…meditar
ou
…voar
Para meus amigos water lovers, R. e A.
Helê
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ou
Para meus amigos water lovers, R. e A.
Helê
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É hoje, galere, dia de festejar Monix e celebrar a nossa sorte de tê-la em nossas vidas. Vale para os da família real e a extensa, para os amigos, para conhecidos, leitores juramentados e eventuais: ninguém passa por essa moça sem ser tocado, de algum modo, pela sua personalidade elegante e rica. Eu, desde que esbarrei não larguei dela nunca mais. Ô sorte!
Helê
Filed under: Nosotras, Umbiguices | 4 Comments »
A 2ª Bienal do Livro de Brasília, que se encerrou nesta segunda-feira, homenageou vários escritores brasileiros e estrangeiros com grandes fotos exibidas em murais, ao lado de excertos de textos de suas autorias. Como o evento ocorreu na Esplanada dos Ministérios, cartão postal de Brasília, meca da política nacional e o principal centro de circulação de carros da cidade, foi um sinal de grande prestígio para o escritor ter seu nome, seu rosto e seus textos exibidos ali, em tamanho gigante, durante mais de uma semana.
Fiquei muito feliz ao ver o rosto da Carolina de Jesus estampado num mural enorme, que eu calculei em mais ou menos 5 m X 5m de dimensão, bem na entrada principal da Bienal. Era impossível não vê-la ao entrar na Bienal. Mais interessante ainda foi constatar que, ao lado de imagens de nomes consagrados como Eduardo Galeano, Ariano Suassuna, Ana Maria Machado, Naomi Wolff e Mia Couto, fulguravam o de Carolina e o da maior escritora de S. Tomé e Príncipe, Conceição Lima. Havia também outros escritores negros africanos e latino-americanos. Enfim, a negritude estava bem representada. Alvíssaras!
Christian Morais, jornalista, nosso leitor querido e blogueiro convidado de hoje.
Filed under: Be my guest, Casa da palavra | Tagged: literatura, negritude, relações raciais | 2 Comments »
“Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge
Para que meus inimigos tenham pés e não me alcancem
Tenham mãos e não me peguem e não me toquem
Tenham olhos e não me enxerguem
E nem em pensamento eles possam ter para me fazerem mal”
Helê
Filed under: O Rio de Janeiro continua lindo, Religare | Leave a comment »
E a Maratona de Boston tem um campeão americano depois de mais de 30 anos, na primeira edição após o chocante atentado de 2013. Não assim um americaaaaano como eles gostariam: o cara nasceu na Eritreia, tem sobrenome impronunciável e é preto, mas who cares? Encaixa no enredo de superação e redenção que eles tanto prezam. Os narradores da emissora em que que vi falavam em “real american dream“, pra você ter uma ideia. E comemoraram aos berros, pra Galvão nenhum botar defeito.
Mas a minha rabugice não é maior que meu sentimentalismo, e eu me emocionei com a chegada de Meb Keflezighi, apenas 10 segundos antes do 2o colocado, ovacionado pela multidão. Ok, Tio Sam vai transformar tudo isso em código de barra, vender e lucrar, indeed, mas a matéria prima é genuína. Leio agora que o cabra tem 39 anos e, mesmo tendo uma medalha olímpica no currículo, não estava em nenhuma lista de favorito. Que dizer, o típico azarão que a gente gosta de ver ganhar porque se identifica.
(E eu, que no ano passado era a única pessoa realmente chocada com as imagens do atentado no meu local de trabalho, passei parte do feriado de hoje catando informação sobre a maratona na internet. Corredores entenderão ;-) ).
Helê
Filed under: Corro, logo, penso, Opiniões Não Solicitadas | Tagged: corrida | 2 Comments »
I fought the law
And law wonSonny Curtis
Eu tenho medo de polícia. Talvez por ter nascido durante uma ditadura, não vejo os agentes da lei como pessoas que estão ali para me proteger (como a minha priminha nascida na Suécia acredita, cheia de razão). Somando a isso minha recusa em colaborar com a cultura da corrupção que se traduz em “molhar a mão do guarda”, sou aquela que anda sempre certa – quem me conhece sabe que não bebo nem “só pra brindar”, “só uma bicadinha”, quando estou dirigindo, nem tampouco fico procurando no twitter da Lei Seca onde estão as blitzen para escapar pela direita. Ando acreditando que “quem não deve não teme” e vou em frente.
Daí que quando fui parada na sexta-feira passada* saí do carro super confiante, entreguei meus documentos e soprei o bafômetro na boa. Só que esqueci de contar que apesar de ser super caxias tenho uma incapacidade crônica para entender a burocracia, por isso descobri, tarde demais, que vistoria é uma coisa e licenciamento anual é outra, e que o fato de meu carro estar dispensado da primeira não me liberava de providenciar a segunda. Resultado: meu carro foi apreendido. Numa sexta-feira, às 23:51, horário que mais tarde na história se mostrará importante.
Passei o fim de semana entre a negação e a raiva (de mim mesma), buscando consolo com amigos queridos que me garantiram que ninguém anda com os documentos em dia, que a culpa não era minha, que a punição é desproporcional ao erro e que tudo ia dar certo. Na segunda-feira corri atrás de levantar os documentos e na terça me desabalei até Santíssimo, bairro que nunca fez parte da minha geografia particular. Bairro que fica a 50 quilômetros de distância do meu trabalho. Por que levaram meu carro para lá? Não sei.
O que descobri ao chegar**: além do meu carro, havia centenas de outros, além de motos e vans, muitos há meses no depósito. Para retirá-los de lá, não basta providenciar a documentação. É preciso pagar a taxa de reboque e a diária do depósito, que é calculada na hora pois é preciso saber quantos dias o carro permaneceu no pátio. Mas além da complicação burocrática, tem uma pegadinha quase sádica: há apenas um funcionário para atender a multidão de motoristas que estão ali para retirar seus carros. Uma pequena multidão confinada entre quatro grades, sem lugar para sentar, todos aguardando a senha ser chamada, entre resignados e revoltados, ou ambos.
Foi só aí que me dei conta que eu, em 44 anos da minha vida pequeno-burguesa-classe-média-zona-sul pouco ou nunca tive contato com o Estado, assim, em maiúsculas, e todo seu poder. Estudei em escola particular, tenho plano de saúde, etc. (Cursei universidade pública, mas a vivacidade do ambiente acadêmico superava qualquer dificuldade burocrática.) E olha, a gente sabe que lidar com o Estado brasileiro não é fácil, mas passar pela experiência na própria pele foi como aprender uma dura lição de humildade.
Não há possibilidade de vencer. Você, indefeso cidadão, nunca estará certo a priori – nossa malha burocrática foi estruturada na premissa de que somos um país de desonestos, o que não deixa de ser uma triste verdade. Então tudo tem que ser selado, carimbado, rotulado, autenticado, se quiser liberar.
Havia pessoas lá desde a primeira hora da manhã. Outras tinham começado a peregrinação na véspera. Um homem tentava conferir se o carro estava mesmo naquele depósito, pois teria que pagar 13 mil reais para liberá-lo. Um casal não entendia o porquê de na véspera terem demorado tanto a emitir a guia de pagamento para confirmar se o carro estava no pátio, e no dia seguinte, quando voltaram com tudo pago, já não estava mais.
Eu achava que estava com tudo certo. Aliás, estava até feliz pois tinha descoberto algo que aparentemente ninguém ali sabia: é possível calcular a tal taxa pela internet, no site do Detro. (Detalhe sórdido: aqueles nove minutos da sexta-feira? Sim, foram cobrados. Assim como o sábado e o domingo, que não são dias úteis. Ou seja: rebocam o carro numa sexta à noite, a pessoa corre o mais que pode para recuperá-lo na terça, e paga cinco dias de taxa. Em dinheiro. Em um único banco.) Só que quando chegou a minha vez, faltava um documento. Que só podia ser obtido no Detran. O Detran já estava fechado. A solução: voltar no dia seguinte, antes do meio-dia, ou ter que recalcular tudo, sacar o dinheiro, pagar, voltar para a fila, etc. Uma espiral de insanidade, enfim.
No fim, tudo foi resolvido. Mas, como eu disse lá no início, tenho medo de polícia – ou seja, passei parte da semana com a adrenalina no alto, sem dormir, comendo pouco, com dores no estômago. Sem falar que perdi dois dias de trabalho.
Por isso, crianças, vos digo: não andem sem a documentação em dia. Alguém merece passar por isso, mas não vocês. Nem eu.
-Monix-
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Esta semana a grande polêmica da internê é a campanha “Não Mereço Ser Estuprada”, criada após a repercussão de uma pesquisa que revelou que 65% dos brasileiros acham que uma mulher que usa roupas provocantes “merece ser estuprada”. Houve uma justificada reação de choque, ainda mais quando se constatou que a maioria dos entrevistados da pesquisa era composta por mulheres.
Só que esse resultado não deveria ser assim tão surpreendente.
O Brasil, apesar de nossa auto-imagem de povo pacífico, alegre, até mesmo cordato, é possivelmente um dos países mais violentos do mundo.
Além dos óbvios – e graves – problemas de segurança pública, não mais circunscritos às principais metrópoles mas já alastrados endemicamente por todo o território nacional, temos um índice de acidentes de trânsito mais alto que a Guerra do Vietnã, ou da Coréia, ou, se duvidar, ambas. Também temos uma questão varrida convenientemente para debaixo do tapete, que é a alta proporção da população negra masculina no índice de mortes violentas (assassinatos) a cada ano. Sem falar nas nossas cadeias-universidades-do-crime e na nossa polícia que atira primeiro e pergunta depois.
Violência contra mulheres (e homossexuais) não conta, afinal, esses “merecem” quando “provocam” e não sabem “seu lugar”.
Ou seja, né? Não somos violentos. Mas autocrítica não é exatamente nosso ponto forte.
-Monix-
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Este deve ter sido o primeiro grande paradoxo da minha vida: esta imagem icônica de Che Guevara está intimamente ligada à ditadura militar na minha memória afetiva. Por causa dela fiz perguntas que nem sempre obtiveram respostas, mas aprendi lições. Eu era uma criança pequena, menos de sete anos, e não entendia o retrato daquele homem no fundo do armário do meu pai, atrás de todos os cabides. Por que ele estava tão sério? Seria amigo do meu pai? Se ele gostava tanto do moço, a ponto de ter um retrato dele, por que tinha que ficar escondido? Alguém disse que se vissem aquele pôster papai podia ser preso, mas achei que era daquelas coisas exageradas que dizem para assustar as crianças. Anos depois o retrato foi para a parede da sala da casa do meu pai – que já não era a minha, eu então já tinha outras questões não respondidas. Mas já havia compreendido que há mesmo coisas muito assustadoras na vida, inclusive para os adultos.
Helê, inspirada num post da Daniela Yabeta, sobre como o golpe de 64 influenciou sua vida
Filed under: Ágora, Umbiguices | Tagged: ditadura militar | 2 Comments »