Uma canção…

… para o fim de semana: É fim do mês, do malu belê Raul Seixas.

Bom finde pra geral.

Helê

Sobre filhos

Dia desses eu andava bem tristinha, e minha filha fez alguma coisa que me aqueceu. Não lembro o que foi – sorriu? apareceu na minha frente? existiu, apenas? Não me curou de todo, mas desenhou um caminho, fez entrar uma réstia de sol, empurrou um canto da cortina da tristeza me fazendo ver que a alegria continuava lá fora.

Então eu fiquei pensando nesse poder que os filhos têm de nos manter ligados à vida, esse fio terra com a esperança que eles são. Que não impede que a gente sofra nem garante felicidade eterna, isso é propaganda (enganosa) do dia das mães. Mas nos mantém conectados com o bem e o bom.

E passei a procurar metáforas, imagens pra esse bônus da maternidade. Pensei em âncora, mas me pareceu pesado demais. Antena também serve, mas a estética me desagrada. E aí pensei em pipa, esse objeto tão prenhe de poesia e ternura, e gostei. Imaginei que os filhos são aquela linha amarrada no nosso dedo, pra gente lembrar de ser feliz. Na outra ponta estão eles, como pipa no céu, acenando pra gente. E quando o amor deles se expressa e nos invade, aí somos nós a alçar vôo, livres e alegres como deveríamos ser sempre.

 

Helê

Pingos

*Nas últimas semanas soube de três amigos, antes solteiros convictos, que se casarão em breve. Cada um a seu modo e tempo, mas casarão. O que me fez pensar no slogan: “Casamento: você ainda vai ter um”.

*O melhor amigo do homem é o cachorro, como se sabe. Da mulher é o preto. O pretinho básico então, maior camarada, te deixa elegante sempre e às vezes quase magra.

*Oh, sim, as mulheres surtam, têm TPM, os hormônios e tal. Mas e os homens? Oh, claro, eles surtam sim, mas racionalmente, de um jeito muito razoável, parece até que não. Mas não se enganem: eles estão surtando. Deixa a Vaca aparecer aqui que a gente desenvolve melhor a teoria.
 

Helê

Qual o assunto que mais lhe interessa?

Ainda no terreno da música, mas agora falando de canções mais atuais: baixei o último cd da Elba Ramalho. Como não está entre os artistas que eu compro sem olhar – são poucos, na verdade – não quis arriscar.  Além disso a minha religião não permite comprar cd por mais de 20 paus, a não ser pra dar de presente. E então lá fui eu fazer pesquisa, que é uma das funções do download considerado ilegal.

Bom, mas se a Elba não figura entre os favoritos, porque o interesse? O título, mais uma vez, me arrebatou. “Qual o assunto mais lhe interessa?”, verso retirado da canção “Tempos quase modernos”, de Roberto Mendes e Capinam, é uma pergunta muitíssimo apropriada nesses dias em que vivemos bombardeados por informação. Um título instigante para um cd, moderno demais pra Elba, ou pra uma certa imagem que temos dela –  por isso mesmo bacana. E eu gostei bastante, viu, capaz até de comprar quando tiver um preço justo. Elba gravou com Pedro Luís, Gabriel o Pensador e também um samba antigo da Clara Nunes e uma toada de Elomar, “Novena”, além do mestre Lenine. Um ecletismo que foi meio modinha na MPB, mas um ouvinte mais atento já poderia ter percebido na Elba, que talvez só agora tenha podido explorar como quis. Sim, porque o disco é lançado por selo dela, sem uma grande gravadora por trás – informação que explica em muito este trabalho original e em certa medida, ousado.

Eu acho que a implosão desse esquemão das gravadoras só tende a ser boa pra artistas e público – pelo menos até que as empresas se reorganizem, porque o capitalismo não brinca em serviço, logo logo se apropria dessas novas ferramentas. Enquanto isso, acho que todo mundo vai se dar bem, ou pelo menos melhor que antes. Testando pra ver se é bom, experimentando pra ver se gosta, artistas e público, surpreendendo-se, estabelecendo novas relações. Isso muito me interessa.

No site da Elba você pode ouvir essa e outras canções do disco.

Helê

Pra alegrar a sexta-feira…

…e pra reparar essa falha na formação musical da minha sócia, curtam “A nivel de“, um clássico da MPB.
Bom finde.

A nível de…

(João Bosco e Aldir Blanc)

Vanderley e Odilon são muito unidos
e vão pro Maracanã todo domingo
criticando o casamento e o papo mostra
que o casamento anda uma bosta…
Yolanda e Adelina são muito unidas
e se fazem companhia todo domingo
que os maridos vão pro jogo
Yolanda aposta que assim a nível de proposta
o casamento anda uma bosta

Estruturou-se um troca-troca
e os quatro: hum-hum… oquêi… tá bom… é…
Só que Odilon, não pegando bem a coisa
agarrou o Vanderleu e a Yolanda ó na Adelina

Vanderley e Odilon bem mais unidos
empataram capital e estão montando
restaurante natural cuja proposta
é cada um como o que gosta.
Yolanda e Adelina bem mais unidas
acham viver um barato
e pra provar tão fazendo artesanato
e pela amostra Yolanda aposta na resposta
e Adelina não discorda
que pinta e borda com o que gosta

É positiva essa proposta
de quatro: hum-hum… oquêi… tá bom… é…
Só que Odilon
ensopapa o Vanderley com ciúme
e Adelina dá na cara de Yoyô
Vanderley e Odilon
Yolanda e Adelina
cada um faz o que gosta
e o relacionamento… continua a mesma bosta!

Helê

Nunca antes na história desse país

A frase já virou uma espécie de bordão do Lula. Lá no selviço virou foi piada mesmo, a gente sempre usa pra falar de qualquer novidade. Agora, eu realmente não me lembro, na vasta e recente história de tragédias nacionais, de ver um ministro de Estado pedir perdão aos familiares das vítimas, dentro da comunidade delas. E olha que foram muitas as oportunidades: chacina da Candelária, a de Vigário Geral, o massacre no Carandiru, os meninos de Acari, Eldorado dos Carajás. Evidentemente isso não exime o Estado de todos os outros deveres e obrigações, e como o Gabeira lembrou com absoluta correção n’O Globo de hoje, “Em qualquer lugar do mundo, o comandante do Exército teria pedido demissão após uma tragédia dessas“. Mas que foi um gesto raro, corajoso e digno, ah isso foi.

Jornal Extra, 18/06/08

Festas infantis modernas me levam a questionar se as futuras gerações serão capazes de auto-organização ou se vão depender para sempre de monitores.

Disse-o bem, Meg, disse-o muitíssimo bem

-Monix-

As fotas

Não agüenta mais ouvir a gente falar do aniversário de 4 anos, né? Então veja as fotas no Chatô das Fridas.

As Duas

Cinema, a melhor diversão

Estou numa fase cinematográfica – no sentido menos glamouroso e mais literal do termo: tenho ido ao cinema com freqüência e visto muitos dvds. Talvez porque estou numa fase pouco literária – tenho uma pilha de livros e revistas começados e inacabados na mesa de cabeceira.
***
No fim de semana, estranhamente, eu peguei dois dramas pra assistir – logo eu, que evito filme triste. Um foi altamente recomendado pela suprema Dedéia (alguém que sempre dá boas dicas, nas mais variadas áreas): “Na natureza selvagem” , dirigido pelo Sean Penn. Belíssimas imagens, história marcante, personagens envolventes, trilha sonora primorosa; vale a pena. O outro filme eu escolhi por dois motivos: pelo Benício Del Toro (suspiro duplo carpado) e pelo título, “As coisas que perdemos pelo caminho” (The things we’ve lost in fire). Eu já disse uma vez, de um bom título eu não escapo. Não li nada sobre, não sabia do que se tratava, mas o título ficou chamando por mim cada vez que eu ia à locadora, até que eu cedi. E não me arrependi. De fato é um filme triste, mas um bom filme – e no fundo só há dois gêneros de filmes, os bons e os ruins. Comparando com música, “As coisas…” é todo composto com notas graves, pra terminar num tom acima, apontando para o melhor – quase que o oposto do “Na natureza”. Também vale a pena, se você estiver disposta a lidar com perdas.
***
Também vi “Indiana Jones”, mas confesso que fazendo um esforço enorme pra não dormir. Nem sei dizer se o filme era ruim, acho que a sessão das 9 não foi uma boa escolha depois de um dia inteiro de trabalho. Na verdade eu não esperava quase nada do filme, que era pra mim apenas um reencontro com meu herói da juventude. Não precisava ser genial, nem mesmo excelente, era apenas um encontro com Dr. Jones e seu charme – talvez eu buscasse o mesmo conforto que as crianças, que gostam de ouvir a mesma história muitas vezes. Vendo Indiana lembrei-me de “Duro de matar 4”, que me levou ao cinema com o mesmo espírito, reencontrar o velho e bom (?) John Maclane. E nos dois há um personagem a relembrá-los da passagem dos anos, como um alterego sacanaeando os caras por nós.
***
Depois de um finde dramático, fui ver as meninas de “Sex and the city”, que ninguém é de ferro. Novamente, um reencontro sem expectativas com personagens com os quais tenho uma relação estabelecida. Apenas um episódio mais longo da série, e eu me diverti horrores – como sói acontecer quando reencontramos velhos e agradáveis conhecidos. Além de diversão, o filme também me comoveu, mas não nas cenas de amor, e sim nas várias cenas de amizade explícita que pontuam a história. A rede de proteção estabelecida entre essas mulheres (que parecem todas nascidas de chocadeira, aqui entre nós, porque família de origem nunca aparece), a solidariedade, o apoio e, porque não dizer, o amor entre elas foi emocionante pra mim, que assisti ao filme só, mas sentindo que não estava sozinha.

Helê

Sistema de pontuação para empregadas

Tempos atrás, numa roda de amigas-mães-que-trabalham-fora (engraçado persistir essa distinção ‘trabalhar fora’, não é?). Bom, como eu dizia: numa roda de mães trabalhadoras (ui, pior ainda!) alguém se descabelou pela empregada que faltou no primeiro dia da semana. Uma participante solidária e dramática sentenciou: empregada faltar na segunda-feira constitui crime hediondo.

Embora tenha morrido de rir, acho que ela exagerou um pouco. Mas a gente poderia instituir uma pontuação, feito na carteira de habilitação. E nesse caso, falta na segunda, sem avisar com antecedência, custaria 7 pontos na carteira, falta gravíssima!

Helê, obviamente numa 2ª desfalcada