Boas maneiras em tempos de crise

Com licença: nós queremos falar da “vaca na sala” que é o fato de boa parte da classe média que sofre, na qual nos incluímos, estar desempregada/subempregada/com pouco frila/sem frila.

Isso significa que tem muito mais gente do que você imagina sem dinheiro para frequentar restaurante-modinha, viajar nas férias, sair para uma tarde de compras com as amigas, ver todos os filmes interessantes em cartaz ou de vez em quando pegar um teatrinho porque ninguém é de ferro.

Talvez você tenha a sorte de ter um emprego fixo, ou frilas constantes. E talvez com isso você não esteja percebendo que a vida social do pessoal desempregado/subempregado/com pouco frila/sem frila (DSPFSF) não pode ser a mesma de antigamente, porque simplesmente esse pessoal não dá mais conta (ou nunca deu) de acompanhar, financeiramente, esse pique. Mas, claro, somos DSPFSF porém não perdemos o rebolado. Dificilmente a pessoa vai te dizer que não dá pra ir no restaurante-modinha porque a conta equivale à conta mensal do gás ou do celular. E que ela já teve que sortear uma das duas para pagar, não rola de gastar isso para comer três cogumelos fatiados com torradinhas requentadas e uma taça de vinho nacional barato em vez de cozinhar e tomar banho quente o mês inteiro.

Não.

A pessoa DSPFSF vai dizer coisas do tipo “esta semana estou meio enrolada”, ou, no máximo, “vamos esperar virar o cartão”. Mas creia: ela está falando isso porque não quer criar um constrangimento para você e para ela. Quando o cartão virar ela continuará sem dinheiro para o cogumelo pretensioso, e terá que inventar outra desculpa, ou acabará cedendo para não ser estraga-prazeres, mas deixará de fazer outra coisa talvez mais prioritária.

Então, qual é a saída? Abandonamos nossa vida social até nosso país voltar a ser minimamente viável?

Nananinanão. Isso a gente espera sentada, porque em pé cansa. Mas sentada bebendo com as amigas, que ninguém merece sofrer sozinha.

Então se você tem percebido que aquela amiga ou aquele parente não tem topado seus convites, ou tem relutado, ou tem tentado dar uma dica de que a coisa talvez esteja feita para o lado dele/dela, tem algumas coisas que você pode fazer para continuar criando oportunidades de encontros felizes e afetivos sem criar uma situação difícil para ninguém:

  • Em vez de jantar no restaurante-modinha, vocês podem almoçar em um quilo simpático, cuja conta provavelmente custará a metade do preço, mas a diversão será a mesma. Ou você pode simplesmente dizer: “eu convido, quero ter o prazer da sua companhia”.
  • Você pode propor um convescote em casa: “traz um pão gostoso que eu providencio o vinho e um queijinho”. O inverno é ótimo para ficar do lado de dentro.
  • Dá para organizar um chope online: todo mundo entra no Skype e cada um toma a sua cerveja enquanto põem os assuntos em dia.

Enfim, não faltam soluções criativas.

O que você não deve fazer, no entanto, é:

  • Esperar “o cartão virar” e fazer o mesmo convite novamente – se a pessoa não tinha dinheiro para ir no mês passado, a chance de não ter de novo este mês é grande.
  • Sugerir comprar no “parcelado”. Passar dez meses pagando por uma tarde (ou um fim de semana) de diversão não é legal.
  • Dizer que “este mês eu pago, mês que vem é você”. É uma forma sutil de convidar, mas de certa forma cria uma obrigação de reciprocidade que nem sempre poderá ser cumprida.
  • Parar de chamar a pessoa porque ela recusa sempre com uma desculpa. Seja sensível e tente incluí-la de alguma forma.

E bora ser feliz, porque estar junto com os amigos e a família não tem preço (ou não deveria ter).

Las Dos Fridas

3 Respostas

  1. Vamos fazer um convescote aqui em casa?

    Ôpa! Bora!
    Helê

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  2. menina, levei até um susto agora. adorei ♥

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  3. adorei ler isso.
    você é muito fofa e eu adoro você…
    beijos

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