Atravesso a Baía de Guanabara quase todos os dias e eu não me acostumo. Nem com sua beleza, nem com sua luz, nem com seus azuis. Não me conformo com sua sujeira, nem com o descaso pela sua manutenção. Não me canso de observar seu entorno, me condeno pelo meu desconhecimento sobre suas ilhas; sonho com sua história. Eu me deixo seduzir pelo desenho lascivo da Ponte Rio-Niterói e ainda me encanto com a Ilha Fiscal e seu fascínio imperial. Admiro a discrição do Museu do Amanhã, que de longe não pode ser distinguido facilmente: ele rende graças à Baía, ao invés competir com seu brilho (como muitos tentam fazer com a natureza maravilhosa da cidade nem sempre). Eu ainda me assusto com o ronco dos aviões do aeroporto Santos Dumont, me assombro com o tamanho dos navios e me enterneço com o vai e vem de aeronaves, barcas, carros, saveiros e jatinhos nessa poliestação de encontros e despedidas. Eu não me habituo à majestade impassível do Redentor e nem com a imponente mistura de verde e rocha do Maçiço da Tijuca. Sempre me surpreendo com a infinita caixa de lápis de cor utilizada para os pôres do sol: varia diariamente texturas e matizes, que por sua vez mudam com o passar das estações – todo dia um efeito especial. Eu atravesso a Baía de Guanabara quase todos os dias e não me acostumo – espero nunca me acostumar.
Helê
Filed under: O Rio de Janeiro continua lindo |
Esse céu!
E ainda junto com esse mar…
Beijo,
Helê
GostarGostar
Uma vez eu fiz um curso na UFF. Era noturno, e eu pegava a barca bem na hora do pôr-do-sol. A coisa mais linda. Um absurdo. Acho que me ficou mais a beleza da ida pro curso do que as aulas…. e tá certo. É assim que tem que ser. A gente guarda o que é relevante, não é mesmo?
É verdade, Rê, às vezes de um curso a gente guarda pessoas e lugares mais do que matérias, mas no fim a gente retêm o que importa. 😉
Beijoca,
Helê
GostarGostar
Deve ser um susto de plenitude morar no Rio. Dever ser…
Há sustos e plenitudes, juntos e separados, Mari. De um jeito ou de outro, é quase sempre intenso.
Beijoca,
Helê
GostarGostar
eu não me acostumo nem com as nuvens floquinho no céu de mossoró, imagina com um mundão d’água desses…
Hahaha, agora quero conhecer os floquinhos de Mossoró, Luciana!
Beijoca,
Helê
GostarLiked by 1 person