Monix já disse com acerto que este que termina foi um ano estranho. Quando relembro as passeatas de junho o adjetivo faz todo o sentido. Afinal, foram milhares, milhões de pessoas nas ruas de todo o país e nem ao menos concordamos todos se, afinal, era ou não por vinte centavos. Não acho que o que aconteceu tenha sido inócuo; duvido, por exemplo, que em outras circunstâncias soubéssemos que lamentável fim teve Amarildo, por exemplo. Há consequências, impactos que somente com o tempo podemos perceber;outros tantos nem assim. Eu continuo intrigada com este movimento de início e fim tão imprevistos, quase como um espasmo social. Estranho. A melhor análise sociológica sobre o assunto, que pra mim está em os top 5 vídeos da vida, é esta:
http://youtu.be/VX3lz5ph8A0
Saindo do macro e reduzindo o raio de análise, 2013 parece não ter sido gentil com a maioria. Meus amigos começaram bem cedo a reclamar no tuintes, no feice e na mesa de bar que #táruimpratodomundo e #nãotáfácilpraninguém. Mas na real, todo ano eu ouço o mesmo discurso, muda apenas o ano e as gentes. Eu já vivi piores. Mas reconheço que deixou a desejar em certos aspectos; há muitas coisas que fiz bem menos do que gostaria, como ganhar dinheiro e beijar na boca, pra citar algumas.
Mas eu não posso falar mal de um ano em que eu fui a Paris. Non, mes amis, jamé. Ainda mais pela primeira vez (primeiras vezes vão escasseando com a idade, como se sabe; talvez por isso tornem-se ainda mais significativas). Cruzar sozinha o Atlântico, eu e minhas bagagens todas – emocionais, metafóricas, as mais complexas – cuidar bem de mim, me fazer companhia naquela cidade tão fascinante quanto nova, tudo isso teve um valor inestimável, bônus ao fato de ter vivido por quinze dias em Paris, esse lugar extraordinário. Já disse antes: a gente sempre viaja para fora e para dentro, e eu fiquei igualmente encantada com ambos os roteiros. E, como contei, apaixonei-me pela cidade despudoradamente, eu que havia sido até hoje fidelíssima ao Rio. (É bem verdade que após um clímax sempre vem uma rebordosa; talvez por isso a 2a metade do ano tenha durado 18 meses).
Por fim, eu não posso maldizer um ano em que voltei a correr – e fui além. A corrida me deu mais que um corpo mais magro e ágil – o que, convenhamos, não é pouco nem fácil -; correr me deu disciplina, gratificação, um norte, amparo. Alterou perspectivas, questionou velhas certezas, me fez recuperar medidas esquecidas e atingir metas improváveis. Antes de saber e poder explicar em palavras eu sinto a mudança, uma transformação num nível que é ao mesmo tempo físico e mental. Alterei um registro, virei uma chave. Essa foi a grande conquista do ano, a mais reluzente medalha. 2013: o ano em que me tornei uma corredora.
Portanto, eu me sinto muito grata pelo ano que termina. E talvez por isso, ou apesar, estou certa que 2014 pode e vai ser ainda melhor. É o que desejo, minha meta a ser perseguida. Porque uma das muitas coisas que a corrida me ensinou é que sempre pode melhorar, por mais difícil que pareça.
Feliz ano novo para todos nós, que a gente consiga nossos melhores tempos, em todos os sentidos.
Helê
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