Mais uma

… do 2 1/2-Months-To-New-Year’s-Resolutions Resolutions

Helê

“Vem amor

vem à janela ver o sol nascer

na sutileza do amanhecer

Um lindo dia se anuncia”.

Começa assim um clássico dos sambas-enredo, do tempo quem eles eram canções que permaneciam após o carnaval, meses, anos e décadas depois. E nesse tempo a União da Ilha do Governador foi das maiores colaboradoras para a coleção de sambas belos, poéticos e alegres . E ainda dava-se ao luxo de contar com a poderosa voz de Aroldo Melodia como intéprete (que se eu digo puxador o Jamelão puxa o meu pé de noite). Então curtam aí a música do dia do Calendário: Domingo, com o qual a Ilha ficou em 2º lugar no carnaval de 1977 (autores: Aurinho da Ilha, Ione do Nascimento, Ademar Vinhaes, Waldir da Vala).

Helê

Um filme de mulher

cristina-barcelona

Sei que quando Nora Ephron e Meg Ryan começaram a fazer, não necessariamente juntas, comédias românticas de sucesso, convencionou-se atribuir a esse gênero (sempre considerado um gênero menor, diga-se de passagem) a alcunha “filmes de mulherzinha”.

O último Woody Allen, no entanto, tem pouco de comédia, e menos ainda de romântica, e não sei se por isso mesmo, ou apesar disso, acho que posso dizer que não é um “filme de mulherzinha” – é um verdadeiro “filme de mulher”.

(A partir de agora, quem não assistiu o filme deve escusar-se de ler: contém spoilers.)

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O que torna Vicky Cristina Barcelona um filme diferente é o fato de que as mulheres estão fazendo o que os homens normalmente fazem. Cristina está vivendo aventuras amorosas totalmente inconseqüentes, buscando única e exclusivamente sua felicidade, sem pensar em amarras emocionais como filhos, casa, marido. Vicky, por sua vez, se sentia confortável com seu projeto amoroso, até que, num país estrangeiro, o conforto se torna desconforto. (Aliás, não é à toa que o filme se chama ‘Vicky Cristina Barcelona’ – ali, a viagem é mais que uma metáfora, é o próprio agente de transformação.) Os questionamentos de Vicky são todos aqueles tipicamente associados aos personagens masculinos: “não sei se caso ou se compro uma bicicleta…” Enquanto a noiva elabora seu incômodo com o compromisso que está prestes a assumir, o noivo é quem traz de volta a (incômoda) realidade: a compra da casa, os telefonemas em momentos impróprios, os amigos-casais (nunca indivíduos, sempre pares); até a decisão extrema de voar para Barcelona e casar com Vicky ele toma. Inverta os papéis e a história subitamente se tornará bem mais verossímil, pelo menos do ponto de vista cinemtográfico. Nesse sentido, o próprio personagem de Javier Bardem vai se “feminilizando” ao longo do filme, ou seja, se tornando cada vez mais emocional, enquanto Cristina, ao contrário, toma a decisão que um homem tomaria. Ela é protagonista da própria vida, ao contrário do que costuma acontecer com os personagens femininos, que de maneira geral são coadjuvantes. Há, ainda, uma terceira personagem, Judy, que funciona como contraponto a Vicky. Judy é, dos pés à cabeça, um personagem que faria sentido se fosse homem; sendo mulher, desestabiliza. Pense em todas as cenas de Judy, desde o primeiro comentário sobre Vicky (“o mestrado não precisa servir para nada, ela vai engravidar e pronto, sua vida ganhará sentido”), e imagine o marido dela dizendo ou fazendo tudo aquilo. Seria mais plausível.

Vicky Cristina Barcelona não chega a ser um filme feminista – pelo menos não segundo os critérios de Alison Bechdel, já que não contempla a terceira característica. Mas com certeza é um filme feminino.

-Monix-

Música para hoje

Como de costume, enquanto me exercitava hoje de manhã escrevi mentalmente alguns posts – parece que produzo prosa junto com suor e serotonina. Os que consegui lembrar eu rascunhei pra depois porque uma música ganhou o lugar de post do dia. Ela inaugura uma pleilist que há muito eu quero fazer, Calendário, com músicas que falam de meses, dias da semana, estações.

Pra começar então, Sexta-feira, do Biquini Cavadão (o pior nome de banda ever!):

Escute o que diz seu coração
Não fique em casa nesta sexta feira
Tome café com muita Coca-Cola
Não tenha medo de cair
nesta farra
Tenha relógio
sem ponteiros
Toque qualquer instrumento
Não sinta frio nem calor, não
Durma quantas horas puder por vez

Só fume quando beber,
Mas beba quando quiser

Escute o que diz seu coração
E ignore-o quando convier
Faça sempre o que der mais prazer
Escute a música que gosta de novo

Fale tudo que vier à mente
Minta sempre que for necessário
Dance, mesmo fora do compasso,
Cante totalmente desafinado

Só fume quando beber,
Mas beba quando quiser

Pois eu sou o assaltante da tristeza
E assim eu levo ela embora
Eu quero as mãos pro alto
Enquanto eu assalto
Toda essa tristeza agora!

Escute o que diz seu coração
Não fique em casa nesta sexta feira
Tome café com muita Coca-Cola
Não tenha medo de cair nesta farra
Pratique esportes só se for na cama
Mude de nome uma vez por semana
Nunca baixe a cabeça pra nada
Pois nada vale o preço de uma risada.

Boa sexta e bom finde pra geral.
Helê

Vocês venceram!

E o milésimo comentário foi…

Muuuuuuu!

Placar final:

Comentários 1.000 X Posts 191

Agora é rumo ao 200!

Oração

Give me a good digestion, Lord
And also something to digest
Give me a healthy body, Lord
With the sense to keep it at its best

Give me a healthy mind, O Lord
To keep the good and pure in sight
Wich seeing worng is not appalled
But finds a way to put it wright

Give me a mind that is not bored
That does not whimper, whine or sigh
Don’t let me worry overmuch
About that fussy thing called I

Give me a sense of humour, Lord
Give me the grace to see a joke
To get some hapiness from life
And pass it on to other folk

An ancient prayer from Glastonbury Abbey

Ou, numa tradução de pé quebrado (a segunda estrofe, principalmente, ficou meio ruim – ajudem, amigas tradutoras!):

Dê-me uma boa digestão, Senhor
E também algo para digerir
Dê-me um corpo saudável, Senhor
Com bom senso para mantê-lo em forma

Dê-me uma mente saudável, Senhor
Para manter em vista os bons e os puros,
Que não se assustem ao ver o que está errado
Mas encontrem uma forma de torná-lo certo

Dê-me uma mente que não se entedie
Que não se queixe, lamente ou suspire
Não me deixe preocupar-me em excesso
Sobre esta coisa espalhafatosa chamada ‘eu’

Dê-me senso de humor, Senhor
Dê-me a graça de enxergar uma piada
Para receber alguma felicidade da vida
E passá-la adiante a outra pessoa

Oração antiga da Abadia de Glastonbury

-Monix-

Momento gentileza

Antes de narrar o momento propriamente, é necessário apresentar o contexto, estranho aos não-cariocas e/ou aos que não têm filhos idade pra entrar na escola. Aqui no Rio existem três escolas públicas muito boas: o Pedro II e os colégios de aplicação, da Uerj e da UFRJ. Todos parecem ser bem colocados no tal Enem, têm boa estrutura, currículo e bons professores, e são gratuitas. Por aí vocês podem imaginar o que envolve a disputa por vagas. Para admissão na antiga 6ª série há provas que são verdadeiros vestibulinhos. Para o ingresso no 1º ano, o antigo curso de alfabetização, na impossibilidade de um teste sobre massinha II ou fundamentos do desenho a dedo, são realizados sorteios. Pelo que ouvi, o do Cap Uerj, reazlidado ontem, tinha cerca de 2 mil concorrentes para 30 vagas.

Pois eu estava lá, num teatro lotado de pais ansiosos, beirando a histeria. Então uma menina foi sorteada e o representante dela foi chamado. Minutos depois foi anunciado que, conforme o edital, aquele não poderia ser o representante da candidata, por ser menor de idade. Para minha surpresa, várias pessoas da platéria levantaram, imediatamente, prontificando-se a representarem a menina, já que o edital dizia que poderia ser qualquer pessoa maior de idade. Um gesto muito nobre, considerando que a eliminação da menina abriria uma vaga para o filho ou filha daquelas pessoas. Depois da consulta à auditoria jurídica, foi aceito um novo representante, e todo o teatro aplaudiu a decisão.

Nessas horas eu me comovo e acredito na humanidade.

Depois eu volto ao normal.

Helê

Ainda o mito (ou a mística)

E por falar em sincronicidade (tá certo, ninguém falou nisso, mas vamos em frente)… Bom, a conversa sobre o Mito da Maternidade (que já foi tema de um post nosso no blogue antigo) começou com uma resposta da Helê ao sempre polêmico Marcos VP:

Você parece ser um bom pai, VP, mas nunca foi mulher – não que eu saiba -,  e por isso não tem como dimensionar o tamanho e peso do Mito da Maternidade. Segundo ele, os filhos justificam os meios: ser mãe é a realização suprema e única para uma mulher. E disso nós, motherns, discordamos. Daí a deduzir que não gostamos de criança…

Aí veio a Carla Rodrigues e lembrou que o livro “A Mística Feminina”, da Betty Friedam (que eu nunca li), está completando 45 anos de publicação, indicando um ótimo resumo feito pela portuguesa Anabela Santos:

A mística ignora a identidade feminina; não considera outro modo de existência da mulher senão como esposa e mãe – “afirma que é possível responder à pergunta “quem sou eu?”, dizendo – “mulher de Tom, … mãe de Maria”.

Vejam só, continuamos falando das mesmas coisas.

-Monix-

A cidade e as serras (aterradas)

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Largo da Carioca, de 1608 a 1999

Não sei quanto a vocês, mas eu sempre tive enorme curiosidade de saber como terá sido a cidade antes de chegar a ser o que é hoje. Sei que foram feitos inúmeros aterros, sei do desmonte do Morro do Castelo, sei que a orla da baía chegava até a metade do que hoje chamamos Praça XV. Mas, como boa taurina que sou, tenho dificuldade de enxergar no plano abstrato, meu raciocínio é muito concreto. Por isso adorei esse site, que mostra em animações muito bem feitas as mudanças promovidas no espaço geográfico, dos tempos coloniais até os dias de hoje. Vale a pena conferir, especialmente se você conhece o Rio de Janeiro – mesmo que seja por cartão postal.

-Monix-

Suderj informa:


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Permanece a questão: o que virá primeiro, o 200º post ou o milésimo comentário?

Helê