
(uma descoberta de Claudio Luiz)
da série Corações – com o verso de Melodia, “no coração do Brasil”, como pano de fundo.
Helê
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(uma descoberta de Claudio Luiz)
da série Corações – com o verso de Melodia, “no coração do Brasil”, como pano de fundo.
Helê
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É domingo de manhã e caminho pelas ruas do Porto sentada no meu sofá, sentindo saudades desse lugar que ainda não visitei mas surge familiar na imagem em 4K (e onde me espera um amigo que talvez eu tivesse encontrado neste ano, se 2020 não tivesse virado essa fenda no tempo que sequestrou nossos planos e expectativas. Beijo, Pedro!).
Essa é uma das minhas manias-pandemia, assistir vídeo em 4K na tevê esperta. Não costumo parar para assistir, em geral ligo enquanto trabalho ou faço outra coisa – é a tv companhia.
Já elegi minhas preferências: vídeo gravados a pé, as walk tours, sem música, só o som ambiente e informações adicionas em legendas. Nessa linha eu já passeei pelo Coliseu e pelas pirâmides de Gizé, ótimas viagens. Para Nova Iorque e Paris fui várias vezes: atravessei de novo a ponte do Brooklin para Manhattan, andei por NY em dia de chuva, zanzei por Paris ao entardecer, subi a Torre. Uma das manhãs mais proveitosas da infinitena foi um sábado em que subi até a Basílica de Sacre-Coeur saboreando as ruazinhas de Montmartre. Também já fui parar numa cidadezinha na Bósnia, em outra na Toscana e em Pompeia, quando o vídeo que assistia acabou sem que eu percebesse e o YouTube seguiu me levando por aí.
De vez em quando recorro à natureza: deserto do Saara, cachoeiras, e fundo do mar são os favoritos, mas o problema é que a maioria desses vídeos têm musicas chatíssimas de fundo. Música instrumental colocada com o indisfarçável propósito de relaxar invariavelmente me irrita, é a maneira musical de dizer ‘fique calmo’ — o que, como se sabe, nunca funciona.
Nessa onda descobri e virei fã do Kraig Adams, um youtuber andarilho que faz vídeos ótimos e não muito longos das suas caminhadas, quase sempre sozinho, som ambiente. A maneira como ele filma te coloca na trilha junto com ele; às vezes ao final ele dá detalhes de logística da viagem, mas durante é só você e ele caminhando por aí.
A quarentena aqui de casa pode ser narrada pelas muitas fases televisivas pelas quais passamos. Essa eu suspeito que tenha virado um hábito, até porque deve ser a única possibilidade de viajar nos próximos meses ou anos. Às vezes mata as saudades, muitas outras dá mais saudade ainda. T., que deixou o coração no Sena, não consegue voltar à Paris assim, sem poder abraçar. E eu entendo. Mas gosto dessa ilusão de voltar onde já estive, e também de desbravar novos lugares. Também me agrada lembrar como era estar na rua sem medo, como era A.C., quando a gente flanava despreocupado e não contabilizando quem está ou não de máscara. Eu adoro em especial o alarido civilizado dos pontos turísticos, onde a gente ouve uma miscelânea de idiomas, sotaques, empolgações, brigas, cansaços e até silêncios.
E assim seguimos, lidando com as ilusões desejadas, as saudades incontornáveis e as frustrações inevitáveis, esperando encontrar a saída desta fenda no tempo resgatando sonhos e planos.
Helê, dia 252 da quarentena chamada 2020
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O mais legal dessa eleição pra mim foi voltar a votar numa escola. Passei as últimas eleições todas votando num banco. Eu ficava muito incomodada porque, né, eu sou da geração que voltou a votar pra presidente da república depois da ditadura, festa da democracia, tanani tananã. Votar no Itaú era o maior anti-clímax, o Capetalismo parecia que tava rindo de mim escondido atrás do caixa.
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Votar em banco: mó caído, como diria minha filha. Que votou comigo ainda na barriga, em 2002 – vocês sabem em quem (Lulalá!) -, neste mesmo colégio de domingo. Que depois veio a ser o dela, durante vários anos. Fomos lá novamente juntas, como diferentes nostalgias.
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Por que isso foi o mais legal da eleição? Bom, Rildejanêro, né, mores? Entre a igreja evangélica e a milícia, ou pior, atordoada pela associação entre eles, lá vai a esquerda de novo fazer conta retroativa e considerar que “se tivéssemos nos unidos…” Odeio roteiro repetitivo.
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E o carma, hein, bitches? Zoaram os ianques até enjoar e nossos resultados atrasaram…duas horas, se muito. O que eu achei impressionante foi a galera às 18h fazendo análise. De boca de urna. Do Datacu. Olha, vôticontá. Por que insistir feito criança birrenta? Ao invés de mandar um “Ó, vamos ali tomar um café e daqui a pouco a gente volta quando tiver o que comentar” – esse é meu sonho de jornalismo. A síndrome da lacração, de dizer logo, primeiro, apressadamente, ainda vai nos levar…ôpa, chegamos lá.
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Ah, sim, tem as pequenas alegriazinhas: ver o Tarcísio, um professor, o vereador mais votado, com mais votos que o filho do coiso. A eleição de uma expressiva bancada do PSOL, a segunda maior, se não me engano. Eleger uma vereadora negra comprometida – bom mandato, Tainá de Paula! Impossível não pensar : eu espero que, dessa vez, não matem meu voto.
Helê
*Porque Drops, vocês sabe, só da Fal, primeira e única
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Os leitores mais antigos aqui do blogue devem lembrar de um dos posts mais saborosos publicados aqui, no qual minha filha, então com seis anos de idade, expressou suas tendências feministas inatas. Foi durante a primeira posse de Barack Obama, e eu usei uma imagem para mostrar pra ela a importância do primeiro negro eleito presidente nos Estados Unidos.
Primeiro ela se espantou (“Só esse preto?”) e em seguida questionou: “e nenhuma mulher?!”
Corta para sábado passado, eu e a moça de quase 18 anos (!) comemorando Kamala Harris eleita vice-presidente.
Os lacradores de plantão já estão levantando a lista de decisões condenáveis da ex- procuradora da Califórnia, junto com os iluminados que se esforçam em advertir que Joe Biden não é socialista (really?!). Eu só quero me permitir um minuto de alívio nesse ano implacável e celebrar sim, a ascensão de uma mulher preta a um posto de tamanha visibilidade. Porque representatividade não é tudo, mas importa à beça.
E, tão ou mais importante, vamos saudar também a derrota da deselegância, da brutalidade, do racismo, da xenofobia e do machismo predador representados pelo atual presidente. Both of them.
Helê
Filed under: Ágora, Feminismo no Estácio, I'm black and I'm proud | 3 Comments »
Hoje é dia de comemorar.
Pode até ser que o presidente laranja consiga apoio para uma vitória no tapetão. Podem acontecer tumultos de rua, podem haver recontagens emocionantes. Mas em nome de tudo o que minha turma vem sofrendo nos últimos anos, hoje eu só quero comemorar. Como diria Scarlett O’Hara (curiosamente um símbolo de uma Georgia que parece finalmente ter ficado para trás esta semana), “amanhã eu penso nisso”.
Quando o nosso pesadelo eleito ganhou as eleições brasileiras, em 2018, eu tentei acreditar, como uma espécie de wishful thinking, que esse movimento neopopulista de direita que varria o mundo era reação, e não ação.
Ou, melhor dizendo, que nós, nossa turma, somos ação, e eles são reação.
Eu gosto de pensar assim, e esse pensamento tem me mantido na superfície nos últimos anos: há movimentos muito fortes em andamento no mundo, há mudanças muito profundas, há estruturas muito poderosas sendo desafiadas, e isso gera, claro, uma reação igualmente violenta. Mas eu me propus a atravessar esse período enxergando-o como um soluço na História. Um processo necessário, pelo qual teríamos que passar.
Espero, sinceramente, que o dia de hoje seja o início do fim desse soluço. Veremos.
-Monix-
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