Conversão

Há um ditado em inglês que sempre achei divertido que diz: “não se ensina novos truques a cachorros velhos”. Pois eu, depois de velha, comecei a gostar de cachorros. Não que eu não gostasse, propriamente, mas ao ver um só pensava em dois Ms: ‘medo’ e ‘morde’. Qualquer cão, até o menor chiuaua. Como nunca fui mordida, sequer ameaçada, não consigo explicar muito bem o porquê desse comportamento, a não ser pela mais batida e freudiana das desculpas: “é a mãe” – a minha também tem muito medo. Deve contribuir não ter convivido  com cachorros quando criança. O único que me lembro na infância, da minha vó, era meio brabo e chama-se Tupã, olha que  tenso.
Do mesmo modo não sei explicar direito quando isso começou a mudar. Desconfio  que boa parte eu deva ao César Milan. Comecei a assistir ao programa dele meio sem querer e passei a apreciar a maneira como ele lida com os bichanos, a história da energia, da postura e passei a experimentar secretamente. Parei de, por exemplo, mudar de calçada ao ver um cachorro e, surpresa! Vi que muitos não me davam a menor atenção ao passar do meu lado, a paranóia era toda minha mesmo. Também contou para isso conhecer criaturas adoráveis como o Sushi, da Dedeia, a Flora e o Choco, da Andreia. Até chegar ao meu amante mineiro, o negão sedutor Nelson Rodrigues, por quem me apaixonei perdiamente em agosto passado.
Nunca serei uma dog person legítima, ainda existe o registro do medo aqui em alguma parte. Ter um está fora de cogitação – já tenho filho, obrigada. Mas me causa imensa satisfação ter mudado um comportamento arraigado (old habits die hard!), que me privava de experiências prazerosas. Outra alegria é influenciar meu filhote, que ia pelo mesmo caminho e agora, como eu, sente como uma vitória poder aproximar-se e desfrutar da companhia de bichos que podem ser encantadores como ninguém.

Acima, à extrema esquerda, de perfil clássico, Baco, o Bom; logo abaixo, eu e Oliver, o cão Highlander; de orelhas esparramadas na grama, o apertável Sushi. Logo abaixo, eu e meu amante Nelson Rodrigues, olho no olho; imediatamente abaixo Tosh, o primeiro cão que minha filha abraçou. E o biquinho para Flora e Choco, à esquerda.

Helê

7 Respostas

  1. Nao sei o que é mais lindo, se Baco peladinho ou as pernas da minha mãe. Foto em casa de pobre é um tristeza. Garrafa de coca-cola, parede sem reboco, é lamentável. Helena, pare de se dar coessa gente, fia, oia a classe. (gente, Baco é o cachorro mais lindo do universo, meu deus, como pode tanta beleza corporal num corpim tão miudim???)

    Falzeta, Juju se apaixonou por ele de ouvido, o que vc quer mais? Ele é tuda, gente, cês num têm ideia!
    Bj,
    H.

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  2. Sempre amei cachorros , tive varios .Valon, minha filha foi mordida quando tinha 5 anos, teve que dar ponto e tudo mas continua uma cinofila daquelas.
    Ha três meses adotamos uma cadela que é o cão . Ja destruiu sapatos, moveis, tapetes mas continuo achando que foi a melhor coisa que fizemos mesmo tendo que lavar o banheiro umas 4 vezes por dia.O nome dela é Chanel, uma vira-lata très chic .

    Chanel Marley, né? :-D Sim, eu li o livro, pra você ver como estou me empenhando!
    Beijo, K.
    Helê

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  3. Que bom que o medo passou! Você vai descobrir cada vez mais motivos para adorar esses peludos! Eu sou uma apaixonada por cães e gatos, daquelas que têm várias histórias de envolvimento afetivo. Não sei se nos próximos capítulos, você não se surpreende mais ainda – afinal já fez um movimento interno e tanto, não é não?
    Beijo!

    Obrigada pelo apoio, Claudia :)
    Beijo,
    Helê

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  4. Eu só tive bichos quando era criança, depois foi só aos 27 anos que resolvi ter um gato. Somente quatro anos se passaram mas esse primeiro gatinho mudou minha vida, depois dele vieram muitos outros animais, voluntariado e uma ONG e no dia 01/02 começo a faculdade de medicina veterinária aos 31 anos. :)

    Nossa, Dani, que depoimento forte. Obrigada por partilhar. Volte sempre, a casa é nossa.
    Aquele Abraço,
    Helê

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  5. Nelson está te mandando uma lambida e um auauau, que se traduz por “estou com saudades!”

    Também estou com saudades!

    Mil beijos!
    Meg

    Ai que saudade de Nelsão, meu negão de tirar o chapéu, como diria Alcione! E de você tudo também, beijos fartos, viu?
    Helê

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  6. O primeiro cachorro que realmente conheci foi o de meu tio Avelar, apropriadamente baptizado de Diogo (Cão). Sempre viveu livre e solto no Caramulo da minha infância, correndo para lá e para cá, acompanhando meu tio e minha avó Fausta para as lides do campo, entretendo-se caçando cobras e sendo gentil com a criançada. Morreu de velhice tinha eu 18 anos, e nunca mais conheci outro cachorro que chegasse sequer perto dele. E se perguntar ainda hoje no Caramulo quem foi Diogo Cão, o mais certo é o descobridor de Angola levar a pior…

    Adorei o nome, Pedro, hahaha! Nessa nova fase passei a ver os cachorros como indivíduos, com personalidades próprias. Antes era tudo cachorro e mordia, pronto. Diogo deve ter sido uma figura!
    Beijo,
    Helê

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  7. Aêêêê… Seu aprendizado estará completo quando vc coçar a barriguinha da Tonks ;)

    Não sei se já atingi esse estágio, Ana…:)
    Bj,
    H.

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