Esta semana a grande polêmica da internê é a campanha “Não Mereço Ser Estuprada”, criada após a repercussão de uma pesquisa que revelou que 65% dos brasileiros acham que uma mulher que usa roupas provocantes “merece ser estuprada”. Houve uma justificada reação de choque, ainda mais quando se constatou que a maioria dos entrevistados da pesquisa era composta por mulheres.
Só que esse resultado não deveria ser assim tão surpreendente.
O Brasil, apesar de nossa auto-imagem de povo pacífico, alegre, até mesmo cordato, é possivelmente um dos países mais violentos do mundo.
Além dos óbvios – e graves – problemas de segurança pública, não mais circunscritos às principais metrópoles mas já alastrados endemicamente por todo o território nacional, temos um índice de acidentes de trânsito mais alto que a Guerra do Vietnã, ou da Coréia, ou, se duvidar, ambas. Também temos uma questão varrida convenientemente para debaixo do tapete, que é a alta proporção da população negra masculina no índice de mortes violentas (assassinatos) a cada ano. Sem falar nas nossas cadeias-universidades-do-crime e na nossa polícia que atira primeiro e pergunta depois.
Violência contra mulheres (e homossexuais) não conta, afinal, esses “merecem” quando “provocam” e não sabem “seu lugar”.
Ou seja, né? Não somos violentos. Mas autocrítica não é exatamente nosso ponto forte.
-Monix-
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