Tenho um nome a lazer, como já disse aqui algumas vezes. Uma reputação conquistada depois de quilômetros de serpentina, nuvens de purpurina, confetes grudados na alma até hoje, desfiles sob o sol inclemente e debaixo de chuvas desnecessárias. Porres e perrengues igualmente homéricos, histórias impagáveis, flertes impegáveis e desfiles memoráveis. Uma folha corrida carnavalesca que inclui a fundação de um bloco* e um vasto acervo de acessórios, memórias e alegrias onde as datas se confundem, mas nada se perde e tudo transborda.
Apesar ou por tudo isso, não sei fornecer roteiros, simplesmente porque não há um mapa secreto com um xis certeiro no carnaval bem-sucedido. Não para esta festa de desacertos perfeitos, inversões e reversões, libertina e insolente por natureza, mas que beleza. No reinado do deboche e do improviso, minhas poucas certezas sambam ao som do primeiro batuque. O bloco incrível do ano passado pode lotar demais esse ano; aquela fantasia ótima pode não caber; e se o seu parça de folia de repente virou monge? Fora que o nem sei de que lado você samba, vai que é diferente do meu?
Quem busca a boa não teme a roubada, então só nos cabe saudar Momo, bater cabeça e pedir passagem, vestir o melhor sorriso e ver aonde nossa fantasia vai nos levar. Encontre com amigos bacanas e bacantes, que carnaval se conjuga no plural e em todos os tempos do verbo brincar. Ouça o batuque do coração e sinta o pulsar do bloco que passa: se o corpo mover, vai que é tua, mesmo se te faltar a graça da passista ou o garbo do mestre-sala. A ordem do rei ordem é brincar quatro dias sem parar – principalmente de ser feliz .
Depois, mesmo se não for assim uau, basta escolher bem as palavras e contar bem contadinho. Vão achar que você sabe tudo de carnaval e até te pedir um roteiro no ano que vem. ;-)
Evoé, Momo! Bom Carnaval pra geral.
Helê
*Para quem não conhece, veja aqui a ata de fundação do Me Chama que Eu Vou, que vai completar sete anos e conta este ano com reforço importado da terra da Rainha.
**Na foto, eu de porta-estandarte no Escravos da Mauá, desfile deste ano. Pinto no lixo define.
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Então, sou daquelas que não gostam de Carnaval – ou não ligam pra ele, considerando que também não tenho nada contra. “Noite dos mascarados” me emociona profundamente e uma ou outra música das antigas fazem parte da minha memória afetiva, mas paro por aí. Acontece que vc escreve com uma boniteza tão grande, que é impossível não comungar de alguma forma com suas sensações! Com sua licença, texto arquivado com os devidos créditos para leituras e deleites futuros. Lindo! Beijo!
Beijos, Claudia, muito obrigada pelas palavras generosas.
Helê
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