Outro dia fui a uma palestra sobre Inteligência Artificial numa universidade. O palestrante era professor do Departamento de Informática, mas o evento foi promovido pela faculdade de Comunicação. Então lá pelas tantas, depois de apresentar muitas maravilhas que já são possíveis graças à tal da IA (que eu acho que devia ter outro nome, mas isso é outra história), ele começou a falar sobre algumas possibilidades, ainda remotas, de criação de máquinas cuja “inteligência” poderia substituir a humana. E aí a professora da Comunicação perguntou: mas por quê? A princípio, ele pareceu nem entender a pergunta. Para confundir ainda mais a lógica tecnocêntrica, ela ainda acrescentou: que eu saiba, não temos escassez de seres humanos no momento…
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Hoje de manhã recebi uma mensagem com o vídeo do incrível Kodi Lee, o rapaz cego e autista que deixou mesmerizados os membros do júri do programa America’s Got Talent. (Se eu fosse você, parava tudo e ia agora assistir ao vídeo do link. É sério.)

Assistir Kodi falando diante de uma plateia imensa, e cantando tão lindamente, me fez pensar que há algumas centenas de anos esse menino teria sido trancado em casa até enlouquecer. E há algumas décadas talvez tivesse sido internado em um asilo ou manicômio, afastado de uma sociedade que não sabia como lidar com pessoas como ele.
Então, gente, de certa forma, se não fosse por Foucault nós não veríamos Kodi Lee cantando na televisão hoje. Agradeço a ele, agradeço ao povo da luta antimanicomial, agradeço a quem estudou antes de nós e nos ajudou a melhorar como indivíduos e como sociedade.
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As ciências humanas “servem”, entre outras coisas, para ajudar as outras ciências a entender o que fazem, por que fazem, e também como as coisas que estão sendo feitas afetam a todos nós.
E a arte, bem, a arte “serve” para nos salvar, em muitos níveis, de muitas coisas, inclusive de nós mesmos.
-Monix-
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