Revoluções por Minuto

Outro dia eu estava conversando com meu pai e meu irmão sobre as transformações que aconteceram ao longo do século XX, destacando o quão impressionantes foram a mudanças que ocorreram entre 1960 e, digamos, 1975. Em 15 anos, aconteceram várias revoluções, que mudaram quase tudo.
Meu filho estava escutando a conversa e, curioso como ele só, já quis logo saber do que estávamos falando.
Aí nos demos conta do quanto o que dizíamos era verdadeiro. Porque olha, é difícil até de explicar para uma criança de nove anos, um nascido no terceiro milênio, o que representaram as mudanças de comportamento que aconteceram – simplesmente porque ele não tem referência nenhuma do paradigma anterior. É preciso começar do começo.
Expliquei a ele que antes das revoluções dos anos 1960, a vida das pessoas era completamente diferente do que é hoje. Os homens trabalhavam, as mulheres cuidavam dos filhos e da casa. Por isso, era muito difícil (na verdade era proibido) os casais se separarem quando não estavam se sentindo felizes com o casamento, pois as mulheres dependiam dos maridos para se sustentar. As crianças e os jovens não tinham direito a tantas opiniões como hoje. As escolas eram separadas: meninos aprendiam em um lugar, meninas em outra (sendo que o próprio conteúdo ensinado a cada um deles era diferente também). As roupas eram mais formais – as pessoas usavam chapéu para sair à rua -, e, de maneira geral, as relações também. As pessoas trabalhavam a vida inteira em um mesmo lugar. Havia profissões menos aceitas socialmente, como por exemplo ator, músico, jogador de futebol. (Nessa hora ele realmente se espantou.)
Contamos para ele o quanto o ano de 1968 foi importante para marcar todas essas mudanças, quantas coisas aconteceram nessa data meio mística, o ano que (ainda) não terminou. E de repente me dei conta de que 2011 talvez seja um ano com impacto semelhante, quando formos pensar sobre ele daqui a uns anos: a Primavera Árabe, os London Riots, o movimento Occupy Wall Street… em vários centros importantes da geopolítica mundial, o sistema deu sinais de que mudanças estão vindo. E quando meu filho entendeu enfim sobre o que estávamos falando, a conclusão foi imediata: “mãe, então o twitter serve até para fazer revolução!”
-Monix-