Já escrevi mentalmente várias anotações sobre a copa da Rússia mas esse vídeo de ontem não pode esperar: tem que ser exibido muitas e muitas vezes. Nele, a jornalista Júlia Guimarães se defende do assédio de um passante e revida, falando por si e por todas as mulheres:
A postura dela é absolutamente impecável; embora irritada e abalada com a postura do macho, Júlia retruca sem ofender (o que nem acho imprescindível, apenas impressionante que tenha conseguido). E ainda educa o cidadão – caso ele tenha a capacidade de aproveitar o ensinamento.
Na lenta evolução das relações entre gêneros e no combate permanente ao machismo, depois de denunciar e expor talvez tenha chegado a hora de reagir e revidar. Ainda que isso me cause conflitos, dada minha índole pacifista e o caráter excessivamente belicoso que vivemos. Mas a imagem de uma mulher que além de se defender, também ataca – armada apenas de inteligência e presença de espírito – tem um poder inegável.
É este tipo de imagem que precisa viralizar para denunciar o assédio – e não o assédio em si, captado em vídeos idiotas de brasileiros que insistem em nos envergonhar.
Aretha Franklin já mandou essa letra – inclusive soletrou – mas ainda é preciso ouvir a Júlia dizer o que queremos: respeito.
Helê
Filed under: Ágora, Feminismo no Estácio | Tagged: copa 2018, copa do mundo, empoderamento feminino, feminismo, machismo |
[…] os melhores momentos está, óbvio, a reação da repórter Júlia Guimarães ao assédio de um torcedor (sim, de novo e […]
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Hele, eu fiz um comentário enorme aqui… a hora que fui fazer o login pro WP me reconhecer, ele voltou pra essa página e sumiu com meu comentário. aparece aí pra vocês, aguardando moderação?
Sim!!! Ai que bom que você avisou. Já tá aparecendo.
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Eu fiquei absolutamente impactada com esse vídeo. Cheguei a deixar meu comentário de admiração e solidariedade para a repórter, no twitter (cheguei também a ficar chocada com os comentários de homens – quase todos – no twitter dela, minimizando ou mesmo debochando da situação).
Eu vi o vídeo no programa Troca de Passes e achei que a maneira com que eles apresentaram foi muito correta. Uma bancada de 3 ou 4 homens e uma mulher, a repórter Ana Thaís, e o mediador da mesa até começou deixando sua opinião de repúdio, mas passou imediatamente a palavra para a Ana Thaís, disse que ela é que tinha condições de melhor falar a respeito, trouxe à tona elogiosamente a campanha #deixaelatrabalhar e tal. A Ana Thais, por sua vez, reiterou duas coisas fundamentais: 1) que não se trata de dizer para os homens “imagina que fosse sua mãe ou sua irmã”, porque as mulheres não podem ter valor apenas quando referenciadas a um homem. Todas as mulheres merecem respeito igualmente, independente de quem sejam, o valor está nela mesma e não na sua posição social ou familiar. 2) esse tipo de assédio não pode existir em nenhuma circunstância. Não é só porque ela é uma profissional no exercício de sua profissão. Não é só porque ela está ali fazendo uma coisa séria e com competência. Não pode existir na balada, não pode existir no carnaval, não pode existir na festinha, na diversão. Não pode. Simples assim. Achei que a fala dela foi enfática e clara, muito bom.
NaPaula, vimos juntas então. Eu também vi o Troca de Passes e o Seleção SporTV, em que a mesa também foi unânime e enfática em condenar a atitude do cara e prestigiar a repórter. Como eu disse no post, tenho uma natureza que oscila entre o pacifismo, a fraqueza e o medo. A gente vive, aqui no Brasil, numa sociedade naturalmente violenta e ultimamente cruel. Mas mesmo considerando tudo isso, acho que temos que começar a nos impor, para além de apenas nos defender. E essa reação da Júlia foi absolutamente di-dá-ti-ca, tinha que passar nas escolas. Ainda bem que minha filha estava comigo, viu e aplaudiu.
Beijo, Sista!
Helê
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