(Salvo de anatomydiagramnature.tumblr.com)
Da série “Corações”
Helê
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Da série “Corações”
Helê
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Lembro claramente da Monix fazendo uma correlação entre a mudança na legislação do emprego doméstico e as mudanças sociais retratadas em Downton Abbey. Eu jurava que ela tinha escrito isso em um post, mas depois de procurar aqui no blogue acho que ela deixou passar a oportunidade, infelizmente. Deve ter sido dito nos nossos posts vividos, em algum almoço ou mesa de bar (sim, são ótimos esses, mas nem sempre podem ser convertidos em texto).
Na época, como eu ainda não havia chegado a Downton, achei um exagero, mesmo sem entender completamente; hoje acho que era só inveja de uma série que não era a minha e da perspicácia da Sócia. Desde o primeiro capítulo eu lembro dessa observação da Monix e penso no quanto ela foi sagaz. Guardadas todas as muitas proporções, era do que se tratava na série: mudanças de costume, sociais, políticas, tudo junto. E as conquistas dos empregados domésticos no Brasil em 2013 também provocaram mudanças em diferentes esferas da vida cotidiana de certa classe média. Quem viveu intensamente uma e assistiu simultaneamente a outra pode facilmente concordar com a comparação.
Agora, depois da minha estadia em Downton, fiz o meu próprio paralelo melancólico. Demorou um pouco a cair a ficha, mas a situação do mordomo que procura um emprego que não existe mais me pareceu estranhamente familiar. Numa entrevista, ele é informado que precisa ser também chofer, valete, criado e jardineiro, acumulando muitas funções pelo salário de um funcionário. As habilidades de mordomo, que ele possui com larga experiência, são apenas parcialmente desejadas; precisa-se de alguém que faça razoavelmente um pouco de cada coisa. Mais ou menos como um jornalista neste início de século, de quem nem se espera que escreva com correção e brilho e apure com diligência. Isso até tem alguma utilidade, mas ela ou ele também deve saber gerenciar redes sociais, criar anúncios e entender sobre plano de negócios. E isto por um salário que seria risível se não dependêssemos dele para viver. Pode ser um exagero; só o tempo dirá se nós, jornalistas, seremos de fato extintos, como dinossauros e mordomos.
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Essa é uma das muitas qualidades de Downton Abbey: ser sobre o passado e sobre hoje de manhã, porque o tempo não para, mas também se repete – como farsa, maldição ou burrice, vai saber. Uma rica e sedutora aula de história que revela origens, curiosidades e surpreendentes semelhanças.
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Há também as intrigas, segredos, amores, traições, todos os ingredientes de um bom folhetim em que a eletricidade, o telefone, rádio e carro são apresentados como o que já foram um dia: novidade. Era o mundo moderno começando, esse que hoje vemos desaparecer ou pelo menos mudar irreversivelmente. Se nada disso for suficiente para despertar seu interesse, vale a pena assistir Maggie Smith lacrando durante as seis temporadas, sem perder a oportunidade de tornar memoráveis cenas que, feitas por outra atriz, seriam apenas boas.
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Minha librianice ficou absolutamente deslumbrada com a classe, a pompa, os rituais e toda a arquitetura social daquele mundo. Mesmo incomodada com a desigualdade de classes, com o moralismo vazio e opressor, não pude deixar de me encantar com os vestidos deslumbrantes e acessórios charmosíssimos (ah, as luvas acima do cotovelo, os chapéus, usar penas na cabeça sem ser carnaval!). Tudo absolutamente fino e glamouroso. No entanto, eu desconfio que artigo mais luxuoso em Downton Abbey, de fato invejável, seja o tempo. Claro que este valor também era mais farto entre os nobres, mas o mundo vivia numa outra rotação. As pessoas escreviam cartas e bilhetes, pensavam por semanas antes de resolver um problema, esperavam dias por uma resposta. Não sei se viveria bem naquela época, mas gostaria de desfrutar daquele tempo.
Helê
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(Via Evolution of a Queen)
O título é de uma canção da Demi Lovato – porque o pop também pode ensinar valiosas lições.
Helê
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Passei a semana toda querendo postar. Mesmo para uma periodicidade aleatória, it was about time, como dizem os ingleses. Depois porque foi uma semana difícil de muitas maneiras e para quase todos, e dizer algo parecia um dever. Por outro lado, dizer qualquer coisa equivaleria a ser imprudente, o que deveria ser evitado. Mesmo as imagens, que volta e meia me servem tanto ou mais que as palavras, mesmo para elas não pude achar o tom correto. Quem mais se aproximou de representar o meu estado de espírito foi esse meme antigo do meu cientista favorito, Neil deGrasse Tyson :
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Mas hoje eu li o texto da Mary e, nossa!, me fez um bem danado, viu? Eu reli algumas vezes, e a cada uma delas eu me sentia melhor. Não apenas porque é uma análise apropriada e eu concordei, mas porque ajudou a me organizar internamente. Ela disse tudo o que eu penso nesse momento.
Como sobrevivi a esta semana infernal que, como eu disse no feice, durou três meses?
Participar da manifestação contra o golpe ontem também ajudou, foi como sair das cordas e reagir. Talvez seja tarde, provavelmente não poderemos virar o jogo. Mas mostrou que ainda estamos vivos e não vamos cair sem lutar – nós, no plural. Não somos poucos, não estamos sós nem estamos restritos a nossa timeline.
Eu nem gosto desse papo de #NãoVaiTerGolpe, pra dizer a verdade. Porque da última vez não acabou bem – teve Copa sim, e ainda perdemos de 7 x 1 (quer dizer, não podia dar mais errado). E, na real, já tá tendo: vazamento de conversa telefônica de presidente para telejornal feito por juiz não me parece outra coisa senão golpe. Mas esse não é o momento de implicar com palavra de ordem, mas de saber contra quem usá-la.
Helê
*Este título se inspira em um frase sagaz da Lívia, que na quarta-feira à tarde, quando o céu ameaçava desabar sobre nossas cabeças aqui no Rio de Janeiro, perguntou: “Quantas tempestades cabem em um dia?” Beijo pra você, prima.
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Da série Casais
Helê
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Official White House Photo by Pete Souza
Não basta abaixar para ficar na mesma altura que as meninas (ou mais baixo que elas, who cares?); precisa usar a tiara também.
Obama e as melhores fotos.
Helê
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