Recado

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Nossa visão da manifestação em frente à Assembleia Legislativa do Rio, ontem.

Duas amigas deste blogue trabalham em comunidades aqui no Rio de Janeiro: uma em escola municipal na Favela da Maré; outra em projeto social no Jacaré.

Curiosas sobre a repercussão do assassinato da vereadora Marielle Franco, “cria da Maré”, como ela mesma se definia, descobrimos que o impacto dessa brutalidade foi menor do que imaginávamos. Segundo nossa amiga professora, pouco se fala sobre política na escola; as crianças não tiveram muita percepação sobre o que aconteceu; e no grupo dos mais velhos, só os que participam de projetos estão mais abalados com o caso. No Jacaré o cenário é semelhante.

Ontem lemos em algum lugar das internets que o recado que se queria passar com o assassinato de Marielle não era para a classe média branca, e sim para os negros da favela. Inicialmente questionamos essa leitura: não fazia sentido pensar sob a perspectiva do que nos separa, e sim do pouco que temos em comum. E mais: se a mensagem era essa, não teria sido ouvida por quem de direito.

Mas, à luz dos depoimentos dessas duas amigas queridas, talvez esse recado já esteja dado há muito tempo. O recado, mais do que assimilado, é que política não é coisa para favelado. “Não vamos nem nos dar ao trabalho de ensinar isso na escola.”

E a louca que tentou desafiar essa verdade óbvia, mataram.

As Duas Fridas

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Uma resposta

  1. Lendo seu texto, sobretudo a última frase, me deu vontade de trazer pra cá a letra dessa música que tá na minha cabeça desde ontem, e eu não sabia por que eu achava que tava conectada com o que eu sentia. Agora sei.

    Eu hoje represento a loucura
    Mais o que você quiser
    Tudo que você vê sair da boca
    De uma grande mulher
    Porém louca!
    Eu hoje represento o segredo
    Enrolado no papel
    Como luz del fuego
    Não tinha medo
    Ela também foi pro céu, cedo!

    Sensacional, Ana, maravilhosa a ligação que você fez. Dessa loucura da coragem, da bravura e do delírio eu quero continuar vivendo, lutando para não ter que sobreviver. E quem bom ter você ao meu lado, sista.
    Aquele,
    Helê

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