Record Store Day

Pois é, soube que hoje celebra-se este Dia das Lojas de Discos – só mesmo eu, a Guardiã das Tradições Recentes, pra descobrir uma data que foi criada há apenas dois anos. Mas o fato é que a motivação pra criar uma efeméride como essa é algo absolutamente impensável pra mim, uma pessoa do século passado. Jamais imaginei que as lojas de discos pudessem ser ameaçadas de extinção, pois como se ouviria música sem disco? Podíamos ouvir no rádio, claro, mas como se apoderar dela, levá-la pra casa, ouvir e repetir à vontade, ler as letras, apreciar a arte do encarte? (Porque em 1900 e guaraná com rosca, gente, loja de discos vendia elepês (e não compact disc) que traziam encartes que vinham junto com o disco e eram um passe livre para a criatividade dos designers, podendo estampar fotos, ilustras, desenhos, formatos mis).

Naqueles tempos, os discos demoravam a chegar – aliás, tudo demorava a circular, sobretudo informação. Então a loja de discos era um local de troca de figurinhas sobre música que acabava aglutinando tribos (quando elas nem eram chamadas assim). Se a dona Memória não jogou fora esse trapo[1], acho que um filme que ilustra bem isso é o Alta Fidelidade, não é nesse que o John Cusack é dono da loja em que trabalha o Jack Black?

Bom, talvez essa seja uma causa perdida – a começar por este post, que ninguém visita esse blogue no sábado, muito menos num feriadão – e o avanço do formato mp3 seja inexorável, extinguindo a curto prazo o cd e as lojas que o comercializam. Mas hoje vou aderir ao movimento, se meu orçamento permitir, comprando um cd numa loja e pensando sobre o tempo, música e mudanças.

Kid Vinil, cujo sobrenome garante que entende do que fala, escreveu sobre a data em sua blogue.

Helê


[1] “A memória é uma senhora velha e louca que joga fora comida e guarda trapos coloridos”, como me ensinou minha amiga Maria João Amado.