Posted on Terça-feira, 27 Setembro, 2022 by Duas Fridas
Os fridinhos no Rock in Rio
Hoje é dia de celebrar a Helê, e eu aproveito para celebrar nossa amizade.
Faz quase vinte anos que essa moça da risada fácil e das palavras bonitas entrou na minha vida pra ficar, e a gente não se largou nunca mais. Mudamos de empregos, moramos em outras casas, viajamos pelo mundo, tanta coisa se modificou ao longo desse tempo.
A gente tinha dois bebês que mal andavam e falavam, hoje entregamos pro mundo esses xóvens lindos que estão aí na foto. Que têm uma amizade própria, que anda sozinha e não depende da gente. Nesse seu aniversário, sócia, o presente que nós duas ganhamos é ver esses dois trilhando um caminho que a gente até ajudou a construir, mas que agora depende basicamente deles mesmos. A gente pode ser mothern, mas somos também mães do “casaquinho” e mães do “quem meu filho beija minha boca adoça”. Por isso escolhi pra este aniversário uma foto da sua Djubs, que eu vi crescer e que tem tanto de você nela.
Hoje é aniversário da Helê, a moça da risada fácil e das palavras bonitas, que veio ao mundo no dia dos Erês para espalhar alegria que bem querer por esse mundo afora. Salve ela!
Posted on Terça-feira, 22 Junho, 2021 by Duas Fridas
– Mãe, a Fulana queria ter um pinto. – Isso é uma metáfora, filha? – Não, mãe! – Então ela quer um pinto bicho? – Não, mãe, ela queria ter um pinto pinto (faz o gesto com as mãos). – Mas pra quê ela queria ter um pinto? Ela é trans, gay…? – Não, mãe. Eu sei lá. Aí ela perguntou pro Sicrano como é ter um pinto e ele morreu de vergonha. – Claro, filha. – Ela também perguntou se ele já se masturbou, como é. Ele ficou suuuuuuper sem graça. – Claro, né, filha! Isso não é coisa que se pergunte num grupo, é muito íntimo. No máximo com um amigo ou amiga, a dois. -… – Além do mais, é uma pergunta irrespondível. Não tem resposta. _ Ué, por que não tem reposta? _ Porque cada um é um, ué. Ele não sabe dizer como é ter pinto, ele já nasceu com um, não sabe como é ser de outro jeito. É como se eu te perguntasse como é ter xoxota. _ É legal. Mas às vezes coça.
(escrito em junho de 2015 e encontrada acidentalmente em junho de 2021)
Posted on Sexta-feira, 30 Outubro, 2020 by Duas Fridas
O motorista do Uber tinha o físico do rolo do Jorge Aragão. Aí lembrei de dar a boa notícia pra Djubs:
– Fifi, o Jorge Aragão saiu da UTI e já está em casa!
Ela respondeu um “Que bom” sem entusiasmo”. E completou:
– Ele já tá bem velhinho, né? Já fala daquele jeito devagar…
– Não, filha…ele não é novo, mas também não tá assim.
Já comecei a vislumbrar a borda do Abismo entre Gerações, ao redor da qual passeamos com frequência e alegria.
– Cê sabe de quem eu tô falando, né?
– Ué, mãe, do Didi!
Comecei a explicar quem era o sambista e então cai na gargalhada ao perceber que ela confundiu Jorge com Renato Aragão. O motorista não segurou a risada e entrou na conversa:
– A senhora desculpa eu me meter …
E esclareceu pra xóven, com uma pontinha de orgulho:
– O Jorge Aragão parece comigo.
Jorge Aragão tem alta de hospital após 12 dias internado por complicações da Covid-19
Posted on Terça-feira, 5 Abril, 2016 by Duas Fridas
Dia desses a gente conversava antes de dormir sobre religião, Deus e quetais – a pessoa, agora nem tão pequena, adora fazer questionamentos teológicos – e aí eu contei que quando ela era pequena dizia “Em nome do pai, da mãe, do filho, do Espírito Santo, Amém”. Ela riu muito, para completar depois, entre brincalhona e séria: “Se fosse hoje eu ia dizer “Em nome do pai, da mãe, da filha, do filho, do Espírito Santo e Santa, Amém”. Quer dizer.
Posted on Quinta-feira, 9 Maio, 2013 by Duas Fridas
Já contei aqui que a cria alterna momentos de surpreendente maturidade com outros da mais absoluta ingenuidade infantil. Esta semana aconteceu de novo, na mesma conversa.
Estava eu zapeando pela tv quando me deparo com o interessante documentário “A noite em que James Brown salvou Boston“. A dimenor dá uma olhada e vê Mr. Dynamite cantando “It’s a man’s world’ – canção que ela conheceu interpretada por uma adolescente grávida, num episódio de Glee. Admirada, ela aprova, do alto dos seus 10 anos: “Puxa, ele é homem e está cantando ‘It’s man’s world? Que exemplo, heim!”
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Corta. Cenas de saques, incêndios, prisões. Djubs quer entender o porquê de tudo aquilo; digo que as pessoas se revoltaram com o assassinato de Martin Luther King. Explico em linha gerais quem foi ele, porque a pequena pessoa estava achando muita confusão para a morte de uma única pessoa – mesmo sendo horrível qualquer pessoa morrer, bien entendu. Quando enfim compreende a importância do reverendo, imediatamente pergunta: “Foi por causa dele que criaram o Burger King”?
– Mãe, aquele cara estava na tevê (ministro Joaquim Barbosa). Ele tá participando de um julgamento, um negócio lá… e falou que tinha 8 rés. Por que, mamãe? Eu já estudei isso, já teve cruzeiro, cruzado, réis… agora de novo, 8 réis?!
– Não, filha, é o plural de réu.
– Ah, tá. E disse que ele ia dar um voto… como é?…Picadinho?
– Não, filha, é voto fatiado. Mas esse não pergunta que nem eu sei o que é!
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– Mãe, você viu nas Olimpíadas que o vôlei perdeu?
– Vi, Fifi. Mas acontece, eles são ótimos mesmo assim.
– É, mas só nós ganhamos, mamãe (Ela me olha satisfeita, cúmplice. Eu não entendo, e então ela completa). Só nós, as mulheres, ganhamos o ouro, mãe.
Posted on Terça-feira, 3 Julho, 2012 by Duas Fridas
Eu e a pequena vendo TV. No programa – The Voice, um show de jurados atualizado – o cantor/jurado elogia a apresentação de um dos concorrentes fazendo graça: “Eu quase joguei minha calcinha no palco!”. Dou uma gargalhada, mas filhote pede explicação.
– Filha, às vezes acontece, tem moças que ficam tão, tão animadas com o artista, são tão loucas por eles que jogam a calcinha no palco.
– Mas elas levam uma de reserva?!
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– Filha, eu tava vendo um programa de tevê, sobre um arquipélago… você sabe o que é um arquipélago?
– Sei, mãe, é um conjunto de ilhas! Um coletivo.
– Muito bem filha! Então, filha, esse arquipélago, chama-se Sheychelles…
Posted on Quinta-feira, 20 Outubro, 2011 by Duas Fridas
Dito pela menina que, saindo de uma semana adoecida, volta com energia acumulada e fala em muitas rotações por minuto:
– Mamãe, hoje vai ter casamento de espanhol ou de viúva. E arco-íris. Mãe, “sol e chuva: casamento de viúva” tá certo, porque a viúva tá triste, né, que o marido dela morreu, daí a chuva; e vai casar, fica feliz: sol, claro. Agora, “chuva e sol: casamento de espanhol” é só pra rimar mesmo.