Chegamos à metade da Copa do Mundo, fim da fase de grupos e nós tá como? Achando ruim que hoje não vai ter jogo.
- Ah, também estou absolutamente enojada de todos os comerciais. Eu não sei que estratégia publicitária é esta que repete à exaustão as peças a ponto de você ficar com raiva do anunciante. Só vejo tevê com o controle na mão, pra tirar o som do aparelho nos intervalos.
- Várias trajetórias sofridas ganharam destaque nesta primeira fase, como a de Alireza Beiranvand, goleiro do Irã, que fugiu de casa para jogar futebol, o belga Romelu Lukaku, que escreveu sobre a pobreza da infância, ou o Luka Modrik, croata que foi refugiado de guerra. O circo da Copa adora um drama, é verdade, mas parece que foi preciso achar outros heróis quando as grandes estrelas parecem glamorizadas e distantes demais. E vacilando na hora de confirmar o status de super-heróis…
- Assisti ao primeiro jogo do Brasil em casa, sozinha. Frio, preguiça e a irresistível possibilidade de fazer algo que nunca tinha feito antes. A primeira grande vantagem é se livrar do Galvão, essa anta onipresente. Não fiquei tensa. Nem contente com o gol – essas emoções passam de um a outro como corrente elétrica. Isolada e desconectada desse time que eu mal conheço, foi só mais um jogo.
- Durante a partida cheguei à janela e ouvi o silêncio mais profundo desde que moro aqui, há mais de dois anos. Domingo à tarde numa movimentada rua da Tijuca parecia madrugada. Impressionante
- Ao segundo jogo assisti com um galera divertidíssima. O time jogou melhor, mas nada de gol. Abri uma cerveja aos 42 do segundo tempo porque o Brasil, como se sabe, me obriga a beber. Logo depois saiu o gol. Conforme queríamos demostrar.
- No terceiro jogo estive com outra turma bacana, e o Brasil jogou melhor. Assim, está estabelecida a superstição desta Copa: nunca assistir um jogo da mesma maneira que o anterior.
- Gente, e Eckateremburgo? É uma cidade ou uma batucada? Toda vez que alguém fala na tv “Agora, direto de Eckateremburgo:” eu espero: “Grupo Fundo de Quintal!!!”
Logo no início da Copa dei de cara com o jogador Grafite na bancada de um programa esportivo. Achei que era um convidado, mas ele é comentarista fixo. A simples imagem dele tela causa um impacto: ao ver um negro retinto na tela, imediatamente nota-se a raridade dessa imagem. Uma presença que evoca ausências.
- No dia seguinte, o ex-árbitro Paulo César Oliveira foi convidado. Dois pretos! Pensei maquiavelicamante: “Até o o final da Copa tomaremos a bancada inteira! Huahahahahaha!” (risada de vilão)
- Sinto uma sensação boa (e rara) quando me vejo na tela. Algo entre o conforto e a acolhida, numa definição imprecisa.
- Já são muitas as imagens para colecionar – emocionantes, engraçadas, bizarras. A comemoração do primeiro gol do Panamá em Copas, torcedores da Colômbia consolando um menino polonês, o belga que foi comemorar o gol e se deu uma bolada na cabeça, o zagueiro senegalês descansando na trave enquanto sofria um gol. Entre os mais divertidos estão os que celebram a repentina amizade entre mexicanos e sul-coreanos:
E o vídeo impagável dos mexicanos fazendo o Consul da Coréia tomar um shot de tequila com o coro “Coreano, hermano, ja eres mexicano!” O cara foi carregado nos braços!
- Também muito bacana esse momento captado ao final do jogo Panamá x Bélgica (assista sem som, porque a narração melodramática é desnecessária) :
- Entre os melhores momentos está, óbvio, a reação da repórter Júlia Guimarães ao assédio de um torcedor (sim, de novo e sempre).
- Bateu uma schadenfreude com a eliminação da Alemanha (ainda mais que a palavra é deles). Segurei um pouco a onda porque nosso jogo era logo depois, karma is a bitch e tal. Os primeiros memes que recebi eram inclusive ingênuos, com Minions. Mas depois da classificação brasileira, a zoeira foi impiedosa:
- E eu havia decidido não falar sobre o menino Neyma porque, né? Não precisa, já tem gente demais falando. Mas eu não vou parar de rir nunca com esse vídeo do roda o pião:
- Nem só de zoeira vive a Copa, mas também de lances belos e plásticos como esta foto de Eugênio Sávio
- Sobre pão e circo (ainda isso?), devo dizer que estou buscando a alienação deliberadamente, aboletada na arquibancada – mas a lona é transparente. Acompanho a copa sem esquecer das atrocidades do governo russo, um dos piores no tocante aos direitos humanos, em especial contra a comunidade LGBT. Sei que já se passaram mais de três meses sem saber QUEM MATOU E QUEM MANDOU MATAR Marielle Franco. E não pude deixar de chorar quando a polícia assassinou o menino Vinícius na Maré, a caminho da escola. Sem o circo eu não sou capaz de dar contar conta da realidade.
Helê
*Porque Drops só a Fal distribui (e são os melhores).
Como adoro quando o mesmo post me faz passar em segundos do riso ao choro e vice-versa!
Ô, querida! como eu adoro encontrar você por aqui!
Beijocas,
Helê
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tão bom ler você… em relação à bancada enegrecendo (e já vem tarde), também sente-se nos outros canais, tem o César Sampaio mandando muito bem na ESPN.
Oi, Lu, que bom te encontrar aqui! E que bom saber do César na ESPN.
Beijo grande procê.
Helê
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Amo te ler!
Queridona! :-*
Helê
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