Abecedário 2016

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Ali e Allan Rickman. Bela, recatada e você sabe o resto. Canal Me Poupe, Chimamanda Adichie. Deixa as pessoa, Downton Abbey. Elena Ferrante; Elefant Gun. Formation, #ForçaChape. Gracias, Colômbia; Golpe: teve; Gilmore Girls back. Hino Nacional com Paulinho da Viola. Impeachment. Johnny Hoocker e Elza Soares na Praça Mauá. Kaepernik. Lorrayne Isidoro, Lemonade. Mia Couto e Joel Neto – melhor entrevista; Maroon 5 na Apoteose com Fifi – melhor show. #NiUnaMenos, Nobel pro Dylan. Orlando. Porta-estandarte no Escravos da Mauá, Pote de sorvete e Protesto. Que se foda! (by Cristiano Ronaldo). Rafaela Silva, Rio 2016. Santiago do Chile e São Jorge, por Anderson França. Textão, Central do. Uma dúzia de anos, Usain Bolt. Victor Belart e seus posts precisos. Willy Wonka (Gene Wilder). Zulaikha Patel .

 

Helê

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Aquele um

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(2015 Year in Pictures: Part II , The Boston Globe)
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(Huffington Post)
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(The Boston Globe)

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(Salvo de archiveshare.net)
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Helê

Presente

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(Fonte:  via )

A expectativa no olhar do menino e nas mãozinhas juntas. O sorriso que se pode perceber no adulto, antecipando a alegria que irá provocar. Tudo num cenário muito simples, prestes a se iluminar. E a legenda que gostei imenso, “seconds before hapiness”, segundos antes da felicidade. Que estejamos todos nós do mesmo modo: bem perto dela.

Bom natal pra geral.

Helê

(Re)Partido

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(do Pinterest)

Da série Corações

Helê

Carioquices

Tava no ônibus, não deu pra fotografar. Mas foi, se não me engano, na esquina da General Glicério com Rua das Laranjeiras: embaixo de uma pichação que se repete por toda a cidade, há meses, a frase

Não fui eu

acrescentaram:

e nem a Dilma.

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Baixa gastronomia: você consegue passar pelo Largo do Machado sem comer a esfiha do Árabe? Eu nunca. Ontem consegui comer apenas uma, o máximo do autocontrole. E da necessidade de dieta.

**

A assessora de uma autoridade municipal disse pro meu chefe: “Precisamos marcar!”. E ele: “Claro!”. Aí ela emendou: “Sexta-feira tal hora, em tal lugar?” Fiquei chocada. Tive que me segurar para não intervir e dizer “não, péra; não é assim que se faz” (como o samba do Paulinho). Fiquei frustrada como aquele mercador de “A vida de Brian”, que diz o preço e o comprador aceita de cara, sem pechinchar. Quase uma afronta, certamente uma descortesia. Carioca nunca marca de primeira; mesmo um compromisso profissional. Meu chefe, que não nasceu aqui, aceitou – mas eu reparei que ficou levemente desconcertado…

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Helê

Ora iê iê ô!

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(Menote Cordeiro)

Helê

Ocupado

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(Just Have Heart)

Da série Corações

Helê

Avesso

Não, a cota infortúnios de 2016 ainda não tinha esgotado.

Meu primeiro contato com o acontecido foi na rua. Sabia que era grave porque vi  um estranho comentando com outro algo como “Viu que horror?” O tipo de reação provocada por tragédias. Provando que sou do século passado, fiz o quê? Liguei o rádio; ele sem demora falou sobre um acidente de avião: muitos mortos, o time da Chapecoense, alguns jornalistas.

Lamentei mas não me comovi, confesso.  Era terrível, claro, mas não me conectei de imediato. Há tragédias de todos os tamanhos acontecendo todos os dias, e o que as diferencia é precisamente o nosso grau de envolvimento. E naquele momento eu tinha pouco ou nenhum.

O futebol sempre me interessou mais pela mística, pelo ritual, as relações, metáforas e toda a complexidade de seu universo que pelo jogo propriamente. Nunca fui das que acompanham com regularidade, sabem de cor a escalação e discutem esquemas; de uns tempos pra cá, me afastei mais, sobretudo depois do inominável 7×1. Interessa-me apenas o Flamengo, e mesmo com ele sou desatenta e relapsa (como podemos ser com os amores definitivos).

Mesmo evitando os noticiários, que tendem ao senasacionalismo nessas ocasiões, fui obtendo informações aqui e ali. E foi exatamente pelo viés do futebol que fui me aproximando e me comovendo. Primeiro com o texto do Victor Belart, curto e certeiro, bem-escrito e emocionante, falando do futebol como essa liga entre pessoas, como uma chave de leitura do mundo. Depois começaram as manifestções de apoio mundo afora, de times, jogadores, dos mais célebre aos mais humildes. E então assisti ao vídeo com a torcida do Atlético Nacional cantando uma música feita por eles para a Chape. Um videozinho filmado com celular, som ruim, custei um pouco a entender o que eles cantavam e o que faziam. A compreensão se liquefez em lágrimas imediatamente: eles davam o título ao adversário abatido e prometiam nunca esquecê-lo. Aquele time do meu país que eu mal conhecia.

Depois, foi como se esse gesto se multiplicasse por mil, por muitos mil, naquela impressionante cerimônia  em que a solidariedade colombiana não coube no estádio – e se espalhou pelas ruas ao redor. Eu, sozinha em casa, diante da TV, me senti hipnotizada com aquela demonstração de afeto de uma população latino-americana por  nós, brasileiros. Justo nós, que esquecemos e quase desprezamos nossa condição de latinos. Fiquei mesmerizada com a força do futebol, esse universo/cultura/dimensão/chame como quiser, mas esporte parece pouco e pobre; é evidentemente bem  mais que isso.

Assisti a praticamente toda a cerimônia esperando, quase contando com o momento do constrangimento. Certa de que viria em uma fala exagerada, um puxa-saquismo fora de lugar, uma inadequação qualquer própria das solenidades.  Mas não houve; nem mesmo as autoridades, sempre propensas a estragar momentos de emoção e congraçamento, nem eles interromperam meu enlevo; alguns até colaboraram. Tudo soou genuíno, sincero, humano de um jeito que esquecemos que podemos ser.

Acompanhei tudo com um olho na missa e outro no gato – o gato, no caso, eram o twitter e o face. Para ter companhia (ou fazer de conta que tinha), para partilhar impressões, para observar como as minhas bolhas estavam reagindo. No começo o tuiter estava todo em Medellín enquanto  o Face olhava para Brasília, comentado as tenebrosas transações daquela noite; mas aos poucos a potência daquele momento alcançou também o FB.

A maioria estava tão impressionada quanto eu. Mas apareceram os que questionavam a nossa capacidade de solidariedade diante dos colombianos – se fosse aqui, faríamos algo assim? Ah, a nossa viralatice não conhece limites, até nisso a gente precisa provar que é pior! Isso e a nossa  tendência quintasseriana de competir com o coleguinha, medir  o imensurável – sua solidariedade é maior que a minha, você tem, eu não tenho, lálálálá. Faríamos o mesmo, não faríamos, que me importa isso no momento em que 100 mil pessoas nos oferecem um abraço coletivo ?

Eu senti necessidade de escrever aqui sobre isso, sobre o impacto desses vizinhos que falam outra língua, para os quais a gente não presta muita atenção, e que saíram de casa para ir a um estádio jogar flores no gramado onde haveria uma partida de futebol. Não acho que a humanidade está salva por isso – do mesmo modo que não acho que está condenada pela ganância  que, afinal, derrubou o avião. Ela é precisamente a soma de todas essas emoções e atitudes misturadas, indivisíveis às vezes. Mas quero lembrar daquela noite e daquele estádio; é o que quero reter: o avesso da dor, que dela nasce e a engole.

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#ForçaChape #GraciasColômbia

Helê

Solidário

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(do Pinterest)

Da série Corações

#ForçaChape #GraciasColômbia

Helê

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