Flamenguista

(Daqui)

Da série Corações

Helê

PS: VAMO FLAMENGO!

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Uma volta pela África

Dia desses eu descobri essa série, África 360°, e fiquei levemente obcecada, vi quase toda num fim de semana.

Antes, porém, preciso dizer que a descoberta foi um acaso total, porque o programa é exibido pelo Canal Off, que eu nunca assisto por muito tempo. O Off é uma espécie de distopia, um universo paralelo onde as pessoas nunca trabalham, não votam, não se preocupam com a previdência. Estão sempre em lugares incríveis que a gente não sabe direito onde é, fazendo um esporte que não entendemos bem como funciona, e faz sol o ano todo, até nas montanhas mais geladas. Poderia funcionar como um alívio da realidade, mas depois de um tempo eu começo a me incomodar com aquela gente esmagadoramente branca e aparentemente rica que parece não ter outra razão de viver a não ser se divertir. Aí, o que era relax vira raiva e mudo de canal.

Mas África 360º foge desse roteiro, a começar pelo local em que se passa e também pela proposta, que é percorrer todo o litoral do continente africano. Captaram minha atenção por isso, e fui ficando, assistindo um episódio atrás do outro, porque o surfe (que eu gosto mas não domino) é apenas um pretexto para a viagem. Os irmãos argentinos Joaquin e Julian Azulay a se interessam pelas culturas com as quais têm contato, se mostram abertos e respeitosos com as oportunidades de conhecer melhor as cidades por onde passam e os povos que visitam. Viajando num caminhão alemão reformado e equipado por eles, que serve de veículo e casa, eles encontram personagens interessantes e procuram oferecer, em legendas breves, informações básicas sobre os países e locais que visitam.

   
Mizu Mission: Senegal with The Gauchos Del Mar

Fiquei um pouco irritada pensando no privilégio macho – uma viagem dessas feita por quatro mulheres é praticamente inviável por questões de segurança, pela ameaça de um tipo de violência específico ao qual só nós estamos sujeitas. Mas a indignação não é com eles, e sim com o mundo patriarcal e machista em que vivemos.

O projeto ainda não está completo, nesta primeira temporada eles chegaram até a Costa do Marfim. Mas vale apena conferir para conhecer a África realmente sob uma perspectiva incomum, sem o foco nos problemas e conflitos, um continente diverso, surpreendente, com personagens incríveis. E locações espetaculares. Dignas de Canal Off.

(Ah, e a trilha sonora é um bônus .)

Helê

Descartável

Do Pinterest

Da série Corações

Helê

Aquele um


No destaque, August Landmesser recusando-se a fazer a saudação nazista (Hamburgo13 de Junho de 1936).

Retomando a série Aquele um, iniciada aqui em 2015, com esse moço desafinando o coro dos contentes (como diria Torquato Neto). Há dúvidas sobre a identidade da pessoa em destaque — mas nenhuma sobre sua dignidade e destemor.

Helê

Carnavalesco

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(Cardigan)

Da série Corações

Helê

 

Instantâneos de felicidade

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Bill Perlmutter, Carriage and Broom, Germany, 1955.
A alegria delas e a sorte do fotógrafo, ao captar esse momento, fugaz e feliz .
Helê

Escaldado

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(Do Pinterst)

Da série Corações

Helê

OITNB

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Sei que agora Orange Is The New Black não está mais bombando. Todo mundo esperando a quarta temporada e eu querendo saber o que vai acontecer na segunda, blé. Mas deve ter alguém, sei lá, no Sri Lanka, no mesmo ponto que eu; então, colega cingalês, vamos trocar informações sobre a série. (Os demais também podem, mas sem spoilers, pfvr, como digita minha filha).

OITNB segue o que me parece uma tendência no mundo das séries que é a narrativa não-linear, que te faz querer juntar as peças do quebra-cabeça. Não é novo nem garantido – Sense 8, pelo que me lembro também vai por aí; assisti uns capítulos com interesse, mas abandonei e não fez falta, nem me mais lembro de nada. Orange tem uma protagonista, Piper, com a qual não simpatizei de cara e nem depois – eu ainda não decidi se é o personagem, a atriz ou os dois. E o cara que faz o noivo dela é o menino de American Pie, eu não consigo leva-lo a sério, mesmo sem nunca ter visto nenhum filme da franquia. Com o desenrolar da trama você fica se perguntando se a ideia era exatamente essa, ou se, novamente, o problema é o ator.

Talvez seja proposital, porque há uma quantidade enorme de personagens muito mais atraentes, como a transexual Sofia, a fanática religiosa Tiffany, a ex-viciada Nikki, a instrutora de ioga ou sexy Alex e suas impecáveis sobrancelhas.  Mesmo entre ‘os de fora’ há sempre figuras interessantes como o irmão de Piper, desequilibrado como ela, mas de um jeito totalmente diferente. A série aborda questões pertinentes, tão contemporâneas quanto atemporais, como as relações de gênero e raciais. Há um equilíbrio oscilante e satisfatório entre o drama e o humor, alguns diálogos realmente bem-escritos (a freira dizendo para a trans que, se ela está satisfeita com seu corpo ainda não é uma mulher de verdade) e cenas bacanas, como a mãe voltando para prisão depois de dar à luz e as sisters cantando no episódio final.

Fui fisgada e vi os 13 primeiros capítulos em uma semana (14, na verdade: tive que ver o 1º da segunda temporada, num guentei). Acho que estava cansada de tantas investigações de crime e julgamentos; precisei dar um passo à frente e ir para onde vão os criminosos depois. Depois das provas incontestes de laboratório, das deduções inesperadas de investigadores dedicados, geniais ou sortudos; dos closing arguments brilhantes de promotores e advogados. Um lugar às vezes bem mais sombrio que o mundo do crime itself – embora a penitenciária em questão nem seja de segurança máxima (o 1º episódio da 2ª temp. mostra que pode piorar, sempre).  O gênero prisional também tem lá seus  chavões e clichês (assim como as séries hospitalares, policiais e jurídicas), mas o sistema carcerário americano tem forte apelo: é um lado inquestionavelmente fracassado de um sistema que se pretende exemplar, de uma sociedade que gosta de se considerar superior. Em meio aos comentários sobre o protagonismo feminino na série – real e muito bem defendido pelas intérpretes -, a crítica a um sistema inepto e cruel como as prisões americanas não deve passar despercebida.

Beijo pro colega cingalês, vamos juntos pra segunda temporada! :-)

Helê

Entressafra

Esse é um período árido e difícil  – e eu não me refiro a agosto ou ao inverno, mas à entressafra de minisséries. As novas temporadas só começam em setembro; inédito só Glee, que eu acompanho com a pequena, é a nossa série. É ruim em muitos aspectos, mas o personagem principal, a música, nos mantém ligadas.

Para suportar a ausência de Gregory House na minha vida, baixei algumas coisas na internet, enquanto seu doctor não vem. A já citada ‘The good wife’ tem bons diálogos,  como disse a Grazi, e eu  sou chegada a uma court room. Mas aquela mulé se descabela muito pouco pros meus parâmetros, viu? Muito pheena, praticamente uma Monix. Sigo vendo, sem empolgação.

De “How I met your mother”  só vi o primeiro; achei bacaninha mas com uma indisfarçável vontade de ser Friends”. ‘Hung’  me venderam como comédia mas tem mais angústia do que eu esperava. Na sétima temporada “Wil & Grace” já haviam já perdido a mão, mas Jack MacFarland e Karen Walker sempre valem a pena. “Entourage” e “Damages” ainda aguardam uma chance.

Até agora a boa surpresa foi “The Modern Family”. Divertidíssimo.  O casal gay que adota um bebê, o coroa que casa com uma mulher muito mais jovem cujo filho tem a idade dos netos dele; e até a versão standard , paimãetrêsfilhos: todos pertencem à mesma família – esse potente gerador de amor & neuroses  que, por isso mesmo, é uma fonte inesgotável de comédia.

Helê

Ficção & realidade

Parece mentira, mas deu na BBC Brasil:

Após namoro em asilo, idoso de 97 se casa com noiva de 87

Henry Kerr, de 97 anos, se casou com a namorada Valerie Berkowitz, de 87 anos, após cortejá-la durante quatro anos.(…) Kerr disse que quando pediu a mão de Valerie pela primeira vez, ela “caiu em uma gargalhada histérica”. Mas ela aceitou quando Kerr disse que não pediria novamente.

**

Já essa aqui eu vi na série de ficção “The good wife”, mas há tempos não vejo uma fala tão lúcida.

Não acompanhei, mas o imbroglio central da série é fácil de sacar: Alicia, a mulher traída que aceita o marido de volta em casa – mas não no coração – tem uma queda pelo ex-colega de faculdade e atual chefe. Na cena final, o amorzinho platônico correspondido resolve deixar de ser Pacato e virar Gato Guerreiro: liga para Alicia e, quando vai, afinal, se declarar, ela interrompe dizendo “eu preciso de um plano”. Ela explica: “A parte do romance eu entendi. Mas eu dois filhos, um marido… Poesia é fácil. Difícil é reunião de pais”. A cena, sensacional, está no iutúbis, of claro.

***

É isso aí, Alicia, poetry is easy!

Helê

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