Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o sul. Ele, o mar, está do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: ‘Me ajuda a olhar!’.
(Eduardo Galeano em O Livro dos Abraços)
Amo esse texto do Galeano, que sempre me emociona, toda e cada vez que releio. Porque muito se fala sobre os desafios e dificuldades de criar filhos – e é tudo verdade. Mas, vou te contar: tem momentos incríveis em que somos fundamentais não para educar, reprimir ou amparar, mas para ser feliz junto, dar conta da beleza da vida, para ajudar a ver o mar. É quando a gente se sente maior que o mar e quase afoga de tanto amor. E tem certeza que a extraordinária aventura de ser mãe (ou pai) vale cada minuto.
Helê
*E esse post, que repousava há semanas nos rascunhos do blogue, aconteceu de vir à luz hoje, aniversário da minha mãe, que me ajuda a olhar até hoje, graçasadeus. Parabéns pra ela e para essas “coincidências” da vida.
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