Pelo vidro

PUBLISHED by catsmob.com

(Do Petapeta)

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(Do Weheartit)

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(Encontrado em observando.net)

Continuação de Pelo vidro

Helê

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Pequenino

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Da  série “Corações”

Helê

Legenda, por favor

Reeditando uma série antiga no blogue, no melhor estilo colaborativo: eu acho a imagem, vocês sugerem a legenda, ok?

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(do CyBerGaTa)

Helê

This is not Facebook

Sobre perder o emprego inesperadamente: alterno dias ruins com outros péssimos, com algumas pausas. Tem horas que não dói porque eu não lembro, não é que melhorou (acordar tem sido custoso). Segunda-feira passada foi uma pausa de alegres compassos, um almoço regado a morango, sorriso e amizade, tudo ao ponto. No sábado foi assim o dia inteiro, que fantástico, hub de amor. Mas no domingo veio a rebordosa: foi como descer de uma montanha russa direto na água gelada (das coisas que eu mais detesto, nem pra beber gosto). Mal conseguia respirar direito. Rio alto, como se sabe, mas sofro miudinho, tenho pudores de fazer drama desnecessário. Tenho espasmos de culpa – sempre ela, não falha nunca. Afinal, a menos que você seja funcionária pública, ser demitida é sempre uma possibilidade, como me lembrou alguém em um comentário arrasador que serviu para acrescentar culpa à dúzia de sensações ruins que eu já estava sentindo, sempre cabe mais uma. Rejeição, fracasso, medo, espanto. Tenho espasmos de otimismo, as pessoas que me amam só me lembram coisas boas e além disso, se essas pessoas tão incríveis gostam tanto de mim, caramba, eu devo mesmo ter algumas qualidades, uma ou outra deve servir para arrumar um novo emprego, não? Mas é que foi repentino e por isso violento, não lido bem com isso, não gosto de mudanças, mas de transições. Eu gostava do meu trabalho. Quando minha amiga deixou o escritório e todos um pouco atônitos, provocou em nós esses questionamentos sobre o que a gente quer mesmo, se estamos onde gostaríamos de estar e a minha resposta foi sim. Poderia ser melhor, eu deveria e precisava ganhar mais, mas aquele lugar não me oprimia, eu não sentia que estava vendendo meu tempo por nada — embora, claro, eu sempre tivesse outros planos para as horas livres. Que eram totalmente livres, eu nunca levava o trabalho para casa, o que era uma de suas qualidades. Talvez eu estivesse apenas conformada, me contentando com pouco, settling for less – sou boa nisso. Mas agora não adianta mais porque não tenho mais aquele lugar, os colegas, a vista para a Baia, meu trabalho. Perdi também algo que me é muito caro, a minha rotina. Acordo e penso em milhares de coisas que posso e tenho que fazer e acabo como a centopeia, paralisada sem saber onde levar as pernas. E mesmo quando começo a fazer algo, como vir aqui chorar as mágoas no teclado, fico com a impressão que deveria estar fazendo outra coisa qualquer, mais importante e útil. Parece que nunca estou no lugar certo fazendo a coisa adequada – já estive? Fracasso, fragilidade, vergonha, tristeza. Uma tristeza enorme, uma sensação de vazio, me sinto solta como uma balão no ar, e eu sei que essa pode ser uma imagem linda e poética, mas nunca para a criança que ficou com a mão para cima, tentando agarrar o que já não está. É, eu sou a criança, dispensa Sigmund que não tem metáfora nem sutileza. Por isso fui ao cinema ver “Terremoto”, duas horas de mudança repentina e violenta, tudo desmoronando, mas não era eu, que bom. Sim, tenho lapsos de humor, então nem tudo está perdido. As coisas vão se ajeitar, eventually. Eu vou me ajeitar, porque afinal é o que eu faço, o que venho fazendo já há alguns anos. Eventually – eu amo essa palavra. Em algum momento, espero que logo, transformo a tristeza em algo mais produtivo, como raiva, por exemplo, e uso a meu favor, há de servir. Use your skills to pay the bills, me ensinou a drag queen. Mas nesse momento, nesse junho de 2015, não consigo deixar de achar que não é justo, que eu realmente não precisava disso.

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Helê

Nós que nos amávamos tanto

Fomos chegando aos poucos, uma de cada vez, se apresentando timidamente, puxando uma cadeira virtual e sentando para o papo interminável no incrível boteco digital que era o Mothern, um blogue de raiz. Isso no tempo que blogue era coisa moderna e que aqueles que tinham livro de visitas eram os que realmente valiam a pena.
Ao longo de anos, forjamos uma amizade daquelas raras. Um grupo tão grande de mulheres de idades diferentes, cidades diferentes, histórias diferentes, e mesmo assim uma compreensão tão grande umas das outras, que nem a passagem dos anos e o crescimento dos filhos fez esmaecer.
Aliás, pelo contrário: nossos filhos perpetuam esse laço, e cada vez que se (re)encontram ou se (re)conhecem parece que são mesmo amigos de infância – o que não deixa de ser verdade.

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Tantos anos depois, não pensei que seria possível ainda estarmos juntas. Não só estamos – virtualmente – como, pela primeira vez, conseguimos reunir essa mulherada de todo o Brasil, filhos e maridos, num encontro quase mágico de tão incrível. Depois de um dia como este, escrevo meio embriagada, apesar de ter bebido pouco, e bastante emocionada. Que venha o próximo.

-Monix-

Aquele um – parte 4

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(Unknown Photographer The first day of school, Portugal, 1936 Also Encontrado em faciepopuli.com)

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(Be yourself! (1942) em Zona Diversa MX., via Claudio Luiz)
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( Alex Howitt, via Pinterest)
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(Encontrado em afterthecups.tumblr.com)

Helê

Dia desses eu estava na cozinha realizando tarefas diversas, preparando ao mesmo tempo  o café da manhã e o almoço: tinha duas panelas no fogo, folhas de molho, descasca daqui, lava dali,  seca, corta,  tempera. Naquele modo  polvo em que a gente entra pra dar conta das coisas no tempo que não temos. E de repente, do nada, lembrei de mim mesma, criança, observando minha mãe na cozinha fazendo o mesmo. Lembrei de pensar: “Como é que ela sabe a hora certa de fazer cada uma dessas coisas?”  Acreditava piamente que os adultos aprendiam essas coisas difíceis  nas séries mais adiantadas ou na faculdade.

Foi uma recordação estranha,  me  atingiu  de um modo brusco e ao mesmo tempo muito nítido. Também foi inusitado lembrar não de um acontecimento, mas de um sentimento: a admiração diante da habilidade da minha mãe, em particular, e dos adultos em geral; a destreza deles para lidar com as coisas complexas da vida. Logo em seguida senti saudade desse tempo em que eu acreditava que, mais adiante, eu aprenderia tudo o que precisava para viver bem, era só questão de tempo. Ou esse adiante  está muito mais  longe do que pensava ou, suspeito, nunca chegará.

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Helê

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