Um ancestral contemporâneo, um espetacular griô, um artista que fez política com poesia, um gentil trovador dos filhos desse solo, esse senhor nascido no interior da Bahia, pai de muitos filhos e numerosas canções, foi ungido pelo seletíssimo clubinho da Academia Brasileira de Letras na semana passada, um raro momento em que a elite reconheceu a genialidade de alguém de origem simples e negra nesse país. Que bom pra elite, finalmente homenagar aquele que há tempos já haviamos consagrado e pelo que somos sempre gratas, já que, como dia Monix, “para toda e qualquer situação da vida, existe um verso de Gilberto Gil que se encaixa como luva”. Gilberto Passos Gil Moreira na Academia Brasileira de Letras é um orgulho para nós, pretos; um alento para poetas seresteiros namorados; para quem admira a mais sofisticada e acessível arte brasileira, a música popular. E uma oportunidade enorme para que a elite repense seus conceitos e não precise de tanto tempo para ampliar seus horizontes e ver para além do próprio espelho. Com a presença de pessoas como Gil e dona Fernandona nos círculos de poder e glória, nos sentimos também um pouco menos mortais, mais próximos das divinidades. (E nem pensem em questionar a relevância da Academia agora, tá! Tinham que ter falado na vez do Merval, do Sarney. Agora que meu povo tá lá, se faltava relevância, terá!).
Helê
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