27 de abril de 2006
Não é todo mundo que quer se casar. Não é todo mundo que quer fazer doutorado. Não é todo mundo que quer morar no exterior. Nem todo homem quer ser pai. Nem toda mulher quer ser mãe.
Algumas mulheres engravidam instantaneamente, em outras a ficha demora um pouco mais a cair – às vezes, só cai semanas depois do exame; outras vezes, semanas depois do parto.
Para algumas, a maternidade é um sonho acalentado desde a infância. Para outras, um susto, um medo, um desafio. Pode ser um desejo alcançado com dificuldade. Pode não ser nada disso. Pode ser muito mais.
Há mães que nascem junto com o bebê, imediatamente, apaixonadamente à primeira vista. Há bebês que precisam ensinar suas mães a serem mães. Às vezes, a maternidade precisa engatinhar antes de dar seus primeiros passos.
Nem todo mundo conversa com o bebê na barriga.
Não é toda mãe que ama à primeira vista.
Ser mãe é uma experiência única, irrepetível, inquestionável, impossível de descrever. Tão impossível que muitas mães acabam caindo na armadilha de falar apenas dos aspectos operacionais da coisa (que são complicados, isso todo mundo sabe). É que falar da transformação radical que se opera dentro da gente parece inútil – não há quem explique, não há quem entenda.
Nem toda mãe brinca com as crianças. Nem toda mãe quer ter mais de um filho – mesmo que ame profundamente o primeiro. Nem toda mãe tem todos os filhos que deseja – às vezes, mulheres também usam a razão, sabiam? Quase toda mãe acha seus filhos os mais bonitos do mundo (mas nem isso é regra geral).
Filhos não nascem para preencher a carência dos pais. Não nascem para cuidar da gente em nosa velhice. Não são garantia de felicidade eterna. Não vêm com o objetivo de nos ensinar, embora a gente aprenda muito mais com eles do que com qualquer outra pessoa.
Tenha filhos caso queira, necessariamente nessa ordem: amar, gerar, criar. Ou não.
Duas Fridas
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