comover-me profundamente com ela. Juntei roupas com minha filha pra fazer uma doação, na renitente tarefa de fazer do limão uma limonada e dar uma noção de solidariedade para a Pequena (que acha que Haiti não deveria ser nome de um país, mas de uma bebida, e seus apreciadores seriam então os haitianos. Ah, as crianças…)

Bom, se é pra deixar a emoção fluir, então que seja com uma imagem positiva, de esperança e alegria. Desde já catalogada entre as melhores imagens do ano está o menino resgatado dos escombros  oito dias após o terremoto. O gesto dele, de abrir os braços e sorrir vitorioso e feliz depois de ficar tanto tempo soterrado me emociona até a raiz dos cabelos, e eu chorei todas as vezes em que vi o vídeo. Mas esse choro eu consigo suportar, é um sorriso líquido, que não cabe na boca e tem que transbordar pelos olhos, porque no coração não cabe  tamanha esperança e alegria.


Saramago

Eu entristeci ao saber da morte de Saramago – como de resto todo mundo, afora os imbecis intolerantes, com o perdão da redundância. Logo depois substitui o sentimento por um pesar leve, que a relação com ele era recente e curta, das que ainda permitem que escolhamos o que sentir civilizada e racionalmente. De mais a mais, o senhor já tinha 87 anos, viveu intensamente, a saúde minguava – condições que favorecem a aceitação da morte. Lendo o comovido depoimento do Luis Schwacz, falando do amigo, achei mesmo inadequado sentir qualquer coisa: ali está alguém que pode, de fato, sentir a perda.

No entanto, não pude evitar o lamento; minha reação não-expressa foi “puxa, logo agora?”. Porque me aproximei há pouco dessa figura. Por força do ofício, li recentemente a biografia dele, e fiquei encantada com sua história, seu humor, o amor maduro com Pilar. E, sobretudo, com o extraordinário fato de o único Nobel de Literatura em língua portuguesa ser neto de analfabetos – o que eu considerei emblemático de um certo jeito (nosso?) de ser ibérico: de quem consegue ir tão longe saindo com tão pouco.

Então, ao saber da morte de Saramago, foi como se partisse alguém que acabara de chegar e com quem eu iniciava uma agradável conversa, que prometia ser muito interessante. Sorte minha que a conversa continua, e estou certa que a promessa será cumprida.

Helê

Sem querer

Andei dizendo por aí que eu tô virando cínica – mas constato, desapontada, que não. Pelo menos não ainda. Resta em mim romantismo suficiente  para evocar o Chico e suas canções de amor em contextos nem um pouco buarqueanos. Foram duas ocasiões recentes, ambas cinematográficas. Spoilers ahead.

Em o “Príncipe da Pérsia”, no finzinho, após mil e uma aventuras, o dito cujo, que se apaixonara pela princesa e vice-versa, faz o tempo voltar até o momento em que ambos ainda não se conheciam. Ele mantém a lembrança e volta enamorado. Ela não exatamente, mas sente-se estranhamente atraída pelo recém conhecido. Imediatamente a Rádio Cabeça começou a tocar “Valsa Brasileira”, de Chico e Edu”:

Vivia a te buscar
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu

Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer

Depois, vendo “Sex & the City 2”, prendi a respiração quando Carrie encontra Aidan, o mais gostoso e gente boa dos seus ex-namorados, numa feira em plena Abu Dabi. Graças a essa familiaridade que estabelecemos com uma série e suas personagens – afinal são anos acompanhando aquelas vidas – fiquei realmente tocada pelo inusitado do encontro. E na RC, começou a tocar, claro, “Anos Dourados” – porque é sempre desconcertante rever um grande amor.

Helê

Saco

Impressionante como somos condicionados, e quando você pede uma coisa simples, mas fora do padrão, causa um choque. Um exemplo: dispensar sacola plástica. O cidadão, operando no automático, coloca seu pão francês filho único – que já está num saco de papel – num saquinho e você diz “não, não precisa”. Oito em cada dez vezes eu preciso repetir ou acrescentar, articulando todas as silabas “Não, não precisa de saco”. E muitas vezes a pessoa fica te olhando como se você tivesse falado em outra língua e ela estivesse tentando traduzir, com cara de comassim?!. Juro que às vezes eu chego a ouvir um clique na cabeça da pessoa, o cérebro escangalhando, levando um tranco, uma freada. Confesso que às vezes eu aceito a p*rra do saco por pura preguiça.

Helê

Vibração

Por incrível que pareça, em quase 20 anos de carreira hoje será a primeira vez que sairei mais cedo do trabalho, no Centro, para assistir a um jogo do Brasil.

Na Copa de 1994, estava recém-formada e fui contratada na semana em que os campeões estavam de volta ao Brasil. No meu segundo (ou terceiro?) dia de trabalho, fui toda animada para a rua receber a comitiva dos tetracampeões (só quem viveu aquela Copa sabe o que significou vencer depois de 24 anos esperando uma seleção campeã). O atraso foi homérico. Eu estava com a garganta inflamadíssima. Trabalhava no dia seguinte (emprego novo, recém-formada, não se esqueçam disso). Resultado: à uma da manhã peguei um táxi e fui para casa. No dia seguinte todos comentavam que ficaram até sei lá que horas da madrugada, viram o sol nascer, beberam até cair e tal e coisa, e eu só lamentava não ter visto Romário e companhia. Segundo maior trauma no que diz respeito a eventos históricos, perdendo apenas para a proibição paterna ao Rock in Rio primeira edição.

Em 1998, trabalhava em TV e fiquei de plantão no Rio, para as indefectíveis matérias sobre esquema de trânsito, Alzirão, comemorações na rua etc. Vi quase todos os jogos comendo pipoca na redação com os coleguinhas.

Em 2002, estava grávida e de repouso absoluto por recomendação médica. Não podia sofrer nenhum tipo de emoção forte sob risco de precipitar um parto prematuro. Tá bom pra vocês? Super combina com Copa do Mundo, né? Tentei não acompanhar os jogos, na madrugada (Japão e Coreia, lembram?), mas foi pior: o silêncio torturante me deixava ansiosíssima para saber o que (não) estava acontecendo. Assisti à Copa deitada na cama, muitas vezes cochilando entre um lance e outro.

Em 2006, estava em Cuba. Ficava sabendo dos resultados por um turista italiano do meu grupo, que torcia deseperadamente contra o Brasil, mas, coitado, remava contra a maré: todos em Cuba eram canarinho desde pequenos. Voltei para o Brasil pouco antes do jogo fatídico de nossa eliminação.

Sendo assim, me preparo para daqui a pouco sair à rua e ver o que nunca vi: a cidade se preparando para a festa máxima da nacionalidade brasileira.

E viva o Brasil.

-Monix-

Bafana, Bafana!

Então é isso, começou!

*

La Outra abriu os trabalhos e iniciou as Opniões Não Solicitadas sobre a nossa segunda Copa do Mundo – sim queridos, eu, vocês, nós duas, já temos uma passado, meu amor…

*

Como a Sócia já salientou (adoro usar essa palavra, sempre penso em saliência, of claro!) essa é uma excelente oportunidade para conhecer o Outro. Que, como outras coisas nessa vida, fica mais divertido com filho pequeno. A gente repara como passa certos valores – e aprende outros tantos também.

Eu e a pequena ficamos escolhendo por quem torcer. França  e Uruguai? Uruguai, filha, são nossos vizinhos. México e África do Sul? Os negões, claro – foi mal, Khalo, mas a diáspora fala mais alto. Grita. E dança.

Aí chegamos a Coreia do Sul e Grécia. Por quem torcer? A menina resolve:

Não é na Coreia do Sul que mora a Pucca, mãe? Então! Coreia, claro.

Óbvio, né, gente?!

Helê

Waving flag

Eu sou o pior pesadelo do povo que acompanha futebol: a típica paraquedista da Copa do Mundo. Não entendo nada do esporte, mal sei quem é a bola, desconheço os jogadores, mas de 4 em 4 anos visto a camisa verdeamarela e torço emocionadamente.

É uma torcida mais patriótica que futebolística. É bem verdade que durante as poucas semanas de duração do campeonato aprendo os nomes dos jogadores (sim, sou tosca a ponto de não saber nem isso), finjo que entendi o conceito de impedimento, arranho a superfície da compreensão de técnicas e táticas, decoro a tabela. Dois dias depois da final, já não sei mais nada. Mas o que me importa é a festa que une o país inteiro em torno de uma ideia. A pátria de chuteiras é uma potência internacional, dentro de campo nós sabemos como funcionar, exploramos ao máximo o conceito de excelência que tanto nos faz falta nos serviços e na infraestrutura. Eu nasci na década de 1970, quando era considerado de bom-tom torcer contra e futebol era sinônimo de alienção política. Quarenta anos depois, a discussão já está mais do que superada, e acho o contrário: que os valores associados ao futebol brasileiro deveriam ser apropriados positivamente pela política, pelos negócios, pela cidadania.

Outra coisa que me fascina em Copas do Mundo é a possibilidade de ver as nações se enfrentando no âmbito do esporte – a forma que a civilização encontrou para canalizar a energia guerreira que todo país traz em si. A Copa, assim como as Olimpíadas (ainda que de forma mais diluída), ensina aos povos do mundo que é possível competir, afirmar superioridades e conquistas, sem destruir, sem belicismo. Acho do cacete.

Por fim, a cada competição de grande porte, aproveitamos para conhecer mais sobre os países que sediam o evento, sua cultura, costumes, diferenças e semelhanças. E não consigo pensar em uma forma mais interessante de se diminuir a beligerância entre os povos além desta: conhecê-los.

Boa Copa para todos nós – e que venha o hexa!

-Monix-

PS – De quebra, nesta Copa teremos o prazer de ouvir o mais belo hino já composto para uma competição esportiva. Salve a waving flag.

Flashes do niver

Pra quem foi, foi bom demais, já cantou Gonzaguinha.Recuerdos de nossa festeeenha – com participações especiais, convidados e convidadas belíssimos e nosotras bem contentas.

Comentários, lá ou aqui, são sempre muitíssimo bem-vindos!

As Duas Fridas

Dura Lex ou a Menina e a Lei

Deve ser a idade, não sei, mas o fato é que minha filha acredita na força da lei. Com tamanha certeza que fiquei surpresa, imaginando de onde veio tamanha crença. Em duas ocasiões recentes o respeito ao código penal manifestou-se:

Cena 1:

Na rua, vemos uma pessoa recolhendo o cocô do cachorro. Comentamos a boa ação, e ela observa que a prática tornou-se frequente. Donde deduziu:

– Deve ter virado lei, mamãe.

– Não minha filha, não virou.

– Claro que virou lei, mãe, só pode!

*

Cena 2:

Vendo as modelos desfilando nas féxions uiquis da vida, seriíssimas, todas fazendo carão, ela pergunta, intrigada:

– Mãe, elas não podem rir não? É proibido? É contra a lei?

Helê

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