Morro de curiosidade de conhecer um deserto, acho fascinantes as cores, as proporções, as texturas. Dia desses vi um documentário sobre o deserto da Namíbia, que tem encantos peculiares como o encontro abrupto com a costa, a neblina formada a partir dessa junção, as dunas mais altas, atingindo até 300 metros de altura. Mas fiquei impressionada mesmo ao saber que, sendo o deserto mais antigo do mundo (tem algo em torno de 55 milhões de anos, enquanto o Saara não tem mais que sete), possui o maior número de espécies animais. Eu esperava o contrário, que num lugar inóspito há tanto tempo a vida animal fosse restrita, microscópica. Que nada: insetos, répteis e até mamíferos como antílopes e elefantes adaptaram-se como em nenhum outro ecossistema semelhante. No deserto mais antigo a vida animal é abudante porque aprendeu a se adaptar; o tempo mostrou-se uma vantagem para que a vida encontrasse meios de resistir e se perpetuar, a despeito das condições, contra as expectativas.
Uma ensinamento que não consigo esquecer, embora suspeite que não tenha sido capaz de compreendê-lo plenamente. Lição tão poderosa que sequer ouso usá-la como metáfora para o que quer que seja. Mas, sei lá, me soprou uma esperança difusa.
Meu coração não se cansa.
Helê
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