(Na Etsy)
E “não publique nada na internet nesse meio tempo”, disse a Dani Arrais, num post de 2009 no Don’t Touch my Moleskine.
E não mande mensagem do celular, digo eu, em 2013. Porque, né? Quemnunca?
Antes o risco era estar relaxado em casa, tomando uma dose, achar que teve uma epifania e correr pro computador. Aí, mais uma dose é claro que eu tô a fim, você decide – por que não? – publicar seu pensamento incrível. Que no dia seguinte cintila como uma incontestável bobagem. Se em 2009 esse risco estava restrito aos blogueiros, ou à intimidade do e-mail, hoje não há mais limite. Agora, o vexame pode ser público e internacional: o advento do Feicibuqui multiplicou muito A Chance (lá em casa essa é a abreviatura de “Ó-a-chance-de-dar- merda!”).
Mais por curiosidade do que propriamente por receio, uma vez baixei um programinha que prometia evitar que você enviasse um e-mail quando estivesse alguns drinks acima do resto da humanidade. Instalei, entendi mais ou menos como funcionava e esqueci. Até o dia em que respondia um e-mail inocente para uma amiga, tarde da noite, e apareceram na tela várias contas para eu resolver antes de mandar a mensagem (você configura um horário para acionar a função). Confesso que nem era complexo, umas dez continhas (87-39; 59+-43) que tinham que ser resolvidas certas, todas, em, sei lá, 60 segundos. Olha, não sei você, mas pra mim funcionou que foi uma beleza: complicou de um jeito que, se tivesse bebido, eu teria dormido no primeiro “vai um”.
Pois é preciso urgentemente inventar algo semelhante para o celular, A Chance só piora. Como ele se tornou inseparável, você sempre tem à mão a possibilidade de se expressar livremente como só os bêbados fazem. Pode acontecer num dia em que você nem tinha programado beber, mas encontra uma amiga, conversa vai, chopp vem…. Entre inúmeros efeitos colaterais, o álcool aumenta exponencialmente a sinceridade. O sujeito bebe e fica muito sincero. De uma sinceridade insuportável. E desnecessária. Muitas vezes também fica emotivo. Aí manda um torpedo com o poder devastador de um míssil nuclear. No dia seguinte não se arrepende de beber, mas clama aos céus: “Por que não tiraram o celular da minha mão?!?!?!”
Bora inventar um aplicativo ou fazer um celular que já venha com bafômetro, e ao invés da Lei Seca a gente institui a Lei Muda. Você pega o aparelho, e só pelo seu agradável hálito de cevada (#sóquenão) o aparelho trava. Melhor: como bêbado costuma ser um bicho insistente, ele diz MENSAGEM ENVIADA – e em letras microscópicas: para um rascunho para vc ver amanhã se é isso mesmo que você quer dizer, seu mané. Podia pelo menos pedir uma confirmação, gente.
Helê
Atualizando: o sempre bem-informado Álvaro Barbosa avisa que tem um app chamado Drunk Text Savior pra quem tem Icoiso. Utilidade Pública Dufas.
Filed under: Opiniões Não Solicitadas |
inspiradíssimo,Helê..rsrs
e como diz o pessoal do À Gerência – Se Beber, Se Dirija…. rs
bjs
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Muito isso mesmo!!!!!
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Boa!
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Amei kkkkk
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O post, o post, hic, hic…
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Hele, isso está simplesmente espetacular, irretocável, perfeito! E nao é sinceridade de bebada! Vera, sóbria desde o almoço ao meio-dia e sacudida por Django Livre no intervalo.
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