Minha turma são as mulheres, as pessoas negras, as pessoas gays.
Toda minha vida sonhei, idealizei, e, dentro dos meus limites e possibilidades, lutei para construir um mundo em que essa turma seja respeitada e valorizada. Um mundo multicolorido, diverso, em que as diferenças existam e possam ser entendidas como parte da vida.
Me identifico com as esquerdas porque vejo nessas correntes políticas mais espaços de afinidades com essa minha crença fundamental; mas quem me conhece sabe que respeito e convivo muito proximamente com pessoas que pensam diferente e que lutam por outros caminhos, que acreditam em outros valores. Não me incomodo com a visão de mundo do liberalismo, da meritocracia, do estado mínimo, etc. Eu prefiro um mundo em que prevaleçam as políticas de justiça social conduzidas pelo estado, mas entendo que é também um modelo falho, imperfeito, e faz parte do processo democrático andar em ziguezague (como disse ontem Barack Obama no discurso em que reconheceu a vitória de Donald Trump).
Então, de verdade, a direita não me incomoda. Acho mesmo bom ouvir outras opiniões e submeter as minhas a provas de fogo de tempos em tempos.
O que me entristece, me preocupa, me assusta e me faz chorar não é a alternância de visões de mundo no poder. É a raiva. A direita que está chegando ao poder político – e que nos próximos anos definirá políticas públicas, mas que também servirá de liderança para todos nós, que projetará valores e crenças sobre toda a sociedade – é uma direita que odeia a minha turma. É uma direita que quer construir muros e deixar minha turma do lado de fora do debate. Que não quer ouvir as nossas vozes e não quer ver as nossas cores.
Sei que mudar o que está estabelecido não é fácil. Mas não pensei que viveria tempos como esses. Ainda bem que tenho minha turma pertinho de mim. Pelo menos nossas festas sempre serão as mais divertidas.
-Monix-
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