Dá um tempo

O tempo não é linear. O tempo não é circular. O tempo passa aos saltos.

A gente vai vivendo naquele ritmo previsível, um dia após o outro,  vida passando devagar e sempre, e de repente a gente olha para trás e uma década se passou.

Quando alguém diz “dez anos atrás”, eu penso automaticamente em 1990. Aí me cutuco, acordo e lembro que dez anos atrás se refere a 2000.

Eu ainda sou da geração que considerava o ano 2000 um futuro distante, e não um passado remoto. Quando queríamos dizer que algo não ia acontecer tão cedo, dizíamos que só ia ficar pronto depois do ano 2000. Pois bem, já estamos depois do ano 2000. Bem depois. Meu carro não voa e nem minha empregada é um robô, os dias simplesmente continuam passando, um sucedendo o outro, como sempre foi e como sempre será.

-Monix-

Post scriptum: fui procurar uma imagem dos Jetsons para ilustrar o texto, e encontrei esta ótima do carro voador num post que fala sobre o outro lado do que eu estava dizendo: We Are The Jetsons. De certa forma, nós somos, também. (Trilha sonora mental: eu quero dizer / agora o oposto do que eu disse antes… Coerência, não trabalhamos com.)

Post pronto

Pegando carona na máxima que diz que o Brasil é o país da piada pronta, o carnaval é um manancial de posts prontos. Basta chegar na esquina e observar. Ou nem isso: passar os olhos na interminável listagem de blocos já garante um post e vários sorrisos. Os nomes podem ser inclusive categorizados.

Comestíveis: Azeitona sem Caroço; Banana no bacalhau, Banda Cultural do Jiló

Convidativos: Aperta que eu gosto, Imprensa que eu gamo, Vem nim mim que eu sou facinha, Se me der eu como, Me beija que eu sou cineasta

Intrigantes: Geriatria e Pediatria

Explícitos:  Fogo na cueca, Pinto Sarado, Balanço do Pinto, Perereca Imperial

Derrotados: Rola preguiçosa; Cachorro cansado

Autoexplicativos: Os imóveis; Concentra mas não sai, Me enterra na quarta

Trocadilhos: Feliz da Vila, Benjamim no Escuro (de integrantes da Benjamim Constant, escola pra deficientes visuais), Eu Choro Curto mas Rio Comprido (Rio Comprido, bairro carioca próximo à Tijuca), Seu Lagarto mama

Confessional: Já comi pior pagando

Inquisitivos:  Que merda é essa?, Voltar pra quê?

Onomatopaicos: Tchetcheca, Bloco do Uhhhhhh!

Sinceros: Porre certo, Desculpa pra beber, Só o cume interessa

Educados: Qual seu preço, meu amor?

Impossíveis: Virilha de minhoca, Perna de cobra

Poéticos: Simpatia é quase amor, Sorri pra mim

Me engana: Meu bem volto já, Meu amor eu vou ali

Adversativos: Assa o pão mas não queima a rosca, Envergo mas não quebro, Chupa mas não baba, Regula mas libera, Pinta mas não borra

Promessas: É pequeno mas vai crescer, É pequeno mas balança

Condicionais: Me dá teu gancho que eu te mostro o meu pivô

Motivacionais: Empurra que entra

Aceitamos  contribuições.

Helê