Vi esse vídeo ontem no Feissy e compartilhei na hora (coisa que faço cada vez mais raramente). Fiquei muito, muito comovida com o que Dustin Hoffman diz e também com sua emoção genuína e despretensiosa – ele não está promovendo um novo longa ou livro, mas falando de um filme que rodou há décadas. Dustin relembra “Tootsie”, megasucesso em 1982, em que vive um ator desempregado que consegue um papel e sucesso se fazendo passar por uma mulher.
“Como eu seria diferente se eu tivesse nascido mulher?” Hoffman encontra a resposta logo após conseguir se passar por uma e sentir, ato contínuo, a opressiva necessidade de ser bela. Sensível, ele percebe com pesar todas as pessoas interessantes que deixou de conhecer porque foi adestrado para exigir determinadas credenciais femininas antes de sequer se aproximar. Ele conclui com dificuldade, a voz muito embargada, sobre “Tootsie”: “Para mim nunca foi uma comédia”.
Aí você pensa: ‘Tá, ok, mas o que tem isso a ver? O cara tá falando da experiência dele ao fazer um filme 30 anos atrás…” E poucas horas depois eu vejo no tumbrl que Marion Bartoli, tenista francesa de 28 anos que venceu o torneio de Wimblendon, está sofrendo bullying virtual porque é “muito feia para ganhar”.
Ganhar um dos quatro campeonatos de tênis mais importantes do mundo. Não o Ford Models ou Miss Universo, mes amis.
I rest my case.
Matéria do Daily Mail sobre os ataques à Marion
Helê
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