Moving

SaltoNo arco do movimento, atravesso um gerúndio. Já não moro e ainda não habito, estou no entre, na tensão da balança, oscilando entre alegria e expectativa, euforia e apreensão, medo e otimismo. Vou me mudar – e agora percebo quanto de sabedoria há nessa maneira popular e incorreta de falar sobre a troca de endereço, que quase sempre é bem mais que isso. Nesse maio, um mês de viagens, lembranças e queda, dou um salto sem saber exatamente como vou aterrissar e só me consola uma certeza: nunca sabemos, de fato. Inquieta, derrapo um pouco: sonho muito, perco treino, fico fraca pra bebida, escrevo ao escritor (que responde como amigo, ufa, me dando liberdades – que perigo). Mercúrio lá, paradão, retrógrado feito o vice, e eu tendo que seguir, apesar dos golpes, da noite que assusta (estamos marcados pra sobreviver). Mas recolho lindezas aqui e ali: M. chamou o momento atual de mar de desatinos, e a poesia da frase me encantou – embora navegar ainda esteja difícil. F. lembrou de uma “alegria generalizada” e eu imediatamente reconheci o sentimento; taí uma meta a perseguir com obstinação, viver outras dessa. Tem uma leva de gente de longe passando pra abraçar, e uma baciada de gente bacana se juntando pra resistir. Então há faróis e ilhas entre desatinos profundos; há de dar tudo certo, de um jeito ou de outro, fora o frio na barriga. A esperança de amar eu dobro todo dia mais um pouco, pra ficar bem miudinha e parar de prometer o que não pode cumprir. Mas de ser feliz não desisto, que eu acho que nasci pra isso (principalmente, entre muitas outras coisas).

Helê

10 Respostas

  1. Força Frida, mudei em abril no meio das férias cheia de incertezas que ainda continuam, mas que um dia virarão certeza. A vida é assim, nós temos gente seguir. E então seguimos.

    Sim, querida, sigamos juntas, ainda que separadas por quilômetros :-D .
    Obrigada pelo apoio; beijo grande!
    Helê

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  2. Dona das palavras, isso que você é Helê. E eu que mudei tanto só posso dizer: estou aqui do outro lado, pronta pra viver novos momentos de “felicidade generalizada” juntas.
    Love you!

    Ô, Geide, minha amiga! Vambora generalizar a felicidade e carnavalizar a vida – que anda muito careta, para dizer o mínimo. Obrigada pelo carinho e pelo apoio, TMJ! o/\o
    Beijoca,
    Helê

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  3. Helê querida, eu sou dessas. Que “me mudo”. Mudo de namorado, de casa, de trabalho…. tudo junto. É aquelas: é preciso aprender a ficar submerso, como no lindo e preciso poema do Alberto Pucheu. Quando a gente sai, depois, quando a gente emerge, é outra. Depois do turbilhão. Das ondas por cima da cabeça. Boa travessia.
    beijo grandão.

    Muito obrigada, Rê, pelo carinho e pela torcida. Vou procurar o poema.
    Beijo grande,
    Helê

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  4. Divando em letras. Mas não me espanto: é pertinente. Sigo admirando. Beijãozão!

    Obrigada, meu amigo! Que bom vê-lo por aqui.
    Beijoca estalada,
    Helê

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  5. já disse hoje que adoro sua escrita?
    vvou elogiar pq de tarde pode ser que vc brigue comigo.

    Não, ainda não havia dito, obrigada :-)
    Eu brigar contigo? Não foi dessa vez.
    Beijoca,
    Helê

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  6. Sis, te amo, só você pra fazer poesia e força e riso de tudo isso. Beijos!

    Ô, querida, obrigada pelo carinho. Saudade.
    Beijocas,
    Helê

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  7. mude de endereço mas não mude nada de sua maravilhosidade, querida <3

    Ô, Lôra, nem vou mudar tanto, continuamos vizinhas ;-) !
    Amor,
    Helê

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  8. Vim “pagar a visita” e adorei. Voltarei mais vezes.
    Viva a Central!

    E eu ainda voltarei lá pra saber mais da China. Viva a Central! \o/
    Aquele Abraço, Carmem!
    Helê

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  9. Sua linda.

    Merci, cherie <3
    Bj,
    Helê

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  10. que belezura de texto e a força da dubiedade no começo dessa frase, pra depois dar a brilhante rasteira que segue: “A esperança de amar eu dobro todo dia”

    eu passei um bocado de tempo mais ou menos no mesmo espaço, aí de repente comecei a me mudar tão sistematicamente que, agora, “estável”, estou cortando um dobrado pra lembrar como é.

    Força da dubiedade é comigo mesma, Lu! #librianaderaiz
    Obrigada por visitar e comentar, baby.
    Beijo,
    Helê

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