Menos um Mais Velho

John Bazemore/AP

Porque, como C. me ensinou, “a diáspora é um deslocamento definitivo”, a despedida de um grande de lá ecoa também aqui. Mesmo um país cada vez mais tensionado – com uma pandemia descontrolada (como aqui) e uma campanha eleitoral em curso – parou para render justas homenagens a um grande, o deputado John Lewis. Um defensor dos direitos civis, o mais jovem orador da marcha de Um Milhão de Negros em Washington – a do “I Have a Dream”; discípulo e amigo de Martin Luther King, Lewis viveu um dos papeis mais difíceis para um revolucionário: o de resistir ao tempo e permanecer relevante.

A CNN publicou uma impecável galeria de fotos do funeral. A que abre este post, com seu corpo cruzando pela última vez a ponte em Selma, me emocionou profundamente. Oprah, que o reverenciou diversas vezes em vida, lembrou que, entre as coisas que esse homem que fez História não dispensava estava a canção “Happy”, de Pharrel Williams: “It has the ability to lift my spirits and touch my being and soul.”

E encontrei um tuíte de palavras simples mas grandiosas – sobretudo ditas por alguém com um trajetória tão longa e rica – que podem nos servir nesse momento em que não podemos dispensar “words of wisdom”. Esses três instantâneos de John Lewis eu deixo aqui, como registro, despedida e homenagem.

Helê

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Justly married*

Minha sócia enviou o link de um excelente post da Lola sobre a direita americana e o casamento gay. Também informou sobre as articulações em Portugal, que vota na próxima sexta, dia 10, uma lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo (ia escrever “entre iguais”, mas só se fossem gêmeos univitelinos, né? ;-) As armadilhas da linguagem…).

É meio óbvio, ou melhor, simplista o que me vem à cabeça. Filosofia de botequim barata, talvez, mas é mais forte que eu: toda vez que eu vejo esses grupos inflamados berrando contra o casamento gay eu tenho vontade de me aproximar dizer: “Calma gente, vai ser permitido mas não obrigatório, tá? E é pra quem quiser, vocês podem continuar no armário, na boa”. Porque não consigo entender de outra maneira essa sanha se não como auto-repressão dos instintos. Precisa ser pecado e precisa ser proibido, ou de que outra maneira a pessoa refrearia as suas tendências homo? O inferno tem que ser os outros, ou eu não me salvo.

*Trocadilho com a expressão ‘Just married’ (recém casados) que pode ser traduzido por ‘casados justamente’, ‘com justiça’. Pesquisando no Google vi que já tem um filme com esse nome, cuja logo é essa que ilustra o post.

Helê

***

Update: Caso a lei seja aprovada, teremos que abandonar aquela imagem de um Portugal conservador e carola que carregamos conosco. Lá será o país do aborto permitido e do casamento civil. Tipo assim, quase uma Holanda.

-Monix-

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