Encontraram, a 3 mil metros de profundidade, o Endurance, navio de Ernest Shackleton naufragado na Antártida, 107 anos atrás. O estado de conservação foi considerado surpreendente para uma embarcação de madeira construída no início do século passado. E nos vídeos e fotos, podemos distinguir com clareza o nome, como se, tanto tempo depois, ela ainda reafirmasse sua natureza e também a dos homens que ela levou buscando a glória, mas que conseguiram notoriedade pela capacidade de sobreviver a condições impensáveis.
O naufrágio do Endurance ocupa páginas nobres na história da navegação e exploração mundiais, embora a Expedição Transantártica Imperial não tenha alcançado seu objetivo: fazer a primeira travessia terrestre da Antártica. Guardadas muitas proporções, me lembra um pouco a história do filme Apollo 13 (e digo do filme pq não sei o quanto Hollywood mexeu na história real). Em ambos os casos, o que tinha tudo para ser um fracasso retumbante conseguiu se transformar em vitória épica.
O comandante Shackleton sabia que o gelo polar imobilizaria o Endurance, mas esperava que depois de algum tempo, o soltasse. No entanto, o gelo foi lentamente esmagando o barco, que acabou afundando. Milagrosamente, os ocupantes do navio sobreviveram no continente gelado e foram todos resgatados, meses depois. Os detalhes do salvamento, com Shackleton e alguns poucos homens enfrentando o furioso mar do sul em botes salva-vidas e depois escalando o território desconhecido das ilhas Geórgia do Sul, são daqueles casos em que o real parece ficção. Também atestam até onde se pode ir quando não há opção de voltar.
E hoje, 100 anos após da morte do comandante Shackleton, a imagem de seu navio vem à tona para o mundo, preservado pelas águas que o retiveram. Se não está completo, parece ainda inteiro e altivo, lembrança para que ninguém esqueça essa história incrível, de um tempo em que, como eu já disse, as pessoas eram célebres, e não celebridades. Para que não se esqueçam que seu nome é resistência.
Helê
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